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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

110. Finalmente, o Convite

Há muito tempo que me havia feito a um convite dos compadres Penafidelenses para uma nova visita a Penafiel e à Quinta da Aveleda. Finalmente ele chegou, ao fim de mais de dois anos, desta vez pela voz do Joaquim Peixoto.
O maior sacrifício seria o de levantar quási de madrugada, tendo de arrostar com o frio que lavra por cá, para apanhar o comboio das 10 em Campanhã.
Chegada pontual do Urbano, no qual ainda tive o direito ao desconto da velhice. Fui contando os passageiros que entraram e saíram e devo dizer que foram mais de 60 os que viajaram entre os cerca de 40 km do percurso, só na minha carruagem. Esta é a linha do Douro, que tem muito mais de 120 anos de existência mas à qual já lhe roubaram umas dezenas de quilómetros. A bem da Nação, penso eu de que...
Uma neblina muito própria da nossa região bem como o Peixoto, lá estavam à minha espera.
Que, como bom professor, começou logo com uma aula de História e Arte, mostrando-me os painéis que representam, um, o que de mais importante possui o concelho...
... e o outro a Guerra das Espadas. Se'tor, me desculpe se estou a meter os pés pelas mãos, sobre esta bela história de Penafiel que me contou, mas como Mestre, vai-me corrigir. E escreva a história. O pessoal vai gostar.
Posterior a este escrito, o amigo Joaquim Peixoto corrigiu-me porque o Painel chama-se O Baile dos Ferreiros. Não sei como meto tanta asneira.
Não sabia o que me esperava. Mas a verdade é que estavam por lá outros camaradas da velha guarda: Cancela, Carmelita, Brito, Régulo de Mapatá e Medas Carvalho. Tudo concentrado - menos o Zé Manel Vinhateiro que é o único que ainda faz alguma coisa na vida e por ela, que só muito mais tarde se nos reuniu - marchamos, salvo seja, até ao Santuário da Senhora da Piedade e Santos Passos, mais conhecido como Sameiro.
Edifício construído nos finais do séc. XIX princípios de XX. Sem qualquer referência pormenorizada na net. O Jardim que está a seus pés, construído na mesma altura, não foi esquecido no site da Câmara Municipal.
O nosso querido Prof. Peixoto teve o cuidado de nos referir a imagem do S. Bartolomeu e do Diabo acorrentado, que só é solto no dia do Santo. E nesse dia os Penafidelenses têm o costume de andar de corrente. Bela história Prof. Conta-a por aqui, pois esse tipo de histórias não aparecem na net.
Outra asneira minha, devidamente corrigida pelo Peixoto. Os penafidelenses não andam de corrente, mas sim armados com paus para se defenderem do diabo. Esta minha cabeça...
Está-me prometida uma nova visita guiada a Penafiel, mas já fui tomando notas, embora lá ao longe a névoa continuasse a fechar o Vale do Sousa.
No intervalo da aula, uma amena converseta entre alunos bem comportados. O Carmelita desenfiou-se para tratar de um assunto urgente.
A aula seguinte foi junto à Anta de Santa Marta ou da Portela do Monte, no lugar conhecido popularmente por Forno dos Mouros. E o prazer com que o nosso Peixoto contou a vaidade que sentia nos seus tempos de menino estudante porque aparecia a foto da Anta de Penafiel nos livros primários. O Carvalho aproveitou para informar como os rapazes de outrora construíam estes santuários de veneração aos seus mortos (que não são só as pedras e o seu significado, mas o que está na sua envolvente) e levavam para su-sítio estas pedras extraordinárias. 
Este conjunto megalítico é Monumento Nacional desde 1910 e os arqueólogos presumem que terá sido construído no terceiro milénio antes de Cristo. O Régulo de Mampatá e Medas tira as medidas, pois pensa conseguir uma autorização para levar este material para o seu regulado. Digo eu, ficava muito bem no jardim daquela casa que bem conheço. E m'ai nada.
Mas era hora de ir buscar o Zé Manel e companhia para os comes e trazê-los para um novo refeitório. Estas aulas também têm o seu quê de bom: acabam sempre num local maravilhoso.
Para além das entradas tradicionais (rojões, redenho, salpicão, melão, salgadinhos) a ementa principal foi arroz de pica no chão e para os que estavam de dieta, (leia-se, os mais comilões) lombinhos de porco recheados. Que nem lhes toquei. A companhia de um vinho duriense de boa qualidade estava um pouco frio mas nem por isso deixou de ser devidamente apreciado.
Depois chegam as famosas aéreas do Carmelita. Que só quer poses. Como bons rapazes, Carvalho, Zé Manel e eu fazemo-lhe a vontade.
Depois das sobremesas de variadas frutas já prontinhas a comer e apresentadas em vistosos arranjos, mais um creme, que alguns aproveitaram para encher de canela - para mim creme só no Natal, porque faz mal ao colesterol - chegou a hora do café e bagaço. Quer dizer, gente fina saboreia aguardente velha, em balão aquecido, o que para muitos bons camaradas é sinal de lateirisse completa. Mas dá para aguentar com todas as bocas e ainda fazer mise-en-cene para o realizador Carmelita... 
...o qual, quando fica bem do estômago, gosta de fazer juz à qualidade do rancho e guardar para a posteridade a recordação de quem serve tão bem. Com a devida vénia ao realizador e à fotografada nossa anfitriã, aqui deixo a minha homenagem.
A seguir bem o pior que é conseguir ordem nos trabalhos, pois a desorganização é tal que ninguém se entende. É preciso puxar pelos galões da velhice e marcar uma ordem unida. Até à Quinta da Aveleda.
A coisa esteve feia por causa do estacionamento, mas tudo se arranjou e lá seguimos a pé para a visita. Só que houve menino que queria fazê-la de carro. Como é possível. Ai como gosto de comboios e autocarros... 
A história da visita fica para outra altura. Mas como são simpáticas as cabritas anãs que aqui moram.

A imagem de uma Janela Manuelina para reflectir sobre a história. Disse a nossa simpática cicerone que esta Janela esteve na Casa onde nasceu o Infante D. Henrique e da qual o Rei D. João IV foi aclamado em Dezembro de 1640. Embora não sendo muito de prestar atenção aos cicerones e sim ao que me rodeia, saltou ao meu ouvido essa afirmação que me deixou na dúvida. Procurei no site da Quinta informação mais detalhada. Confirma que foi desta Janela que o Rei foi aclamado e mais tarde oferecida ao primeiro Guedes. Ora, segundo a História, a aclamação deu-se em Lisboa. Acho que é preciso cuidado com estes pormenores. Um amigo num trabalho seu, legenda-a como a Janela da Reboleira.   
Um olhar pelos novos vinhedos.
Na sala de provas, o Zé Manel Vinhateiro coloca a sua opinião
A simpática Cicerone, a quem peço um pouco de paciência para com a velhice. Mas chatos devem aparecer todos os dias. A prova foi excelente. Vinhos e queijos da Casa
Um pormenor a registar.
Por casualidade encontramos um ex-camarada, outrora pertencente ao mesmo Batalhão do Carmelita. Para a posteridade, aqui fica o registo.
O dia não tinha acabado e agradáveis surpresas me esperavam e foram dadas a conhecer. Mas aqui o segredo é total.

Só ficam as imagens, sem pormenores e a ideia foi essa mesmo.
Agradeço aos amigos e especialmente ao Joaquim Peixoto o belo dia de confraternização e a aguardente que me ofertou. Que não pude deixar fechada mal cheguei a casa. Excelente. Em balão aquecido, triplica o seu aroma e degustação.
E o Zé Manel que não me leve a mal. A cada coisa a sua coisa.