Pesquisar

terça-feira, 25 de maio de 2010

18 - A Rua Mouzinho da Silveira na Cidade do Porto

Tive desde pequeno um fascínio por esta rua. Talvez porque era o caminho obrigatório em alguns passeios de domingo com meus pais até à Ribeira; talvez porque a minha avó escolhia esta Rua para ir comprar o Sável à Ribeira; talvez pela admiração que sentia pelas casas comerciais; talvez por ser o local de entrada e saída do autocarro que me levava e trazia quando ia às Casas (Caves como agora se diz) do Vinho do Porto, entregar encomendas de rótulos para as garrafas. E que passeio era...
O certo é que o fascínio me levou a estudar a Rua.
Começou por ser um projecto de João Almada em 1872 para expandir a cidade para Norte e que ligaria a Praça do Infante ao Convento de S.Bento de Avé Maria, demolido já nos finais do século e princípios do séc. XX, para dar lugar à actual Estação de S. Bento A planta do projecto a que eu juntei umas cores e referencias para melhor entendimento.
Clicando em cima será ampliada.
O início da Rua, no Infante e que a levaria até largo de S. Domingos, numa segunda fase.

A primeira fase de construção ligava a Rua de S. João a S. Bento. A rua tem 19 metros de largura, uma das artérias mais largas da cidade. Foi preciso demolir muito património, tanto particular, como religioso e urbano.

Entroncamento com a Rua da Bainharia, à esquerda e Largo de S. Domingos. Um pouco mais abaixo, junta-se a Rua de S. João, vinda da Praça da Ribeira

O Largo de S. Domingos visto da Rua da Bainharia. Aqui existiu um Convento desde o séc. XIII, que foi consumido por vários incêndios. Numa parte não atingida ficou instalada a filial do Banco de Portugal, que também acabou por ser demolida para dar lugar à Rua Ferreira Borges que vai ter ao Palácio da Bolsa.
Existia também por ali a Igreja e Hospital de Santo Izidro, demolida por causa da Rua do Mouzinho. Recuperada, pelo menos uma parte, foi instalada na actual Rua de Santos Pousada.

Vista de uma parte da Rua em finais do séc. XIX ou princípios do séc. XX.

Já vinha sendo privilegiado o conjunto arquitectónico em detrimento do individual. São dessa época quási todos os edifícios que compõe a Rua.

No nº 182 existe um edifício em Arte Nova que posteriormente sofreu adulterações. Presumo que é o que se vê em degradação. Faz esquina com a Rua da Bainharia.
Por baixo da rua corre o Rio da Vila, que foi encanado em 301 m. O aqueduto tem 2,5 L e 3,25 A.
Existia uma ponte em pedra já referenciada no séc. XVI que o atravessava e que se chamava Rua da Ponte Nova, que ia até meio da Rua da Bainharia. Também sofreu a demolição.

A Rua da Bainharia, ladeada por dois edifícios em degradação, vem agora até Mouzinho da Silveira. O da esquerda onde esteve a antiga Hospedaria Mouzinho está a levantar polémica, não pelos bonecos que tem colocados nas janelas mas por algo mais grave. Aliás, toda esta zona e o PORTOVIVO estão a levantar muitas polémicas. Mas adiante.

Esta é a Rua da Ponte Nova, agora uma pequena artéria, que atravessando a Rua das Flores subia até ao Olival (hoje Cordoaria). Numa das casas, identificada com uma placa, nasceu o pintor Silva Porto. E tema para mais um polémica.

Vista para Sul. Foi a maior intervenção urbana até meados do séc. XX. Para além do seu activo comércio, a facilidade de deslocação desde a Ribeira até S. Bento, foi de grande importância para o abastecimento das regiões rurais de Douro e Minho.
Do lado direito, sentido S/N, encontramos vários edifícios recuperados.

No centro deste correr, no nº 228, está o edifício que foi o Banco Aliança., mais tarde fundido com o Totta.

As traseiras deste correr de edifícios que dão para a Viela do Anjo e para o actual Largo do Duque da Ribeira. Não encontrei nenhuma referencia a esta torre.
Mais umas traseiras. À direita encontram-se umas escadas que dão directamente para a Rua Mouzinho da Silveira, passando por baixo de um dos edifícios.
Mais acima, estava o Largo de S. Roque ou do Souto vendo-se ainda vestígios dele, como o muro que sustenta a Rua dos Pelames, bem lá no alto. Existia uma Fonte Monumental e a capela de S. Roque, erigida para substituir a que se encontrava no Largo da Sé, (será essa a que se referia Almeida Garrett no seu "Arco de Sant'Ana" ?) arruinada aquando do Terramoto de 1755.

Para remediar a distribuição de água à população, a Câmara mandou colocar este chafariz em 1920.
O casario no alto da penedia.

Do Largo do Souto podemos ver o fim da Rua Mouzinho da Silveira e para o conseguir, foi destruído mais um pedaço das Muralhas Fernandinas bem com uma das Portas, a dos Carros, que dava acesso à Cidade.
Logo a seguir, vamos encontrar a Fonte inaugurada nos anos 60 do séc. passado, construída um pouco ao estilo da que foi demolida.
Novas intervenções, também estas envolvidas em polémica, e logo ali a Estação de S. Bento.
Por leituras feitas por aí, parece que não houve muito cuidado com os achados arqueológicos que se encontraram aquando da abertura da Rua. Ninguém sabe para onde foram. Embora tenham sido registados por vários estudiosos.
Só se espera que agora não suceda o mesmo. É que parece ninguém gostar do PORTOVIVO, entidade camarária que trata destes assuntos de intervenção urbana. Nem população, nem arquitectos, nem comerciantes.
Por agora fica uma pequena estória desta rua de que eu muito gosto.
Compilei estes textos nos sites da Câmara Municipal do Porto, PortoVivo, Wikipédia e também no http://www.portoantigo.org/ e http://ssru.wordpress.com/






















domingo, 23 de maio de 2010

17 - As Fontes e Chafarizes do meu Porto

As minhas andanças levaram-me a descobrir pequenas e grandes maravilhas que são as Fontes ou Chafarizes, "equipamento urbano" espalhado pela Cidade. Alguns já conhecia e olhava para eles como "boi para palácio". Outros, passava e nem me apercebia que estavam ali por alguma razão. Já foram muito úteis. Hoje são uma preciosidade e é gratificante descobrir as suas origens, embora não me tenha sido possível ir mais além por não encontrar quaisquer referências a alguns deles. Chafariz do Anjo S. Miguel, do séc. XVIII, da autoria de Nasoni. Está junto à Sé Catedral encostado à Casa do Cabido.
Semi-circundado por uma grade de ferro forjado, com as mesmas características do que foi muito utilizado nas varandas dos edifícios da Cidade na época, tem um relevo em mármore incrustado na parte superior da bica.
A rematar o conjunto uma pequena escultura representando o anjo S. Miguel, em pedra de Ançã.
Chafariz da Rua Chã. Li apenas o ano da sua fundação - 1635 - sem mais referências. Nem sei se foi sempre este o seu local de origem. Está situado no Largo da Rua Chã entre as Ruas de Cimo de Vila e do Cativo, local por onde passava a medieva Muralha Fernandina.
Fonte no Jardim de S. Lázaro. Séc. XVI. Pertenceu ao extinto Convento de S. Domingos que se situava próximo do Largo que ainda mantém o mesmo nome.
A taça e o restante conjunto é um trabalho em mármore de grande beleza.
Fonte da Colher. Localizada na parte baixa de Miragaia, é provàvelmente a Fonte mais antiga da Cidade. Construída em 1491 custeada com uma parte dos impostos (medidos por uma Colher) sobre as mercadorias de géneros alimentícios que entravam na Cidade, foi reconstruída em 1629.
Nesta placa, por cima da Fonte, indecifrável aos olhos de um leigo, deve estar indicada a referencia à reconstrução.
Estava soterrada e só foi descoberta aquando das obras de construção da Alfandega Nova, por volta de 1871. Há quem diga que não, mas eu não estava lá e não sei mais. Foi restaurada em 1940
Esta foto dos princípios do séc. XX mostra a diferença antes do restauro.

Ainda em Miragaia, no limite com a Vitória, está a bela Fonte das Taipas, localizada na rua do mesmo nome, veio substituir, embora não sendo a original, que se encontrava nas Virtudes, a qual tinha espaço para colocar as roupas das lavadeiras a secar bem como banquinhos para elas descansarem. Esta é de finais do séc. XVIII.

Fonte de Neptuno. Nome de milhentas fontes espalhadas pelo mundo. Não lhe encontrei referências especiais. Está localizada na parede lateral, voltada para os Clérigos, da antiga Cadeia da Relação (onde hoje estão instalados os serviços do Centro Português de Fotografia), digna de uma visita. O Edifício e o Centro. Por cima encontra-se uma varanda com janela que dá para a Capela onde os condenados à morte passavam a última noite.
Uma foto de cerca de 1900 não nos mostra claramente se a Fonte já estaria colocada no local actual. Presumo que a Fonte veio de um outro lugar. Mas repare-se no pormenor da referida varanda e janela.

Chafariz das Virtudes ou Fonte do Rio Frio. Construída para aproveitamento das águas de várias minas em 1619, é Monumento Nacional. Está localizada em Miragaia, encostada ao que foi o Horto das Virtudes do qual, creio, foi seu último proprietário Moreira da Silva - o mesmo senhor de Campanhã - por quem meu pai tinha imensa consideração e amizade pela família. A enorme Pera gravada no muro, nunca mais a esqueci. Acabou por ser retalhado e hoje é um Jardim. Por três ou quatro vezes tentei visitá-lo, mas sempre fechado.
Mas isso é tema para outras conversas, pois agora estamos a tratar da Fonte ou Chafariz, mas pouco mais há a dizer, a não ser que foi vandalizado e a imagem da Santa que existia no seu nicho roubada. Mas isso há dezenas, ou quem sabe, centenas de anos.
Mais uma imagem antiga com mais de 100 anos, que mostra já a degradação da Fonte.Hoje todo o conjunto está muito melhorado. No séculos XIX, toda a zona envolvente das Virtudes era o passeio da élite portuense, em detrimento de S. Lázaro.
Fonte do Bicho. Quási paredes meias com a Igreja de Miragaia, foi construída no séc. XIX junto a um Hospital - não sei se de ingleses ou de mareantes, pois os escritos que li são meio difíceis de entender - que recebia água de excelente qualidade. Foram os proprietários obrigados a distribuir a água pela população, que sai (saía) em bica pelo boca do "Bicho", que alguém presume ser um golfinho. Logo, presumo eu, toda a estória tem a ver com mareantes. Ou não fosse Miragaia desde tempos remotos, terra de gentes voltadas para o Rio (Douro, pois claro) e para o Mar.
Pormenor da Fonte

Regressando à Sé, descendo para os Grilos, vamos encontrar a Fonte de S. Sebastião ou Chafariz da Rua Escura.Construído no século XVII na Rua Escura, foi transferido em 1940 para o local onde actualmente se encontra. É composto por um tanque e um pano de fundo em que sobressai um pelicano ladeado por duas figuras femininas. O conjunto é encimado pelas armas reais portuguesas.
Esta velha foto da Fonte, cujo ano desconheço (encontra-se no site dos SMAS/Porto) parece-me que foi obtida no local primitivo.

Regressamos a Miragaia e encontramos esta Fonte, num pequeno largo junto às Escadas dos Judeus. Está em recuperação já há uns anos. Esta foto tem uns dias. Foi transladada do velho Mercado do Peixe que existiu onde se encontra desde meados do séc. XX o Palácio da Justiça, na Cordoaria. Descobri-a há cerca de 3 anos e continua na mesma, incluindo o lixo que se está no largo, junto a umas pedras que ou me engano muito ou são achados arqueológicos do tempo dos Judeus que habitavam esta zona.
Vamos ver se consigo alguma informação futura

Fonte de Hulsenhos. Mandada construir em 1907 por uma benemérita, para bebedouro de animais ficou ao cuidado da população. Ainda está activa, mas funcionando com as torneiras tradicionais. Mais uma fonte em Miragaia quási no limite com S. Nicolau.

Esta Fonte no Largo do Souto, junto a Mouzinho da Silveira, foi construída em 1920, para remedeio da população. Aqui existiu, segundo as crónicas do tempo, uma praça magnífica com uma fonte monumental. A praça começou a alterar-se com a construção da Rua Mouzinho da Silveira e foi totalmente (ou quási) destruída, para a construção de edifícios. Digo quási, porque ficou até aos nossos dias um muro medievo que se vê por detrás da fonte e sobe até ao alto dos Pelames. A Fonte Monumental foi desmantelada, não sabendo eu se as pedras foram guardadas.
Anos mais tarde, em Junho de 1966, após terem sido desalojados os estabelecimentos comerciais, a Câmara mandou reconstruir a fonte, chamada agora de Mouzinho da Silveira, tentando manter configuração semelhante à anterior (primitiva). Será que com as mesmas pedras ? Esta fonte de grandes dimensões, toda em granito trabalhado e de forma semi-circular, está inserida num paredão de granito que sustenta a Rua dos Pelames, que passa num plano bastante superior. À direita vê-se o início da Rua do Souto.
Impossível, ou quási, uma vista completa da Fonte, derivado ao intenso movimento rodoviário especialmente de autocarros. Mas é simplesmente espectacular todo o conjunto.

Termino esta série com uma Fonte entre a Cantareira e Sobreiras, voltada para o Rio Douro. Não consegui descobrir qualquer referencia sobre ela. Apenas sei, que mesmo com os mequinhos, é um parque de estacionamento não autorizado. Mas quem liga para isso ? A foto parece "partida" e na realidade assim é, para evitar que se reconheçam os automóveis ali estacionados.
Estas Fontes e ou Chafarizes, foram utilizadas para abastecimento de água à Cidade do Porto. Há algumas mais nos seus locais de origem ou próximos. Outras, muitas, foram removidas para o Parque dos Serviços Municipalizados de Águas (SMAS) em Nova Sintra. Que merece uma visita.
Um dia destes será tema para umas estórias mais sobre Fontes.
Notei uma coisa muito boa. Quási todas as fontes tinham o registo dos vândalos que sujam tudo com tintas. Agora estavam imaculadamente limpas. Sinal de que os serviços públicos andam atentos.






























sábado, 22 de maio de 2010

16 - O Morro de Pena Ventosa e a Muralha Primitiva do Porto

Penaventosa era um morro onde hoje se localiza a Sé Catedral e já li, literalmente, como o Monte dos Vendavais. Seria um crasto da idade do bronze. Desenvolve-se com a romanização provàvelmente muito antes do séc. IV A.C. Mas a cidade é destruída pela invasão árabe no séc. VII, não sem antes de vários outros povos, suevos e vândalos, que por sua vez serão "comidos pelo visigodos, terem expulso os romanos.

A cidade foi tomada, assim como todo o norte, no séc. IX por Vímara Peres.

Todo este introito para convidar a mais um passeio, este pelas zonas onde existiu uma muralha ou cerca, a que os povos desse tempo chamaram primitiva ou velha. Presume-se que seja românica ou sueva. Resistiu aos poucos até meados do séc. XIX. Hoje existe apenas um cubelo, devidamente preservado, na esquina de Vandoma e a Avenida Vimara Peres, a 100 metros do tabuleiro superior da Ponte D. Luíz.
Então vamos ao passeio, que é mesmo só pelas ruas que ainda guardarão lembranças desses tempos.

Maqueta em exposição na Casa do Infante, do que seria a cidade na época medieval. A Muralha Primitiva está bem assinalada.

Para quem está na Avenida Vimara Peres voltado para a Sé, à esquerda vê-se o que resta das Muralha ou Cerca Primitiva.
Subindo a Calçada de Vandoma, vemos o interior da Muralha e a Casa nº5 da Rua de D. Hugo. Séculos de história sobre esta casa, que mantém original a Porta e Janela Gótica. Ficarão os pormenores para uma próxima visita.

Aqui começa oficialmente o nosso passeio.
Rua de D. Hugo onde encontramos a Casa-Museu Guerra Junqueiro, edifício do séc. XVIII, a Fundação no edifício em frente e algumas casas ainda com características medievais.
Depois de ultrapassarmos à esquerda a descida para as Verdades e uma capela (que será a das Verdades do séc. XVII-XVIII, )? mas a ameaçar ruína, (disseram-me que pertencia ao bispado) passando pelas traseiras e depois do lado sul do Paço Episcopal, vamos dar ao Largo do Açougue do Povo, hoje Largo Dr. Pedro Vitorino.
Um olhar sobre os telhados do Casario que ficavam junto à Muralha.

Outro olhar sobre o Terreiro da Sé, mas vamos deixar os pormenores para outra altura

Passando pela frente da Sé e voltando-nos para Norte, olhamos para baixo e encontramos a Rua de S. Sebastião e a Rua Escura. Seria por aqui que existia uma Porta na Muralha

Um dos percursos possíveis é descer as velhas escadas e entrarmos na Rua de S. Sebastião, que não vai há muito tempo era a Rua do Aljube e o Oratório de S. Sebastião. Outras estórias. Mas à direita temos as novas escavações que foram descobrir uma outra muralha e novas relíquias, anteriores às muralhas de que venho falando. Aguardemos. Entretanto a residência que estava a ser recuperada para habitação de estudantes ficou parada. Paciência. Não se podem ter dois proveitos num só saco.
Se seguirmos em frente temos a Rua de Pena Ventosa - agora é esta a grafia - e as suas casas medievais, algumas em recuperação, outras paradas, outras recuperadas, mas pelos vistos sem registos arqueológicos. Uma cervejinha num pequeno Café sabe pela vida em dias quentes e depois de já alguma andança. Também umas boas estórias contadas por habitantes já com uma certa experiência de vida. Recorde-se que estas ruas estavam junto às muralhas e esta gente sabe do que fala.

Mas não esquecer que temos a Rua Escura à direita e que vai dar à Bainharia, cujas casas estavam já fora das muralhas, mas com as traseiras encostadas a elas.

Um dos exemplos das casas reconstruídas na Pena Ventosa é esta que conserva o Portal gótico

Como é a descer, rápidamente encontramos o Largo de Pena Ventosa, o mesmo que foi na época o do Forno. Presume-se que era onde se cozia o pão. à esquerda, um caminho que nos leva aos Grilos, com uma casa de alçado preservado do séc. XVIII.

Caminhemos por essa Travessa e vamos dar à actual Rua das Aldas.

Para cima ficam os Grilos. Ou Largo do Colégio. Temos de ir dar mais uma espreitadela.

Distinguimos a mais que milenária Rua dos Mercadores (embora não visível na foto) e para a direita a Vitória, com sua Igreja, Palácio e Convento.

Retrocedamos pelas Aldas para irmos ao encontro da Rua de Santana, onde existiu o Arco, que foi glorificado e tema de um romance de Almeida Garrett. Por aqui se fazia a entrada/saída da cidade pela velha muralha. Foi destruído cerca de 1880.

Termina na Rua da Bainharia, que a história diz estarem as traseiras das casas encostadas à muralha.
A destruição do Arco de Santana, em 1821, deveu-se à construção de dois prédios de particulares. Não adiantou nada o descontentamento popular. A Câmara não quis saber. Não sei se os pormenores que se vêm na rocha, bem como a porta, são os mesmo que li na pesquisa. Actualmente a abertura vai dar a um pátio e escadas, por onde se chegam a residências que não se vêm da Rua.
Existiu um trono com a imagem de Sant'ana, cuidado pelos populares. Depois da destruição do Arco foi recolhida na Capela de S. Crispim. Sabe-se que já era venerada no primeiro quartel do séc. XVI. Li que esta imagem, bem como outras, estão em estado de desleixo. Escrevi à Junta de Freguesia do Bonfim esperando confirmação.
Continuando a recordar Sant'ana foi criado um altar com uma imagem, que ainda hoje se venera.
Creio que ainda se promove uma festa em Julho.
Chegamos à parte inferior da rua da Bainharia
e caminhamos no sentido da Rua dos Mercadores
Onde ainda se notam alguns edifícios de uma certa nobreza talvez de oitocentos a precisar urgentemente de recuperação.
Toda esta zona é Património da Humanidade e são necessárias precauções especiais sobretudo no que respeita a arqueologia. Pelo menos, assim penso e desejo.