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sábado, 4 de agosto de 2012

136 - As belas Terras do Norte - 1ª Parte

Andei uns dias pelo Douro e Trás-os-Montes, com temperaturas de torrar e de quási gelar. Mas em terras onde não falta água, nem loirinhas, nem bom vinho, nem bom bagaço, nada é de temer, a não ser uma coisa tipo é e não é, talvez  se chame gripe, que custa a ir-se de vez. Mas está quási, não se preocupem os amigos.
Esta primeira parte não é para dizer bem nem mal, antes pelo contrário, do que fui encontrando pelo caminho.
E o caminho começou em S. Bento, com a boa notícia de ainda ter direito aos 50% de desconto no transporte ferroviário de passageiros. Pelo menos esse "direito adquirido" pela velhice continua a vigorar.

Mas também, no mesmo local, há más notícias. Os W.C. custam 50 cêntimos do Euro para serem utilizados. Quer dizer que quem for aflito para apanhar o comboio e não tiver a moedinha, está feito. Fica a alternativa de sair da Estação e verter as águas ou no Café Brasil ou nos mictórios - não sei se ainda funcionam - por baixo das escadas de quem desce de 31 de Janeiro. Ou no Hotel Intercontinental, ou no Quim, enfim, aí fica ao critério de cada um e a sorte de encontrar os estabelecimentos abertos. Se não, é mesmo debaixo das escadas que se faz o alívio.
Claro que a coisa também é grave aquando das chegadas. Como não há W.C. nos comboios que terminam ( e iniciam) a sua marcha em S. Bento, o problema tem de se resolver no exterior da estação.
O pagamento para utilizar WC já é utilizado há muito em Campanhã para as Senhoras. Como estava aflito, esqueci de ir ver se para as Senhoras, em S. Bento, é utilizada a mesma receita.
Quem fica a perder é o Egas que vai ter menos visitas.

O primeiro destino foi a Régua. O comboio formado por carruagens que devem ter sido usadas numa zona de guerra ou na pior das hipóteses na zona da grande capital Lisboa, vinha lotado, com pessoal em pé, entrando e saindo passageiros nas várias estações e apeadeiros. A carruagem que me transportou (as outras não sei) soltava tanto barulho que em determinadas alturas era difícil de conversar com o parceiro do lado. De marcha tão lenta, a viagem dos previstos 1h,35m mais ou menos, demorou mais cerca de 15 m.  Valeram as belas paisagens do Douro para distrair o pessoal. Mas por 4,90 euros que mais podemos exigir ?
Na outra coxia viajavam quatro jovens louras muito brancas, parecendo-me que conversavam em francês, mas não estavam com meias medidas para colocar os seus pés calçados  em cima dos bancos, no meio ou ao lado das coxas da vizinha em frente. Não adiantaram os meus gestos chamando a atenção para o facto. Provavelmente acharam-me um idiota pois no seu país deve ser vulgaríssima essa posição de descanso pezudo. (Dicionário da Língua Portuguesa: P(è)zudo: Que tem pés grandes)
Chegado à Régua, a primeira coisa a fazer foi utilizar o W.C. da Estação -não se paga a utilização-. À saída, olhando em volta a apreciar a paisagem, descortinei lá do outro lado no meio da "selva", umas relíquias ferroviárias que devem passar desapercebidas a muita boa gente.

Há muito que a importante Linha do Douro até Barca D'Alva deixou de funcionar. Agora da Régua há apenas uma ligação ao Pocinho, mudando de comboio. As ligações a Vila Real e Chaves também acabaram. Mas as belezas do Douro e Trás-os-Montes, grátis, não poderiam ser aproveitadas turisticamente pelos inteligentes da CP ? Turísticamente falando, existe uma vez por semana, no verão, um passeio no pomposamente chamado Comboio Histórico da Régua ao Tua, numa viagem de ida e volta de cerca de 3h.30m, pela módica quantia de 50 euros, com direito a animação de ranchos folclóricos e a 1 (um) cálice de Vinho do Porto acompanhando um bocadito de bola (Li no boletim da CP, não inventei nem fiz a viagem). Por curiosidade, registe-se que esta mesma viagem, de ida e volta, num comboio normal, custa 7,80 euros num percurso de 40 minutos para cada lado. Se for utilizada por um "velhinho", custa metade. E admira as paisagens, sem a perturbação das moçoilas dos Ranchos.
Nos enormes barracões existe um restaurante de Haute Cuisine, o Castas e Pratos, onde se come pouco e paga muito. Esta semana descobriu-se que utilizavam electricidade paga pela Refer, roubada desde há 4 anos através de uma ligação a um posto de transformação da Estação da CP. Li a notícia no JN, não sei se outros órgãos da comunicação social o referiram. Aos interessados, mais pormenores em http://www.jn.pt/PaginaInicial/Seguranca/Interior.aspx?content_id=2699778

Numa das entradas de Vila Real, saltam à vista estes harmoniosos edifícios bem enquadrados na beleza rústica a seus pés. 
Vila Real viu a sua estação fechar e os comboios acabarem. O edifício está muito limpo e fechado embora um dístico de serviços da CP lá se encontre destacado. Destoa uma bandeira da Refer desbotada, de cor roxa e a desfazer-se.
Longe vão os tempos da chegada do primeiro comboio vindo da Régua em 1 de Abril de 1906 e que em Agosto de 1921 ligava a Chaves.

Mas nesses velhos tempos, inteligentes lembravam-se das populações, da importância das regiões, fossem vinhateiras ou termais por excelência e mandaram cobrir o País de centenas de quilómetros de linhas férreas que passariam a ser mais de 2.000, mesmo com duas guerras mundiais pelo meio. E não esquecendo as de África, principalmente Angola e Moçambique, que muitos de nós (eu não), os vivos da Guerra Colonial, ainda utilizaram.
Mas a primeira ligação entre Régua e Vila Real por caminho de ferro foi feita de 26 de Novembro de 1875 a Setembro de 1876  pelos Carros Americanos a tracção animal.
O edifício está muito limpo, mas fechado, destacando-se um dístico de serviços da CP. Destoa uma bandeira da Refer desbotada e a desfazer-se.

Entretanto as traseiras não apresentam a mesma limpeza das frentes e segundo rezam as crónicas de há poucos anos, aconteceram vários actos de vandalismo e a limpeza por sucateiros amigos de uns bons metros de carris e outro material.


Um saltinho à Casa de Mateus só com a intenção de uma visita rápida, mas o custo da entrada (9 euros) desencorajou uma bolsa pobre bem como a de alguns turistas que por ali andavam.

Como se sabe estão paradas há quási dois anos as obras da futura Auto-Estrada Transmontana. Disse alguém do Governo, já não lembro quem, em 12 de Junho, que iriam ser recomeçadas. Creio que não disse quando. Portanto não mentiu.
De variadíssimos locais vêm-se pontes e viadutos partidos, há espera que algum dia a obra se concretize.

O túnel do Marão, se algum dia for aberto, terá mais de 5.600 m. O maior do País, se...

E andavam os transmontanos brigantinos cheios de esperanças "porque a auto estrada iria ser uma janela de oportunidades" (Dixit Presidente da Câmara de Bragança no dia da assinatura da empreitada em Dezembro de 2008...)

Um abrigo, que julgo pertencer ao Lugar de Olo, é paragem de autocarro e recolha de correspondência. O lugar terá no máximo 60 fogos habitacionais segundo as caixas de correio. Limpeza esmerada do local, o que não é de admirar.

A política e a igreja em irmandade. Edifício da Junta de Freguesia e da Residência Paroquial.

Cortes de gado e onde tudo se aproveita para a fertilização da terra.

Pastagens em liberdade. Não vi pastor nem cães de guarda. Mas deveriam andar próximos, presumo.

Um belíssimo exemplar da raça Maraonesa passeando em liberdade pela sua mão.

Por estes lados, parece incrível como os animais nada receiam. Talvez apenas o lobo.

No Pico mais elevado da Serra do Marão, a mais de 1.400 m de altitude, decorrem as festas da Senhora da Serra. As deste ano tinham sido no fim de semana anterior ao meu passeio.
O local é a bem dizer como uma divisória: entre os Concelhos de Santa Marta de Penaguião ( a que pertence) e cujo centro é no Douro Vinhateiro. O seu distrito é o de Vila Real;  e o de Baião, que distritalmente pertence ao Porto. Igualmente divide as freguesias de Fontes, a maior de Santa Marta de Penaguião, e de Teixeira, de Baião. Esta deu o nome ao famoso Doce da Teixeira que desde menino me habituei a ver - e a comer pois claro - nas festas e romarias do Porto e do Norte de Portugal.

É um dos mais belos miradouros que conheço.
Infelizmente havia muito lixo espalhado. Uma pena que os romeiros não tivessem o cuidado de conservar o espaço limpo.

Na forja ainda muito fria, estará em preparo um pratinho de fotos e informações de belos locais da Região que me obrigo a divulgar. Mas já agora, antecipo uma dica. Percorram os caminhos e não as estradas principais e auto-estradas. Normalmente são bons e a preparação de um cuidado roteiro leva-os a lugares de sonhos. A net ajuda e eu também se for solicitado.

Antes que o meu amigo Zé Manel me morda as orelhas, mai'la sua Senhora D. Luísa, prometo uma visita para breve. Afinal estive a uns míseros 10 km se tanto do seu território, a  Casa de Turismo Rural da Quinta da Senhora da Graça, mas não foi possível a visita desta vez.

Ao meu amigo e ex-camarada Fernando Súcio, devo-lhe para além do agradecimento a um montão de gentilezas, o prazer de um passeio por uma região que recomendo (ando sempre a recomendar, mas é meu feitio, que fazer ...) aos Portugueses e a todos que nos visitam. Viagem cá dentro (foi o nosso Presidente da República que copiou o meu slogan e não o contrário, mas não lhe levo a mal). O Norte espera-vos. E mai´nada. Prontos