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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

59 - A Corticeira. Das Fontaínhas até à Marginal

De vez enquanto as minhas andanças levam-me até às Fontaínhas - local sagrado dos Portuenses desde há alguns séculos, ponto central das comemorações do verdadeiro S. João - e impressiona sempre olhar a Corticeira e o que está para além ou ao lado dela. Vista da Serra do Pilar, a íngreme subida e não menos perigosa descida traz-me recordações da meninice, quando por ali passava a caminho das praias fluviais do Douro, do lado de Gaia, principalmente a do Aurélio.
Discutimos entre amigos a razão pela qual a Calçada se passou a chamar e desde quando, das Carquejeiras, ela que foi da Corticeira desde pelo menos 1846. Talvez uma homenagem às mulheres que transportavam à cabeça a carqueja para os fornos da cidade, desde o Cais - da Corticeira - até às Fontaínhas, vinda nos batelões de localidades ribeirinhas a leste do Porto, principalmente das de Gondomar. Ali ao lado, sai da Calçada até à Alameda das Fontaínhas, a Rua da Corticeira, topónimo desde 1760.
Curiosamente, na véspera de S. João do ano passado, o meu Bando do Café Progresso resolveu ir comer umas farturas às Fontaínhas e ao mesmo tempo dar uma olhada pelo sítio. O Quim Soares, que o conhece bem, chamou a atenção para uma capela em ruínas, na qual eu nunca tinha reparado.
A foto acima tem já uns anitos, mas há dias voltei à Corticeira para espreitar o local.
Na net encontrei uma foto de Arnaldo Soares com cerca de 100 anos onde se vê a Capela em bom estado de conservação. Presumo que a reentrância à esquerda quási a meia encosta, seria local de descanso das Carquejeiras. E também miradouro sobre o Douro. À direita a Rua da Corticeira.
O local de descanso e/ou miradouro desapareceu. No seu lugar está uma vedação e mato por detrás. A Rua da Corticeira continua, a iluminação alterou-se e a Capela está em ruínas. Socorri-me do meu amigo Artur Mário Lemos - grande estudioso sobre o Porto - para saber se conhecia o nome da Capela. E logo chegou uma dica localizando por ali uma Quinta chamada da Fraga.
De salto em salto na net, fiquei a saber que de pertença da Quinta da Fraga foram inauguradas em 1840 as primeiras instalações de uma Fábrica de Cerâmica que tomou o nome do Carvalhinho, por se situar nos terrenos da Capela, dedicada ao Senhor do Carvalhinho.
Pormenor da parte superior da frente da Capela
Mesmo ao lado, existem habitações num espaço que popularmente nós, portuenses, chamamos de Ilhas. Eram aglomerados populacionais habitados por gentes que trabalhavam nas industrias que se desenvolveram na região. Hoje ainda existem algumas Ilhas por aqui.
Pormenor da frente da Capela.
Interior
Deixando o olhar correr pelas Pontes do Infante, D. Maria e S. João. Um local que poderia ser chamariz para visitantes (S. João, Fontaínhas, Miradouro, Pontes) o muro com a sua grade de arame, voltado para o outro lado do morro, cheio de mato e lixo, deixa uma sensação de nojo a quem passa por ali. Já não falando no que presumo serem esgotos que escorrem ladeira abaixo.
Toda esta zona parece que foi bombardeada recentemente. Incluindo a parte norte, logo abaixo da Alameda das Fontaínhas, da qual já escrevi em tempos neste espaço.
Presumo que estas ruínas são da ampliação da fábrica de cerâmica que foram acontecendo desde 1853.
No interior das ruínas depara-se-nos um canalização de água. Creio que virá de uma Nascente. É límpida, pelo menos a olhómetro. Está encanada desde muito alto com chapas e telhas de meia cana que a despejam num bidão. O excedente forma um lago que transborda para todos os lados.
Registo de um posto de alta tensão, creio que desactivado. Já depois da descida da Calçada.
Junto à Avenida marginal (de nome Gustavo Eifell) podemos apreciar esta beleza. Não sei se foi pertença também da Fábrica de Cerâmica do Carvalhinho.
Sei que a Fábrica se associou a outras e laborou até meados dos anos 60 do século passado. Mas também julgo que foi aproveitada para pensão, pois vi lá um pano pendurado, a dizer Bons Qua. E mais nada.
Um zoom mostrando o início da Calçada das Carquejeiras. Para nós, portuenses velhos, será sempre a da Corticeira.
Um documento histórico de 1870 descoberto no http://portoxxi.com/
Esta crónica (?) acabou por meter assuntos que foram saindo de controlo. Tudo começou porque o Quim Soares disse olha ali. E depois foi só a minha curiosidade em saber o nome das ruínas da Capela, que se não estou errado, foi do Senhor do Carvalhinho. O resto foram acrescentos que a curiosidade levantou.

sábado, 22 de janeiro de 2011

59 - A Ponte de Alvre

Um convite não se recusa, ainda por cima vindo dos amigos Carvalho e Cancela e logo para um almoço de rojoada, mas que teve de preâmbulo, surpresa, um cozido, acompanhados de verde branco "bem bom". Já não falo dos doces, pequenos queques de abóbora (?) deliciosos. Comida caseira, simples, mas de grato paladar. O nome da casa esqueci. Até o local me deixa confuso. Sei que pertence ao Concelho de Paredes. Agora se é Recarei ou Aguiar de Sousa não sei. E os meus amigos saberão ao certo ? Passa lá o Rio Sousa - do qual bebi muita água e não sei se bebo ainda - um dos afluentes do "meu" Douro e que nele desagua na pròpriamente chamada Foz do Sousa, freguesia com o mesmo nome já no concelho de Gondomar.
Claro que há sempre um depois. E no sossego deste fim de semana, a qual foi de muitos afazeres, fui bisbilhotar há net se havia alguma referência ao local. Dúvidas do lugar não tirei, mas da Ponte que vimos e percorremos, descobri que se chama de Alvre e foi construída na idade média. Bem conservada, tem o senão de estar alterada no "formato", isto é, tens resguardos modernaços não vá alguém cair naquelas águas, por agora bastante rápidas. O piso está também transformado devendo ser uma maravilha para os ciclo-turistas, que passam nela com uma guita danada.
Numa e noutra margem encontram-se vestígios de antigas azenhas que devem ter moído muitos cereais. Talvez ainda se cultive milho naquelas campos, por agora verdes.
Pena o dia ter estado do chamado inverno, o que não admira pois estamos no tempo dele. E já agora, não são só os biciclo-turísticos que circulam na ponte.
Um açude com o característico ruído da água em queda torna o local lindo e romântico à moda antiga.
O rio depois da Ponte, passeando por entre campos.

Desvios de água que ainda se mantêm e que colocavam as azenhas a trabalhar.
Algum casario ainda mantém a característica construção de xisto.
O tempo não ajudou, mas quem sabe possa surgir novo convite em dia de sol para melhor se apreciar a região.

Durante a minha pesquisa fui encontrar esta foto antiga no sítio www.geocaching.com Pouco se alterou, mas as margens estão protegidas (?) com xisto e lousa e foram construídas o que julgo ser ou captações de água ou esgotos.
Quási do mesmo local fiz esta foto - pura casualidade - . A ponte é construída em xisto e granito. Tem 4 arcos, dois centrais iguais e o do meio ligeiramente embicado. Sob o quarto arco, na margem esquerda e mais pequeno, a água passa como uma represa. A Idade Média foi há muito tempo, mas ainda podemos apreciar pequenas maravilhas.







terça-feira, 18 de janeiro de 2011

57 - Da Restauração ao Infante, via Foz

Depois de uns tantos dias de chuva seguidos, na quinta-feira 13 o sol apresentou-se pleno de luz e o ar mais ou menos límpido. Sem qualquer programa definido, entre autocarros e eléctricos, meti pés ao caminho, que me levaram até ao Carmo. Um esticão até à Restauração para ver se havia alguma coisa de novo. Nada de especial, mas sabe-me bem ficar ali por Sobre o Douro olhando as Ruínas do Convento de Monchique e Gaia lá ao fundo.
Mas também se olha para cima para ver o morro do Palácio, a Casa do Roseiral e as Palmeiras da Califórnia. Faltam duas na imagem, mas não se pode ter tudo.
Mais abaixo, recordei os meus tempos de menino, olhando o caminho que trepava para entrar no Palácio sem pagar os 10 tostões da ordem. Hoje o muro está bastante alto e com uma pala que protege os passantes das derrocadas que possam acontecer. No alto, o Castelo.
Em frente, ou quási, reparei nesta placa com um poema (?) de José Viana. Presumo que se refere ao falecido artista de teatro e pintor. Francamente, não gosto nada do texto, principalmente dos dois versos. Ainda por cima com uma referencia a Lisboa.
Como lá vinha o eléctrico, resolvi esperar por ele para seguir até Massarelos. Depois fui de 500 até à Foz.
Uma jovem oriental, saltava de um lugar para o outro de máquina em punho. Bonito.

Saudades do mar que já não via há uns dias.

Numa tarde agradável é bom gozar um pouco de sol e saborear a lourinha da ordem.

Caminhar pela Foz Velha e apreciar alguns dos edifícios que ainda restam do princípio do século passado, construídos aquando da abertura daquelas ruas e ruelas.
Casas pequeninas que outrora eram alugadas aos veraneantes que íam do Porto e não só, a Banhos para a Foz.
A Foz Velha ainda tem o seu encanto.


Na marginal, esta ruína é que não condiz nada com o ambiente geral.

O mar sempre alteroso entre os Faróis de Felgueiras e o do novo promontório.

O espaço dos Homens no Urinol misto do Jardim do Passeio Alegre.

Avenida D. Carlos I. Que foi Avenida das Palmeiras até 1949. Hoje é conhecida apenas pelas Palmeiras. A título de curiosidade, D. Carlos I - penúltimo Rei de Portugal - e sua esposa, a Rainha D. Amélia, apadrinharam o nascimento do Futebol Clube do Porto em 28 de Setembro de 1893, data em que os monarcas também comemoravam a data do seu nascimento.
No arranjado espaço junto ao Rio, ainda se conserva a tradição da pesca desportiva nas Palmeiras.
O Jardim do Passeio Alegre, antigo local onde os pescadores guardavam e consertavam as suas redes. É um jardim romântico, oitocentista, que demorou cerca de 20 anos a construir.
Igreja de S. João Baptista, ou de S. João da Foz, do séc. XVII, mas tendo sofrido várias alterações ao longo do tempo. Está localizada no alto de uma pequena subida iniciada próximo do Jardim.
A Barra do Douro ao final da tarde. Presumo que este Farolim não é o da Cantareita. Assunto para investigar no futuro.

Alguns edifícios na Rua do Passeio Alegre

O Pôr do Sol e a Foz do Douro, desde o Jardim do Calém

Aves residentes e/ou imigrantes no Rio Douro

A Ponte da Arrábida ao final do dia. Em primeiro plano, o antigo Cais do Ouro, aguardando há anos por uma solução de requalificação.
Observar e fotografar as Aves é um prazer.
Do eléctrico para o Infante, obtêm-se panorâmicas lindíssimas da Ponte da Arrábida e de toda a orla fluvial.
Já não há luz do dia no Infante. Pormenor voltado para a Arrábida.

Um último olhar voltado para o Cais de Gaia.
Desejo-vos, caros amigos e visitantes, muitos e belos passeios.