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domingo, 28 de março de 2010

3 - Quinta do Covelo - Paranhos - Porto

Ao fundo da minha antiga rua - Visconde de Setúbal, em Paranhos - há uma Quinta cheia de história. Chama-se do Covelo, mas também já se chamou do Paranhos. Eram os nomes dos seus proprietários. Também já pertenceu à Misericórdia, ao Estado Português e à Câmara Municipal do Porto, o seu dono actual.Um dos herdeiros do Paranhos ia ao "meu" barbeiro ali na rua, onde iam quási todos os moradores. Vi-o algumas vezes.
Teve dentro dos seus muros o primeiro campo de futebol do velhinho Salgueiros "ex-libris" da grande freguesia de Paranhos, durante a década 20/30 do século passado. Meu pai falava dos inúmeros jogos grandes que ali ocorreram. A Quinta era uma mata, que os Salgueiristas e a Freguesia recuperaram, após o abandono que as Lutas Liberais provocaram. História grande estas lutas entre os irmãos D. Miguel, o Absolutista, e seu irmão D. Pedro IV, o Constitucionalista, no séc. XIX
Dessa guerra fraticida, nesta Quinta, ponto fulcral para reabastecimento das tropas, ficaram os destroços da Casa e da Capela.
Quando o Estado Português tomou conta desta área de cerca de 9 ha, pensou construir um Hospital. Isso passou para trás e a Câmara recuperou um espaço verde, criou estufas e uma quintinha para que as crianças possam saber um pouco mais sobre a natureza. Há também desde há um ano um Parque Infantil.
Estas duas fotos, que apanhei no espaço de Arnaldo Soares (a quem contactei, a pedir autorização de publicação, atravez de http://paginas.fe.up.pt/ mas que nunca tive resposta), mostram já a degradação da Casa da Quinta e Capela no início do século XX.
Ora aqui vai um recadinho para a nossa Câmara. Se o espaço interiormente está recuperado, aproveitado e desenvolvido, porque não recuperar a história daquelas pedras que são tantas ? E quem sabe se na Casa, um pequeno bar de apoio não seria uma solução viável, não só para os utentes diários dos espaços de lazer como para promover eventos ?

2 - Porto - Edifícios com história - Freguesia da Sé

Quem vai da Sé para a Batalha, atravessando a antiga Avenida da Ponte, (mudou tantas vezes de nome que agora nem sei como se chama), entramos na Saraiva de Carvalho e logo deparamos com o Largo Primeiro de Dezembro e uma série de edifícios que marcaram a história da cidade.
À direita, Património do Estado, aparece-nos o que foi o antigo Convento (ou Mosteiro) de Santa Clara de meados do séc. XV, que esconde ao fundo a Igreja, digna de visita e não só por causa da magnificiencia da sua talha dourada. Recuperado todo o edifício, hoje alberga um centro de saúde e uma instituição de cariz social e outros organismos públicos. Atravessando a porta que nos leva à Igreja, à esquerda cruzamos outra porta e podemos percorrer por dentro o que resta das Muralhas Fernandinas aqui nesta zona. A não perder, pois a paisagem é de sonho e quási agarramos a Ponte D. Luíz I. Os telhados dos Guindais estão logo ali por baixo de nós.
A zona é a dos Guindais e a Rua Arnaldo Gama, onde se podem observar parte dos panos e dois dos torreões das Muralhas.
A seguir temos o Largo Actor Dias, iniciando um trajecto até às Fontaínhas, com vistas magníficas sobre o Douro e a Serra do Pilar.
Mas estamos centrados na história da Cidade nesta zona e encontramos o Recolhimento da Porta do Sol, hoje uma universidade privada. Construído numa das entradas da Cidade junto às Muralhas Fernandinas, A Porta do Sol, recolheu as crianças orfãs motivado pelo Desastre da Ponte das Barcas, aquando das invasões francesas no ano de 1809. A Capela é posterior a esta data, bem como a ampliação do edifício.
Do outro lado, aparece-nos o Palácio dos Condes de Azevedo do séc. XVII/XVIII, comprado pelo estado em 1887 e que alojou serviços públicos. Não sei se ainda aloja alguma coisa, tal o estado de degradação em que se encontra. Uma vergonha. Faz parte do Roteiro do Património Arquitectónico da Câmara Municipal.
Separado pela Rua Portas do Sol, encontramos o antigo Edifício do Governo Civil.
Construído no final do séc. XVIII, no local onde foi demolida a Muralha Fernandina, era destinado para funcionamento da Casa Pia, que nunca chegou a ser criada. O edifício alojou desde então diversos serviços públicos, entre os quais o Governo Civil. Faz também parte do Roteiro, mas infelizmente é mais uma vergonha da cidade, tal o estado de degradação.
A Rua Porta do Sol, com o Teatro Nacional S. João, na Batalha, ao fundo. Esta rua separa os dois edifícios antes referidos e como se pode ver o seu estado é triste.
Pesquisas feitas na Wikipédia e Portal da Câmara Municipal do Porto

quinta-feira, 25 de março de 2010

1 - A Estátua do Porto

Conheci bem novo, pela mão de meu pai, esta estátua a que ele chamava o Soldado Porto, localizada junto às Muralhas Fernandinas nos Guindais e posteriormente no Bosque do Palácio de Cristal, junto ao Torreão a que o Portuense chama Castelo. Curiosamente, ela hoje está de costas voltadas à Cidade, mesmo por detrás do edifício que pretende ser a reconstituição da primitiva Casa da Câmara ou dos 24. Uma vergonha.Em cima, pormenor da Estátua e em baixo a sua colocação nas traseiras do pseudo edifício da Casa da Câmara ou dos 24 Resolvi pesquisar a origem desta estátua e encontrei apenas um artigo no Jornal de Notícias de 5 de Dezembro de 2004, cujo autor infelizmente desconheço, mas não andarei longe se disser que é do Germano Silva.
Não sei se houve um Soldado Porto. Mas esta estátua a que me refiro, foi mandada construir para ser colocada nos antigos Paços do Concelho em 1819, o qual se encontrava entre o que é hoje a Praça da Liberdade e a Avenida dos Aliados, tendo sido demolido para a abertura desta avenida. Foi seu autor o mestre pedreiro João Silva, de Pedrozo (presumo que actual Pedroso, Vila Nova de Gaia)


Antiga Praça Nova, com o edifício dos Paços do Concelho em fundo. Se ampliarem a foto, vê-se nitidamente a figura estatuária do Porto. Foto roubada do blogue http://www.brisadareosa.blogspot.com/


Voltando ainda à Estátua, deixo aqui parte do artigo acima referido, para quem gostar destas estórias:

Quando a Câmara comprou o edifício da Praça Nova (actual Praça da Liberdade), para nele instalar os seus serviços, e mandou proceder aos necessários arranjos, foi decidido que no cimo do frontão do edifício, como remate, seria colocada "uma jarra de pedra", como muitas outras que embelezam as frontarias de outros edifícios, com a diferença de que esta devia atingir proporções fora do vulgar, dada a imponência da fachada em causa. Mas em vez da jarra acabou por se optar, não se sabe com que fundamento, por uma estátua. Houve quem visse nesta opção um propósito de reabilitar a antiga figura do "Porto" a que alude Garrett no "Arco de Sant'Ana".
... recordamos aqui o trecho em que se alude à estátua "... cá estamos junto à veneranda estátua do velho Porto que, rodeado de assopradas tripas, olha, como do próprio trono, para sobre os domínios da sua jurisdição..."
O enredo do romance em causa remete-nos para o Porto do século XIV e a estátua estaria, por essa altura, sobre a porta do Matadouro Público, o "Açougue Real", que ficava junto ao Castelo da cidade, ou seja, em pleno Bairro da Sé, sensivelmente onde é hoje o Largo de Pedro Vitorino.
Vários estudiosos da história do Porto, entre os quais se conta o dr. Magalhães Basto, admitem a hipótese de a estátua a que alude Garrett ter inspirado a figura do "Porto" que foi colocada no cimo do edifício da Praça Nova. Mas não há documento que o garanta.

Lido isto, bom seria que a Câmara Municipal colocasse a Estátua do Porto num local condizente com a sua estória. E valham-nos todos os autores que nos dão a conhecer belas peças sobre a nossa cidade.