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sábado, 22 de maio de 2010

16 - O Morro de Pena Ventosa e a Muralha Primitiva do Porto

Penaventosa era um morro onde hoje se localiza a Sé Catedral e já li, literalmente, como o Monte dos Vendavais. Seria um crasto da idade do bronze. Desenvolve-se com a romanização provàvelmente muito antes do séc. IV A.C. Mas a cidade é destruída pela invasão árabe no séc. VII, não sem antes de vários outros povos, suevos e vândalos, que por sua vez serão "comidos pelo visigodos, terem expulso os romanos.

A cidade foi tomada, assim como todo o norte, no séc. IX por Vímara Peres.

Todo este introito para convidar a mais um passeio, este pelas zonas onde existiu uma muralha ou cerca, a que os povos desse tempo chamaram primitiva ou velha. Presume-se que seja românica ou sueva. Resistiu aos poucos até meados do séc. XIX. Hoje existe apenas um cubelo, devidamente preservado, na esquina de Vandoma e a Avenida Vimara Peres, a 100 metros do tabuleiro superior da Ponte D. Luíz.
Então vamos ao passeio, que é mesmo só pelas ruas que ainda guardarão lembranças desses tempos.

Maqueta em exposição na Casa do Infante, do que seria a cidade na época medieval. A Muralha Primitiva está bem assinalada.

Para quem está na Avenida Vimara Peres voltado para a Sé, à esquerda vê-se o que resta das Muralha ou Cerca Primitiva.
Subindo a Calçada de Vandoma, vemos o interior da Muralha e a Casa nº5 da Rua de D. Hugo. Séculos de história sobre esta casa, que mantém original a Porta e Janela Gótica. Ficarão os pormenores para uma próxima visita.

Aqui começa oficialmente o nosso passeio.
Rua de D. Hugo onde encontramos a Casa-Museu Guerra Junqueiro, edifício do séc. XVIII, a Fundação no edifício em frente e algumas casas ainda com características medievais.
Depois de ultrapassarmos à esquerda a descida para as Verdades e uma capela (que será a das Verdades do séc. XVII-XVIII, )? mas a ameaçar ruína, (disseram-me que pertencia ao bispado) passando pelas traseiras e depois do lado sul do Paço Episcopal, vamos dar ao Largo do Açougue do Povo, hoje Largo Dr. Pedro Vitorino.
Um olhar sobre os telhados do Casario que ficavam junto à Muralha.

Outro olhar sobre o Terreiro da Sé, mas vamos deixar os pormenores para outra altura

Passando pela frente da Sé e voltando-nos para Norte, olhamos para baixo e encontramos a Rua de S. Sebastião e a Rua Escura. Seria por aqui que existia uma Porta na Muralha

Um dos percursos possíveis é descer as velhas escadas e entrarmos na Rua de S. Sebastião, que não vai há muito tempo era a Rua do Aljube e o Oratório de S. Sebastião. Outras estórias. Mas à direita temos as novas escavações que foram descobrir uma outra muralha e novas relíquias, anteriores às muralhas de que venho falando. Aguardemos. Entretanto a residência que estava a ser recuperada para habitação de estudantes ficou parada. Paciência. Não se podem ter dois proveitos num só saco.
Se seguirmos em frente temos a Rua de Pena Ventosa - agora é esta a grafia - e as suas casas medievais, algumas em recuperação, outras paradas, outras recuperadas, mas pelos vistos sem registos arqueológicos. Uma cervejinha num pequeno Café sabe pela vida em dias quentes e depois de já alguma andança. Também umas boas estórias contadas por habitantes já com uma certa experiência de vida. Recorde-se que estas ruas estavam junto às muralhas e esta gente sabe do que fala.

Mas não esquecer que temos a Rua Escura à direita e que vai dar à Bainharia, cujas casas estavam já fora das muralhas, mas com as traseiras encostadas a elas.

Um dos exemplos das casas reconstruídas na Pena Ventosa é esta que conserva o Portal gótico

Como é a descer, rápidamente encontramos o Largo de Pena Ventosa, o mesmo que foi na época o do Forno. Presume-se que era onde se cozia o pão. à esquerda, um caminho que nos leva aos Grilos, com uma casa de alçado preservado do séc. XVIII.

Caminhemos por essa Travessa e vamos dar à actual Rua das Aldas.

Para cima ficam os Grilos. Ou Largo do Colégio. Temos de ir dar mais uma espreitadela.

Distinguimos a mais que milenária Rua dos Mercadores (embora não visível na foto) e para a direita a Vitória, com sua Igreja, Palácio e Convento.

Retrocedamos pelas Aldas para irmos ao encontro da Rua de Santana, onde existiu o Arco, que foi glorificado e tema de um romance de Almeida Garrett. Por aqui se fazia a entrada/saída da cidade pela velha muralha. Foi destruído cerca de 1880.

Termina na Rua da Bainharia, que a história diz estarem as traseiras das casas encostadas à muralha.
A destruição do Arco de Santana, em 1821, deveu-se à construção de dois prédios de particulares. Não adiantou nada o descontentamento popular. A Câmara não quis saber. Não sei se os pormenores que se vêm na rocha, bem como a porta, são os mesmo que li na pesquisa. Actualmente a abertura vai dar a um pátio e escadas, por onde se chegam a residências que não se vêm da Rua.
Existiu um trono com a imagem de Sant'ana, cuidado pelos populares. Depois da destruição do Arco foi recolhida na Capela de S. Crispim. Sabe-se que já era venerada no primeiro quartel do séc. XVI. Li que esta imagem, bem como outras, estão em estado de desleixo. Escrevi à Junta de Freguesia do Bonfim esperando confirmação.
Continuando a recordar Sant'ana foi criado um altar com uma imagem, que ainda hoje se venera.
Creio que ainda se promove uma festa em Julho.
Chegamos à parte inferior da rua da Bainharia
e caminhamos no sentido da Rua dos Mercadores
Onde ainda se notam alguns edifícios de uma certa nobreza talvez de oitocentos a precisar urgentemente de recuperação.
Toda esta zona é Património da Humanidade e são necessárias precauções especiais sobretudo no que respeita a arqueologia. Pelo menos, assim penso e desejo.