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quarta-feira, 29 de junho de 2011

81 - Os Castelos da Cidade do Porto - O Castelo da Foz

Débil luz matinal vence lentamente o espesso nevoeiro descido sobre a costa, mais denso no mar. No caminho de ronda do Castelo de S. João da Foz o Governador, tenente Carvalhais, cumpre funções de rotina, dá a sua volta da madrugada, mais atento ao curto horizonte brumoso. A fortaleza erguera-se na barra do Douro para isso mesmo, vigiar o Atlântico. Numa daquelas mutações típicas do nevoeiro, mas sempre surpreendentes, abre-se largo hiato de névoa, ilumina-se de azul o longe pardo e revela três navios em estranhas evoluções. Suspeitoso, Carvalhais não consegue identificá-los e chama o piloto da barra, cujos olhos não se enganam - são navios de combate... e turcos, os mais temíveis visitantes. Armados pelo sultão da Turquia, os navios piratas norte-africanos zarpam das suas bases de Argel, Tunes, Salé, Safim, Mogador, Trípolis, Gerba, assaltam barcos e povoações, espalham terror e miséria nesta Europa de 1727. Um dos seus principais objectivos é levar prisioneiros para abastecer mercados de escravos e, no meio deste nevoeiro, andam à faina muitos pescadores...

Com um óculo, o tenente vê arriarem de um dos navios uma lancha com homens armados. Não há tempo a perder! Dispara-se um tiro de pólvora seca, sinal de perigo iminente para os pescadores. O próprio tenente dispara mais dois tiros de artilharia e quase atinge a lancha. Os piratas retrocedem. Começam a surgir do nevoeiro barcos de pesca lançados em regata de desespero. Do castelo continua a artilharia atirando sobre os navios piratas, que por fim viram de bordo para onde a bruma é ainda cerrada, mas não levam pescador algum capturado. Bastaria esta acção para justificar a existência da fortaleza.

(texto copiado do http://ecodanoticia.net/ referindo Os Mais Belos Castelos de Portugal, da Verbo)


Não resisti à tentação de roubar este texto e publicá-lo. Nunca tinha entrado neste Forte, Castelo, Fortaleza, enfim o que lhe queiram chamar pois já foi isso tudo. Mas lá irei. Passeando no exterior, a única parte possível para visitar além de um corredor interior, imaginei-me o Tenente não só a defender a costa como a vida dos Pescadores a partir da fortaleza. E nem julguei que a pirataria daquela época chegasse tão próximo de nós. Entrada/Saída da Fortaleza. O Portal é de 1796 e teve Ponte Levadiça.

Aqui é S. João da Foz e o território pertencia à Infanta D. Mafalda, provàvelmente filha de D. Afonso II, que em 1211 o ofereceu aos Beneditinos de Santo Tirso. Estes contruíram no local um Convento e Igreja, com a ajuda do Bispo de Viseu. Seria o princípio da arquitectura renascentista.

Estes arcos "arruínados" serão provàvelmente o que resta do primitivo edifício


Em 1560, D. Catarina, Raínha regente e mãe de D. Sebastião, mandou construir uma fortaleza para a defesa da Barra do Douro. O local escolhido foi este e não adiantou o barulho quer dos Frades quer do Povo do Porto que teve de suportar os custos da construção. Foi sofrendo alterações mesmo durante o período Filipino e ampliações já no reinado de D. João IV, tendo sido terminada em plena guerra da Restauração. Com medo que os Espanhois voltassem a invadir Portugal agora pelo Norte.


À esquerda da segunda entrada estão estas placas, provàvelmente memoriando batalhas ou guerras. Não sei. Mas sei que faltam imensas letras e a "patine" do tempo destruiu o que não custava limpar. Mas como o edifício pertence ao Instituto de Defesa Nacional (o que será este Instituto ?) que aqui tem serviços (?), logo a um Ministério, por conseguinte, coisa pública, logo, deixa estragar. É da tropa...
Continuando pela história, os beneditinos viram os seus protestos compensados com a construção da Igreja de S. João da Foz, ali próximo, inaugurada em 1647, levando ainda como ajudas de custo 6.000 cruzados dados pelo rei. O D. João IV, relembrando, se é que não perdemos o fio à meada. A Capela-mor da antiga Igreja conservou-se dentro da Fortaleza funcionando como Capela Militar. Cujas ruínas só podem ser vistas através de uma porta de vidro couraçada com barras de ferro.
Entre o muro exterior da fortificação e o edifício central, presumo que as valas e outros muros em ruínas, cheios de silvas, deveriam ser fossos, paióis, prisões. Aqui estiveram presos Passos Manuel e o Duque de Terceira no período liberal.


Velhas peças de artilharia estão para ali abandonadas, ferrugentas. Uma pelo menos está pousada numa plataforma de um buraco, dando ideia para que servia.


O único local interior por onde podemos vaguear é este corredor. Bem conservado, sem dúvida. Mas com bastantes galerias laterais, enfaixadas interiormente. Exteriormente, os seus buracos, também foram entaipados com placas do chamado Platex, que estão todas as desfazer-se. Mas lá se vão vendo umas garrafas de cerveja vazias e outros lixinhos. Quem entra no corredor, à direita, encontra uma porta de vidro indicando proíbida a passagem. À esquerda, umas escadas que levam a "entrevistas". Nem me atrevi a entrar nem a passar, porque com a tropa não se brinca. Muito menos com a Defesa Nacional. Até porque é Instituto.

Umas pedras bonitinhas, com rebordos e coisas nelas marcadas encontram-se nos muros e suportes dos arcos.

Todas as passagens que dão para o átrio onde se encontram as ruínas da Capela, estão obstruídas com painéis de vidro. Estão lá outras pedras também bonitinhas. Tudo aquilo com tanto vidro, faz-me lembrar um aquário. Será que é para os visitantes não estragarem nada ? Mas haverá visitantes a este edifício triste, a não ser para comesainas de alguma tropa de elite ? Pelo menos as placas sobre isso há à entrada do corredor. Mas no dia em que visitei o Castelo, haviam outros visitantes. Automóveis não faltavam por ali espalhados (Foto 2).


Há 100 anos, mais ano menos ano, Alberto Ferreira (Praça da Batalha nº 2) editou este postal onde se vê o areal que vinha até ao Castelo. E presumo que a mancha à direita será um esporão que foi destruído.


As imagens de cima são exteriores. As de baixo interiores. A cúpula branca é da Capela.


Por cima dos tais buracos, há uma parede alta. Não se vê o que está para lá. Mas elevando os braços com a máquina fotográfica, vê-se bem a Foz do Douro e o Farol de Felgueiras.


Existiu uma ponte levadiça, baluarte redondo a norte e um esporão que ligava aos penedos da embocadura do rio. Essas novas construções começaram em finais do séc. XVIII e ainda em 1827 não tinham terminado. Mas segundo as crónicas tudo se desmantelou devido a uma rectificação urbana. Fico cheio de dúvidas, lendo as informações dispersas, principalmente sobre as datas e os locais.


Dúvidas não teve Camilo Castelo Branco que em 1854 bailava nos brilhantes saraus do Castelo da Foz, nos quais "...fugiam as noites e alvoreciam as manhãs, esmaiando, sem poder quebrantar, a formosura das graciosas damas...".


Também não teve dúvidas o sargento Raimundo Pinheiro, que tomou o forte (será que era quartel dos franceses de Napoleão ou estava abandonado ?) e hasteou a bandeira nacional em 6 de Junho de 1808. Pouco antes dos ditos franceses se porem a correr daqui para fora. Nessa altura não ficou a CEE nem o FMI, mas ficaram os ingleses. Mas isso é de outra história.


Foi a Fortaleza moradia de Florbela Espanca, já no séc. XX, esposa na altura de um oficial da guarnição.


Porque me referi a este edifício como Forte, Fortaleza, Castelo, tudo isso tem significado. O nome oficial actualmente é Forte de S. João Baptista da Foz. Foi também Castelo de S. João Baptista da Foz. Mas tudo começou como uma simples estrutura abaluartada, envolvendo o hospício (mosteiro) e a igreja dos beneditinos de Santo Tirso (Igreja Velha) antigas estruturas medievais.


Para nós Portuenses, é apenas o Castelo da Foz.


Uma nota final: Há cerca de ano e meio, foi neste edifício solenemente apresentada a maqueta de uma placa para relembrar os Portuenses Mortos em combate na Guerra de África.
O local para a sua colocação ficou definido que seria aqui, neste Castelo. Até hoje, não sei como está o assunto. Será falta de dinheiro da Câmara ? O arquitecto morreu e com ele a maqueta ? Não há espaço ? Como está triste a minha Cidade.




segunda-feira, 27 de junho de 2011

80 - O Rapto de Gaminedes

Devo uma explicação aos meus queridos amigos e seguidores. No meu poste anterior referi que a escultura O Rapto de Gaminedes tinha desaparecido do Jardim da Praça da República - ou Teófilo Braga, como se queira - e que não sabia do seu paradeiro.Pois bem, por pura casualidade descobria-a. Por vezes, os desencontros "encaixam" em encontros. Viajava num autocarro e ao passar na Cordoaria, no Jardim, lá está ela voltada para a Cadeia, como se confirma pelos reflexos. Claro que a foto foi tirada de dentro do autocarro.
E pronto, era só isto por hoje. O S. João ainda anda entranhado em mim, mas isso são outras histórias. Ou estórias, como me ensinou Carlos Pinhão, há muitos e muitos anos. E não havia um acordo ortográfico como o feito pelos sapientes de hoje.





sexta-feira, 17 de junho de 2011

79 - Praça da República e Jardim de Teófilo Braga

Há dias, vindo da Lapa, pensei em completar um escrito antigo sobre este espaço da Cidade do Porto. Julgo que em tempos recuados, conhecido como Campo de Santo Ovídio, incluía ainda o espaço actual onde se encontra a Igreja, Cemitério e Hospital da Irmandade da Lapa. Pelo menos é o que depreendo de leituras avulsas. Foi João de Almada e Melo quem mandou abrir no séc. XVIII esta Praça para logradouro público. Ficou com o nome de Santo Ovídio, por existir ali próximo uma capela dedicada a S. Bento e St. Ovídio. Foi a primeira vez que li uma referência a esta capela. Terá sido demolida quando a Lapa tomou conta do lugar ?
De imediato a Rainha D. Maria I em 1790, mandou construir um quartel militar para guarnições de Infantaria. Entre o topo poente e o conjunto da Irmandade da Lapa. Lembro-me de ainda ouvir conversas lá em casa em que se referia o Regimento18, que existiu até 1952. Bem como chamarem à Praça, Campo de Santo Ovídio, que só tomou o nome actual em 1910. Mas pelo meio parece que também se chamou Praça ou Campo da Regeneração. Aliás a rua com o mesmo nome começa do lado direito e acaba na dos Ferreiros, junto à Lapa. É a actual do Paraíso. E já agora, também me lembro de nome da Rua da Sovela, actual Mártires da Liberdade; Todas ali bem próximas. Enfim, coisas dos meus avós que não eram muito dados a mudanças que só serviam para confundir.

Não sei se o Campo de Santo Ovídio serviu para o Povo relaxar. Sabemos que era campo de manobras militares. Aqui se concentraram as tropas Liberais de D. Pedro em 1820 e as Republicanas de 31 de Janeiro de 1891. O Quartel teve várias ocupações: foi dos Comandos da I Região Militar do Porto de 1926 a 1970; Comando da Região Militar do Porto de 1970 a 1975; Comando da Região Militar do Norte de 1975 a 2006. Desde esta última data, alberga o Comando do Pessoal. Não sei o que quer dizer esta denominação, mas está escarrapachada na Wikipédia. Para nós Portuenses, é o Quartel General e "mai'nada".

Alguns edifícios apalaçados estão bem conservados. Como o do actual Governo Civil, na esquina das Ruas do Almada com Gonçalo Cristóvão. Que já foi dos Pestanas. A Capela do Palacete está logo a seguir. Em frente, conheci o edifício como a sede de uma cooperativa bem antiga. Hoje não sei o que alberga.

As curiosas casas que ficam do lado direito de quem vai para a Lapa.

Como alguém escreveu, parecem construções de Legos.

E a riqueza arquitectónica continua a nascente.

Várias esculturas estão espalhadas pelo Jardim. O Baco, de António Teixeira Lopes de 1916, recorda o 6º aniversário da implantação da República.

Não sei quem determinou que fosse esta figura da mitologia que vinda dos Gregos, foi adoptada pelos romanos, para comemorar uma data republicana. Será que o escultor e o encomendador quiseram comparar as brincadeiras da República com as orgias vinícolas romanas ?

A recordação do mítico Padre Américo, o grande homem criador da Casa do Gaiato e da Obra dos Rapazes da Rua. Obra em bronze de Henrique Moreira de 1959 e inaugurada em 1961.

No meu passeio, encontrei uma nova escultura e a falta de outra. Inaugurada no centenário da implantação da República - 5 de Outubro de 2010 - uma obra de Bruno Marques. A que estava cá anteriormente foi-se... para onde ?

Refiro-me ao "O Rapto de Gamínedes" de Fernandes de Sá (Avintes, 7.Nov.1874 -26.Nov.1958), a primeira obra do escultor, como que uma contestação ao espírito da época seguida na França de Rodin. Foi escolhida para o Salon de Paris (?) de 1889, para as Exposições Universal de Paris de 1900 e em 1902 para a da Sociedade de Belas Artes de Lisboa. Foi mais um dos alunos das Belas Artes do Porto. Onde estará a Escultura ?

Lembrei-me das minhas fotos antigas para justificar e confirmar a admiração. Então com tanto espaço no Jardim não se pode continuar a mostrar a velha estátua ? Vou deixar a dúvida que poderá estar a passar por um restauro. Mas à Moda do Porto actual será que vai voltar a aparecer aos nossos olhos ? Quando me dizem que obras de António Carneiro estão em armazéns camarários...

A actual Rua de Álvares Cabral (não entendi porque não colocaram o Pedro. Fui confirmar e é o mesmo Cabral, o do achamento do Brasil) chamava-se Quinta das Pamplonas. Na esquina com a Praça da República existia esta beleza, titulada Quinta e Palácio de Santo Ovídio, do séc. XIX, segundo o desenho de Joaquim Cardoso, in Edifícios do Porto em 1833 (pesquisa no http://portoantigo.blogspot.com )

Não sei se é o mesmo edifício. Sei que este está totalmente degradado, com as janelas tapadas com plásticos pretos para o lado do Jardim e visto de Álvares Cabral só as paredes estão em pé. Bom, não é só, pois duas belas árvores ajudam a tapar o monstro. O cartaz era difícil de tirar pois era preciso mostrar um pouco do muro que o separa da rua.

Do lado nascente, novas obras arquitectónicas enquadram mais umas ruínas. Não sei se alguém merecerá um prémio, seja ele qual for. Mas numa terra de grandes arquitectos, que até tem dois Nobeis da dita arte - Souro Moura e Siza Vieira - pode uma Câmara Municipal permitir uma coisa destas ? Penso eu de que...

Existem indícios no Jardim de um certo abandono, junto à falta de civismo, que mesmo aos mais desfavorecidos, não pode ser tolerado. Garrafas de cerveja, sacos de plástico e muita imundície, estão espalhados numa área ainda considerável, principalmente próximo da Estátua do Padre Américo. É simplesmente repugnante. Claro que os antigos urinois estão fechados. Aliás seguindo a tradição que a Câmara impõs: Avenida dos Aliados, Praça da Batalha, etc. Mesmo antes de aqui ser um local triste.

Este era o W.C. das Senhoras. Hoje guardam-se roupas e outros objectos.

Não sei em que ano o Jardim começou a ser bem tratado, com ruas e canteiros floridos. Lembro-me deles, porque algumas vezes apanhava ali o 8 para o Campo Lindo. E trabalhava logo abaixo, na Rua do Almada. Acima de tudo, era famoso pelo conjunto das Palmeiras plantadas em círculo na parte central. Hoje - há 3 semanas - a relva em muitos pontos nem sequer existe. Muita dela está amarela. Flores, poucas. Alguém que deite a mão a esta Praça e a este Jardim.
Os fórmulas I de há 50/60 anos só vão ser vistos por alguns durante o próximo fim de semana. Este espaço deverá durar muito mais tempo. São os meus votos.



quinta-feira, 9 de junho de 2011

78 - Alfândega Velha ou Casa do Infante

O Arquivo Histórico Municipal, desde a época medieval até aos nossos dias, está guardado numa das casas mais antigas da Cidade do Porto: A Alfândega Velha ou Casa do Infante. Reza a lenda que foi aqui o seu nascimento. Dúvidas não há que ele nasceu no Porto a 4 de Março de 1394, pois no Arquivo encontram-se guardados os papeis com as despesas do baptizado e porque também assim reza a crónica de Fernão Lopes sobre o assunto. Há quem aponte ter sido no Mosteiro de Leça do Balio (ou Bailio ?), casa e local de muitas afinidades a D. João I. Mas porque era o edifício civil mais importante da Cidade à época e pertencer ao Reino, associado à descoberta de aposentos na torre Norte, a lenda pode ser transformada em verdade. Certo é que para os Portuenses foi e será sempre a Casa onde nasceu D. Henrique, o Navegador. O Infante.Tudo começa com o desenvolvimento da Cidade e a construção do Cais, que presumo ser o actual da Estiva. Os impostos sobre as mercadorias entradas no Douro eram cobrados pelo Bispo e a Mitra era dona destes terrenos. Em 1325, o Rei D. Afonso IV manda erguer um Armazém Régio e os impostos passam para a coroa. Lògicamente Rei e Bispo entram em conflito . Ganhou o Rei e assim nasceu a Alfândega do Porto. Só quási 545 anos mais tarde, passa para o novo Edifício da Alfândega, em Miragaia, que passa a funcionar desde 1869.

O edifício sofreu muitas alterações ao longo dos séculos, devido ao crescente desenvolvimento da Cidade e ao aumento do movimento marítimo e fluvial. Logo no século XV, D. João I manda construir um corpo avançado, contribuindo para a sua monumentalidade. Com a abertura da Alfândega Nova, o edifício perdeu as suas características e já só era um armazém onde os comerciantes guardavam as mercadorias. Numa foto mais recente, vêm-se os chamados carrejões, vindos do Rio, transportando mercadorias - parecem fardos de bacalhau - subindo a rua junto ao edifício. Ou para nele as depositar ou as entregarem no Mercado Ferreira Borges. Porque para os Armazéns da Rua de S. João não eram, por estarem afastados, embora não muito, deste local. Mas são conjecturas minhas. O edifício visto de Norte para sul, com o Rio em Fundo. Para se chegar à estrutura actual muitas obras e cheias aconteceram no Douro.Por cima da porta da entrada principal, uma memória das comemorações henriquinas de 1894 recordando o 5º centenário do nascimento do Infante. Passando a entrada, um primeiro pátio interior, recorda uma das muitas ampliações que a Casa sofreu. À direita, a nova loja. O arco com as pedras provàvelmente simbolisará o primitivo da entrada que dava acesso ao pátio interior. Não sei.

Sabemos que de entre as várias ampliações, uma foi muito importante, mandada fazer por D. Pedro II. A Casa da Alfândega foi pràticamente reedificada em 1677. A fachada avançou para a rua conforme o é hoje. Uma placa marca esta importante obra.
O edifício primitivo era constituído por 2 torres e um pátio central. Na torre norte foram descobertos vestígios de alojamentos. Além dos serviços da Coroa, funcionava também a Casa da Moeda.


Manteve-se o pátio interior, mas as torres quatrocentistas foram substituídas por alpendres cobertos, e a cota dos novos pavimentos foi uniformizada. Os armazéns interiores foram unidos num espaço organizado em três naves com arcarias, e a fachada principal, que em 1462 já avançara em direcção à rua, recebeu mais dois pisos, passando a dominar de forma ainda mais marcante o espaço público. Neste corpo principal funcionavam então os serviços deslocados das torres, e aí foi construída uma larga escadaria central de acesso à zona de habitação do segundo piso.

A Casa da Moeda sofreu também alterações passando a funcionar num espaço mais reduzido.Já em meados do século XX, sofreu importantes obras de conservação; as escavações arqueológicas em curso a partir de 1991 permitiram identificar, para além das estruturas medievais, também os vestígios de uma grande construção romana.


Dessa ocupação romana, destacam-se os primeiros mosaicos do Baixo Império encontrados no Porto. A musealização destes vestígios, no local onde foram descobertos, foi um elemento essencial do projecto de transformação das instalações.


Um circuito de visita museológico ilustra a história do local


Fragmentos de azulejos Hispano-Mouriscos


Elementos de construção achados no local


Cerâmicas servem para mostrar a actividade comercial ao longo dos séculos


A evolução do azulejo cerâmico produzidos por várias fábricas


Umas cerâmicas em meia-cana chamaram a atenção e a curiosidade levou-me a perguntar para que serviam. Para decorar os beirais da casas. Estas amostras foram achadas aquando da recuperação da Ribeira após a grande demolição. E fui informado de haverem casas no Muro da Ribeira que ainda as tinham. Na primeira oportunidade eis-me de nariz no ar e na realidade descobri algumas casas.

Do lado norte da Casa do Infante, existiu a primeira Bolsa de Comerciantes fundada no século XV. Ao lado abriu-se uma porta aquando das remodelações do séc. XVII.
Essa porta seiscentista ainda se pode ver, bem como as armas de Aviz, uma homenagem ao Rei D. João I, fundador da Dinastia, pelo seu envolvimento na abertura da Rua Nova, depois Rua dos Ingleses e é a actual Rua do Infante D. Henrique

No lado oriental, num amplo recinto, depois reduzido, funcionava a Casa da Moeda. A recuperação do edifício, permite-nos ver as paredes e alicerces.





Também podemos apreciar alguns documentos e moedas que chegaram até aos nossos dias. Claro que no Arquivo Histórico Municipal do Porto devem haver muitos mais. É logo ali ao lado.Recomendo uma visita a este Monumento Nacional desde 2 de Julho de 1924