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terça-feira, 20 de setembro de 2011

95 - Museus do Porto

Esta mania de querer mostrar a minha Cidade do Porto, levou a que alguns companheiros me quisessem fazer companhia e desfrutar do que ela tem para oferecer. A vida agora permite-nos viajar dentro dela e conhecer o que nunca tivemos oportunidade antes. No nosso tempo, exploração do trabalho infantil não existia e era um prazer dar o corpo ao manifesto. Para quem não tinha aptidões para estudar, embora os nossos pais tudo fizessem para que fossemos alguém no futuro, trabalhar era - foi - o nosso destino. Parece que nenhum dos meus amigos mais chegados se queixa.
Mas por vezes fico mal, levando-os para caminhos já conhecidos meus. Vamos então a alguns Museus da Cidade.
                        
O Museu do Carro Eléctrico, na antiga Central de Massarelos, há exactamente um ano, era de entrada gratuita para os "Maiores de 65". Hoje, custa 4 € para qualquer idade adulta. Bem se esforçou uma simpática Senhora em nos informar que já tinha levado à administração esta situação.
Mas o J.Peixoto não está com meias medidas e diz não pago, não pago. Os eléctricos vejo-os na rua e a história vou lê-la à net. É um roubo. A simpática Senhora (será que é a directora do Museu ?), ofertou-nos a entrada. Não nos queria ver aborrecidos. São atitudes destas que marcam e amaciam velhos ranhosos. Porque só queriamos matar saudades do Pipi e do 500, das zorras e do 3, do 9, do 15, do 20 e por aí fora. Carros eléctricos que marcaram a nossa meninice.
A uma paragem de eléctrico ou de autocarro, está o Museu do Vinho do Porto. A mesma cena das entradas pagas à 3ª idade. Há um ano era também grátis. Creio que eram mais baratas do que no Museu do Eléctrico. Mas a raiva voltou. Será a crise que obrigou a sacar uns cobres ? Mas aqui também dois senhores - dois - na recepção, nos autorizaram a entrada grátis. Bem hajam.
Na minha anterior visita, já tinha ficado um pouco decepcionado com o Museu. Agora a coisa piorou. Se a História do Vinho do Porto se resume a vermos umas pipas, algumas louças que parecem ter sido utilizadas pelos "nobres" das quintas do Douro, a uns paineis com imenso texto que ninguém deve ler, a um escritório de um baronete e a umas fotos do Cais de Gaia, a par de uma montra com documentos e a outra com a evolução das garrafas e de rótulos, parece-me pouco. Até porque o edifício tem uma história larga e acho eu, leigo destas coisas, deveria ser melhor aproveitado. Também lhe faltam uns figurinos vestidos à época do séc. XVIII, que vi na minha anterior visita e retirados não sei porquê. O Vinho do Porto merece muito mais.
No mesmo correr e logo a poucas centenas de metros, temos a Alfândega - a Nova, do séc. XIX, pois houve várias ao longo dos séculos - e as suas exposições. Simpàticamente (olha que rufias) perguntamos ao segurança se podiamos entrar. Que sim senhor, têm de tirar bilhetes ali à direita, depois à esquerda, etc e tal. Essas orientações são com o Peixoto, comigo é a máquina. Pois andamos por ali sem ninguém aparecer, de corredor em corredor, de sala em sala, mas isso não me preocupa nada. Ao Peixoto sim, pois agora queria que tirássemos bilhetes. Vozes ouvíamos muitas. Mas quem liga a isso ?
Entrei num gabinete, onde se lia "Chefe da Alfândega - Entrada Proíbida". Pronto, a rapaziada ao fim da força quis-me convencer que não podíamos andar por ali. Fiz-lhes notar que aquilo é um Museu. Não tem outras serventias actualmente.
O casario de Miragaia está em frente, lindo. Imagino no grande salão das recepções e eventos, os "camones" a desfrutaram do panorama.
Claro que fomos andando por ali e entramos num labirinto onde se demonstram em compartimentos as evoluções das comunicações. Começamos ao contrário, quer dizer do séc. XX para o XIX. Mas se nem tínhamos uma informação, que fazer ? Deixar andar até percebermos o que nos querem mostrar. Tudo muito bem, com música ou vozes ambientes, de rádio, TV, gira-discos, gravadores. Aqui imagino que a rapaziada estava a ouvir a BBC no tempo da II Grande Guerra. Ou quem sabe, a Rádio Moscovo.   
Estavamos a olhar para uma porta com passagem proíbida, quando apareceu um senhor, com a informação sala só é aberta para visitas em grupos. Tudo bem, o Peixoto tremeu porque tinha medo que nos perguntasse pelos bilhetes. Mas aproveitamos para saber dos automóveis. (Museu dos Transportes) "Estão ali", disse o simpático senhor. Mas não podem fotografar, olhem o letreiro. Não se preocupe, amigo, nós somos respeitadores. Tema para outra reportagem, como já o foi da Ribeira Negra, telas de Mestre Júlio Resende, expostas num dos corredores.
Tempo para um saltinho até aos Museus de Zoologia e de Mineralogia da Universidade do Porto, no edifício da Reitoria, aos Leões. Seguindo as indicações do segurança, porque o de Zoologia estava fechado mas estavam pessoas lá dentro para mostrar, bastava tocar à campainha, lá fomos felizes, mas se estava alguém lá dentro, ou eram surdos ou tratavam de coisas importantes. Ou já tinham saído do emprego, mas ainda eram 16h20m. E logo, de todos os museus que visitamos, era o único que tinha, para além de nós, mais dois visitantes adultos e uma criança. Todos os outros nem um visitante. Num período com tantos visitantes estrangeiros, como nunca se viu na nossa Cidade, não dá para entender.
Ficamo-nos pelo de Mineralogia a ver pedras com pêlos, diamantes famosos copiados em vidro, mas isto é brincadeirinha minha porque vale a pena visitá-lo. Há Pedras - desculpem-me se erro no nome daquelas "coisas", o lógico seria chamar-lhe minerais, mas à falta de conhecimentos vai mesmo assimde todo o mundo. Acho que me entendem.
Visitem os Museus. Pelo menos sempre se aprende alguma coisa, se estiverem abertos.