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sexta-feira, 30 de julho de 2010

33 - Porto - O Palácio das Cardosas ( Convento dos Loios)

No Palácio das Cardosas, vamos ter um Hotel de super-luxo. Que está a levantar polémicas. Principalmente derivado aos problemas de trânsito que vai ocasionar, à impermeabilização dos solos, a parte histórica e claro, sobre a PortoVivo/Câmara Municipal...Negócios. Era para ser inaugurado há um ano (foi o que li), mas acho que nem daqui a dois isso acontecerá.
Um pouco de história. Neste local passavam as Muralhas Fernandinas e no interior da Cerca, os Padres Loios fundaram um Convento no último quartel do séc. XV que seria conhecido por Convento Novo de Santa Maria da Consolação. Uma doação permitiu-lhes a construção de uma ermida, que anos mais tarde foi substituída por uma sumptuosa igreja com fachada para o Largo dos Loios. Entrando em ruínas a Câmara tratou da sua demolição em 1838. Do Convento apenas chegou até hoje a fachada que os Frades começaram a construir já no séc. XIX. Mas derivado às Lutas Liberais abandonaram as obras e o País. Posteriormente a Câmara tomou posse e colocou-o à venda em hasta pública, sendo o seu comprador Manuel Cardoso dos Santos, um abastado negociante com fortuna feita no Brasil e que se comprometeu em acabar a fachada. Após a sua morte, por herança o edifício passou para a viúva e filhas.A partir desse momento passou a ser conhecido como o Palácio das Cardosas (referente às Senhoras)bem assim como o passeio anexo que tomou o mesmo "apelido" popular.O edifício está localizado na Praça da Liberdade, primitiva Praça Nova antes da abertura da Avenida dos Aliados que nos leva à Câmara Municipal. Na esquina com a Praça Almeida Garrett - em frente à Estação de S. Bento - existia o Café Astória, talvez centenário nesta altura do século e que segundo li vai ser reconstruído no mesmo local. Era famoso não só como ponto de encontro, mas também pela comodidade do seu mobiliário. Na outra esquina (com os Loios) ainda existe a Farmácia Vitália e com entrada pela porta central lá estava a velha Adega da Cerca e os seus vinhos e petiscos. Existem, ou pelo menos supõem-se que haverá subterradas várias ossadas de gentes importantes da cidade. Recolhi esta frase do Dr. Eugénio de Andréa da Cunha e Freitas, citada pelo nosso grande mestre e historiador da Cidade, Germano Silva: "… agora, na Casa de Deus, em vez dos honrados frades de Santo Elói, estão os gordos e opulentos senhores da Finança e da Indústria, perturbando, na febre do negócio e do lucro, o eterno descanso de tantas cinzas veneráveis que ali jazem…" . Presumo que se terá referido ao período em que o edifício foi ocupado por sucessivas entidades bancárias.Aspectos das obras, há cerca de 2 meses, vistas dos Loios/Trindade Coelho.
Uma foto que encontrei na net, mostrando em maqueta como deverá ficar o edifício.
As fotos onde não se vêm os taipais, têm precisamente 3 anos de diferença das restantes.
A foto a preto/branco terá sensivelmente um século.
Daqui a uns anos lá estaremos para a inauguração











32 - O Ponto mais alto da Cidade do Porto

Monte Tadeu, Monte dos Congregados ou Monte de Santa Catarina ? A ordem é inversa à antiguidade dos registos que consegui encontrar nas minhas buscas. Quer dizer, do Monte Tadeu só encontrei o nome da rua. E aí não há dúvida que é o ponto mais alto, geograficamente, da cidade do Porto.
Tudo começa em 1680, quando uns frades construíram na Cidade a sua casa, no local onde hoje está a Igreja dos Congregados, em frente à Estação de S. Bento. Obtiveram para seu recreio um vasto espaço com casa que também servia de hospital. Nas abas do Monte de Santa Catarina. Daí é fácil chegarmos ao Monte dos Congregados, ficando como recordação uma rua com este toponímico, datada dos finais dos anos trinta do séc. XIX; e talvez também a Rua do Monte Tadeu (ou Monte do Tadeu ?) seja dessa época. A Quinta ficou na posse da Câmara Municipal por altura da extinção da ordem em 1834. Tendo-a posteriormente vendido, li, que por preço baixo, ao sr. Moreira, um cidadão brasileiro. Que explorou a grande pedreira que ali existia. No alto, foi construído um depósito de águas, explorado por uma companhia francesa (?), concessionária da rede de águas da cidade desde 1887 a 1927. Embora a Câmara e a companhia das Águas tenham aberto um concurso para requalificação não só deste depósito, mas de todos os da cidade, em 2007 e entregue os prémios em 2008, o certo é que está tudo para ali inútil. E segundo li, eram os próprios autores das propostas que tomavam as "despesas" da requalificação ao seu cuidado.
Esta é a Rua do Monte Tadeu, no cimo da qual se podem apreciar belos panoramas sobre a Cidade.

Podemos ver até Gondomar e Gaia, muito desfocado é certo.

Mas o fumo dos incêndios e o céu do Porto, sempre nublado, não permite melhor visão.

A Rua vista de cima para baixo, tendo ao fundo um velho jardim.

Ao fundo da Rua, encontra-se a Travessa com o mesmo nome e mais uma vista sobre o casario do Bonfim.
A direita, vê-se o que presumo serem antigas instalações fabris da Cooperativa dos Pedreiros. Pedi uma informação. Vamos lá ver se vem ou se acontece o mesmo que a todas as outras que pedi, tanto a Juntas de Freguesia como à Câmara Municipal.
Fica este edifício nas traseiras do da Cooperativa dos Pedreiros, no cimo do qual há um restaurante panorâmico. Tem 14 andares.
Colada ao edifício uma estátua que julgo representará um operário pedreiro.
Vale a pena o sacrifício, mesmo em dias de calor, subir ao Monte para apreciar as paisagens. E que a Câmara requalifique esta zona, pois a par de edifícios novos há muitas ruínas e matas selvagens.






















terça-feira, 27 de julho de 2010

31 - Observatório das Aves - Lordelo do Ouro

Na parte ribeiririnha do Jardim do Calém, em Sobreiras e mesmo junto à foz daquele ribeiro fétido, cheia de todo o lixo que se possa imaginar, ( uma limpeza da Câmara ou da Junta de Freguesia, de vez enquando, era aconselhável) está uma placa referenciando o Observatório das Aves. Construída em ferro a imitar ferrugem (será que é bonito ?. Visto a alguns metros de distância parece um pedaço de sucata...) tem do outro lado um banco e uma placa com o desenho das aves e as suas características, comuns naquela zona. Assim está escrito.
Para melhor se observarem as aves, está lá este binóculo, que alguém disse ter sido construído provàvelmente só para estrábicos. Um possível observador chegou a procurar uma ranhura pensando que aquilo só funciona com moeda.
Mas nem tudo é mau. Uma bonita vista sobre a Ponte da Arrábida e os barcos navegando no Douro.
Do outro lado do Rio, começa a bela Afurada, com a sua Igreja logo à entrada.
O Douro estava na "reponta", podendo ver-se o grande areal e a flora que serve de refúgio (?) às aves.

Do outro lado, a Afurada e uma grande vontade de atravessar o Rio para ir comer um rojão ao Machado

Mas de aves, só vi gaivotas e pombas. Também sem os binóculos não podia exigir nada.Costumam andar, quer dizer, também a nadar, pelo Douro, uns patos, mas é normal vê-los mais para os lados da Cantareira ou então junto ao cais da lancha que faz Lordelo/Afurada.
Pescadores de cana e anzol lá estão entretidos no meio do rio
Gaivotas não faltam...
...Carrinho de bébé, pneus e outros lixos também não


Do outro lado, acabaram as casas da Afurada e começa o areal que nos leva ao Cabedelo.

Convido para um passeio de eléctrico ao longo da marginal do Douro, desde o Infante até ao Passeio Alegre. Ou vive-versa.












segunda-feira, 19 de julho de 2010

30 - Ruas históricas do meu Porto - III- Madeira e Loureiro

Para completar o percurso que me propus mostrar, este é o terceiro episódio de uma viagem, que acaba quási onde o primeiro começou.

Estamos na Praça da Batalha, vindos do Cativo e entramos na Rua da Madeira, tendo à esquerda a Rua do Cimo de Vila. Na esquina, antes era o lindo e elegante Grande Hotel da Batalha. Hoje é um hotel de uma cadeia internacional.
Quando começamos a descer, logo deparamos com uma "ruína", mas nada de desanimar.
São de uma velha fábrica desactivada há umas dezenas de anos. E para ali está sem solução.

Por aqui desciam também as Muralhas Fernandinas. Do lado esquerdo. Ultrapassemos este primeiro declive e como é bela esta vista que se nos depara sobre o casario e os Clérigos.
Esta foto foi obtida no dia 1 de Maio de 2007,
com a minha velha e perdida Olimpus made in china.
A Rua da Madeira só tem este nome desde 1902. Anteriormente, não sei desde quando, chamava-se Calçada da Teresa. Depois das escadas, a rapaziada encostada ao varandim de ferro, olhava para o "90", sempre fechado, pois era "casa" só para gente de posses.
Actualmente existem prédios em ruínas e outros bem conservados. Há quem diga que são as traseiras dos edifícios da Rua 31 de Janeiro. Até pode ser, mas as entradas são independentes, pelo menos dos que eu conheço.
Foi famosa esta artéria antiquíssima. Do lado esquerdo, por dentro das muralhas, havia o antigo Convento de S. Bento de Avé-Maria, edificado nas Hortas do Bispo, no séc. XVI. Após as extinções das ordens religiosas foi entrando em ruína e demolido em finais do séc. XIX. Agora é a Estação de S. Bento. Há uma dúzia de anos atrás, aos domingos de manhã, realizava-se aqui uma feira, denominada dos Passarinhos (actualmente está localizada no Largo Mártires da Pátria, na Vitória, entre os Clérigos e o Aljube.) Dizia-me o meu irmão que era linda, pela quantidade e variedade de aves que se negociavam. Era uma feira clandestina, tolerada pelos serviços municipais e onde se vendia gato por lebre. Falo de ouvir dizer. Nunca a visitei.
Aqui haviam imensos despachantes de mercadorias, os chamados recoveiros. Transportadas por caminho de ferro para/e terras do Minho e Douro. Os seus escritórios eram as tascas que existiam ao longo da rua, onde se almoçava e jantava a preços económicos. Mas também se bebia um copo e comia um petisco ao longo da tarde. Restam poucas desse tempo. O Quim, o Viseu e mais duas ou três.
Saímos da Rua da Madeira, atravessamos o átrio da Estação de S. Bento e vamos dar à Rua do Loureiro. Aparece a primeira vez na toponímia portuense em 1701. Era aqui que ficava a entrada da Igreja do Convento, dizem que acolhia uma maravilha de arte, mas foi totalmente destruída. Foi famosa nos anos 60/70 derivado ao seu comércio de electrodomésticos e aparelhagens de som. Aqui se comprava barato o auto-rádio, nos velhos temos em que isso era um luxo.
Mas também era famosa pelos seus restaurantes, petisqueiras e mercearias de luxo. No Onix lanchei/jantei muitas vezes, antes das aulas nocturnas na velha Oliveira Martins. Os rojões, o fígado de boi de cebolada, o bacalhau frito, o polvo em molho verde, o buxo e a orelheira, as tripas enfarinhadas, um nunca mais acabar de petiscos excelentes, que com dois copos a sair dos pipos eram uma refeição barata.
Remodelou-se esta casa nos anos 70, deixando o aspecto de tasco e nunca mais foi a mesma. Foi vendido um espaço ao "Italiano dos 300" e hoje está fechado. É a vida...
Mas é obrigatória a entrada na Pastelaria A Serrana. Impressionante a beleza do tecto e do interior, com lindíssimos frescos, relevos, figuras decorativas, espelhos, quadros e um varandim em ferro com delicados desenhos.
Tem mais de 100 anos esta decoração, restaurada há pouco tempo. A não perder uma visita.
Pegado, temos este vistoso prédio sempre decorado com as bandeiras de Portugal, que abriga um restaurante/petisqueira que faz jus à tradição de se comer bem no Porto. É um dos meus locais preferidos.
Mas ainda existem duas ou três, não direi mercearias ricas, mas bem fornecidas de queijo e charcutaria.
Um prazer para o olhar - primeiro - e gosto depois.
O comércio já não é o que era, mas ainda é bem frequentada a rua do Loureiro. Negoceia-se mas os artigos chineses estão em maioria.
Como disse no 1º capítulo, isto são ruas sem princípio nem fim. Começam e/ou acabam umas nas outras, cruzam-se, angulam-se e aqui estamos a chegar ao princípio. Isto é, à Rua Chã.
Um último olhar para trás, com a Estação de S. Bento à direita.
















29 - Ruas históricas do meu Porto II - Cativo e Portas do Sol

Voltando às ruas "vielas" que os turistas não frequentam, mas nós tripeiros e gentes daqui bem próximo o fazemos e em continuação do meu escrito anterior, relembro que estamos dentro da velha Cerca Medieval, ou Muralhas Fernandinas.
Faço propositadamente uma batota só para localizar, a quem se dignar seguir-me, onde estamos. Mas não liguem à fraca qualidade das fotos. São feitas de passagem, com luz a favor ou contra, guardadas para um dia, como hoje, falar da história da minha cidade (pobre de mim falar de coisa tão séria ...) e das minhas recordações.
Então vamos olhar a última torre das Muralhas Fernandinas desde a "nóvel" rua Augusto Rosa (homenagem ao grande actor), e do parque fronteiro ao antigo edifício do Governo Civil. Só para uma localização.
Agora que estamos localizados, por detrás do antigo edifício do Governo Civil segue a Rua das Portas do Sol. Pois era por aqui que as muralhas passavam. Para além da esquadra da Polícia da Sé - se não estou em erro - há uns edifícios bem recuperados e outros a desfazerem-se. Como os estatais (ou camarários ?), já referidos num dos meus primeiros escritos/fotográficos. E Portas do Sol porquê ? Porque existiu próximo, uma porta nas Muralhas para a entrada e saída da Cidade com esse nome. Creio que este nome toponímico vem desde essa época - séc. XIV. Nada me elucida.

Ficando de costas para as Portas do Sol, caminhemos para a Praça da Batalha e à esquerda encontramos a Rua do Cativo, já referida em 1492, mas como viela. O nome de rua veio-lhe em 1743. E que vai dar ao Largo da Rua Chã. Era um dos meus passeios da juventude com a "malta", porque tinha uns bares bem simples onde a par da cerveja barata podíamos olhar os "manequins" da época sem ninguém chatear. Se a memória não me falha, o mais badalado era o da "Teresa". Pegadinho, era um fabricante de Bilhares e jogos de mesa, vulgo matraquilhos. Creio que se chamava Progredior. E claro, haviam as pensões do "sobe e desce".
Prédios com vários andares, alguns deles a pedirem reformas urgentes.
Na esquina, do lado esquerdo encontramos as traseiras do Hospital da Ordem do Terço e à direita as do Teatro Nacional de S. João. Novamente em restauro. A qualidade da sua pedra e a pintura assim obrigam.
Aqui temos duas travessas. As do Cativo e do Cimo de Vila. Perpendiculares.
À direita o Hospital da Ordem do Terço, do séc. XVIII.
Em frente, um edifício meio degradado, do séc. XIX, que já albergou um restaurante de certa qualidade e preços bem em conta. Outros tempos...
Esta parte da cidade menos "velha", entrando já na Praça da Batalha, tem edifícios que foram propriedade de gente fina.
Pormenor do Hospital da Ordem do Terço

E porque logo ali temos o Teatro Nacional de S. João, onde a grandes filmes assisti, bem refastelado nas suas cómodas cadeiras forradas a veludo vermelho, aqui deixo um pouco da sua estória.
Foi o actual edifício construído em 1911 sobre as ruínas do anterior, destruído num incêndio em 1908, e que foi inaugurado em 1798 com uma peça teatral.
O prédio actual não tem uma definição de estilo, mas é de uma imponência grandiosa, especialmente a sua frontaria. O interior foi decorado com pinturas e esculturas de grandes nomes das artes.
É um dos edifícios de maior relevo da Cidade do Porto.