Pesquisar

sábado, 21 de agosto de 2010

35 - O Mosteiro e Quartel da Serra do Pilar - Vila Nova de Gaia

Hoje não tinha premeditado vir para este lado de Gaia. Mas as coisas acontecem e pensei que talvez acabasse por ter alguma sorte dando um salto até à Serra do Pilar. Só para ver se o Mosteiro ou Convento estava aberto, coisa que nunca aconteceu das vezes que até aqui vim. Ora como Monumento - não sei se Nacional - a quem o Estado Português larga grossas fatias do nosso dinheiro (segundo li) e estando nós na época de turismo, seria lógico que tal acontecesse. Engano puro. Mas passemos adiante. Vindo de S. Bento (quer dizer, da Praça Almeida Garrett) num autocarro que atravessa a Ponte do Infante, saí quási à porta do RA5. Para os meus camaradas que por aqui passaram nos velhos tempos do chamado RAP2 a caminho de África (criado em 1939) um abraço. Mas esta unidade foi primitivamente o Regimento de Artilharia do Porto, passando a RA nº 4 em 1806 e extinto em 1829. Teve muitos outras nomes desde que foi criado por Decreto da Rainha D. Maria II em 1835, por ter o Mosteiro da Serra do Pilar grande destaque como fortificação do Porto durante a Guerra Civil. Entre Penafiel e o Porto, mas no fundo quer dizer Gaia, várias unidades foram transferidas de lá para cá e vice-versa. Em 1975 passou a RASP e finalmente em 1993 é o actual RA5.
Mas eu vinha procurar o Mosteiro.
Temos de descer a rua ao longo do muro do Quartel cerca de 50 m e a placa não engana. Mosteiro da Serra do Pilar. Os panoramas já eu os conhecia.
Dobrando a rua para Norte, nova placa encaminha-nos certeiramente.
A meio da calçada a vista da cúpula da "Nova" Igreja.
Atento ao que se passa, um elemento militar de serviço à Bateria voltada para o Porto.
Uma raridade ao longo da calçada, estas flores obrigam-nos a olhar o Jardim do Morro.
E cá estamos nós, no largo da Igreja, que tem nome próprio do qual não me lembro. Por ali ainda estão sinais de palco e outras coisas, incluindo o fontanário "fechado" a plásticos, da última romaria da Senhora do Pilar, efectuada no dia 15.
Mas tudo fechado, como nos primitivos tempos de 1140, onde foi fundado um mosteiro neste local em que as freiras seguiam a norma de reclusas emparedadas. Durou até ao séc. XIV quando deixou de haver freiras com esta vocação. Também viver entre quatro paredes, mais tecto e chão, só com um buraco para se lhes ser servida a refeição... durante o resto das suas vidas.
Resta-nos apreciar o exterior e na foto é a Primitiva Igreja, ao lado da qual foi construída em 1598, a actual. A imagem de Nossa Senhora do Pilar foi colocada no altar-mor em 1678.
Outro pormenor da Igreja Primitiva.
Na Guerra Civil ou Lutas Liberais ou Guerra Fratricida, tanto faz, (D. Miguel x D. Pedro IV), durante o Cerco do Porto - 8 de Setembro de 1832 a 18 de Agosto de 1833 - a Igreja (a nova, tanto quanto me parece entender a escrita do autor) sofreu muitos danos. Aí entram os homens bons devotos - de Gaia - que apresentaram à Rainha D. Maria II o projecto de uma Confraria, que foi aprovada em Setembro de 1844, ficando com o lindo nome de Real Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Pilar.
E em 1925 um Comissão de Amigos do Mosteiro conseguiu "não só realizar muitas beneficiações na Igreja com o restaurar o antigo Claustro do Convento construído em 1692, em forma redonda como a Igreja, único no País. Também foram restauradas várias dependências do mosteiro que estavam em ruínas, para guardar muitas raridades que nelas (nas ruínas ?) estavam à sua guarda".
Agora vem a parte que nos toca a todos: "O Governo (será o Estado Português ? será mesmo o Governo ? neste caso, qual e quando ?) notando a beleza arquitectónica da igreja e do mosteiro da serra do Pilar, incluiu-a no número dos bens nacionais; e por isso tem despendido importantes quantias na reparação de tão magnífico monumento religioso".
Esta e mais prosas podem ler-se em http://tvtel.pt/gaiserv/livro cale/pagina18.htm
Tive que fazer umas reduções a essas prosas - que cheiram tanto a não sei quê ...- assim como acertar alguns erros que por lá se lêm. Mas o importante é que tudo está vedado ao olhar do simples turista, (ou de um curioso como eu) que de mapa na mão, sobe aquela calçada para não ver o que os papeis turísticos dizem de mundos e fundos belos.
Mais um monumento que existe só para prazer (será que o têm ?) de alguns. E já agora gostava de saber se as raridades ainda existem ou se sofreram desvios como tantas outras que aconteceram não só no Porto como por todo o Portugal
Mas vamos saborear as vistas da Cidade do Porto que de lá se avistam. O que já é muito bom, digo eu. Aqui é da Ribeira até à Arrábida.
Aqui, a velha Calçada da Corticeira, a que chamam agora Rua das Carqueijeiras. Talvez uma homenagem às mulheres que subiam aquela Calçada, com molhos de Carqueija à cabeça, para os muitos fornos da Cidade das mais variadas industrias. As Fontaínhas estão lá no alto.
Agora descemos mas a pé, pelas ruelas da Serra, Rua do Casino da Ponte, do Cabo Simão etc. e olhamos o belo rendilhado da Ponte Luíz I.
Já do lado de cá, quer dizer do Porto, depois de atravessarmos a Ponte, uma última panorâmica do Mosteiro (ou Convento) e Quartel da Serra do Pilar. Chamem-lhe os nomes que quizerem ao Regimento, mas é assim que perdurará nos tempos.
Para descansar, nada como "pousar" no Mira Douro, mesmo no final do Muro da Ribeira. Bebe-se a cerveja mais barata de toda a Ribeira e Arredores. Os lanches e as refeições, idem. Não tenho descontos nem comissões; mas é paradeiro antigo desde o tempo em que tinha a mania de que era pescador.