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sábado, 9 de março de 2013

153 - À volta da Cadeia

Esta viagem é a continuação da descrita na última postagem. Francamente não gosto desta palavra mas ela existe em Português e mai'nada.
Os meus queridos amigos, amigas e visitantes, provàvelmente já repararam que umas vezes escrevo Aljube, outras Cadeia. Acontece, segundo as escrituras, que Aljube era uma prisão eclesiástica, e no Porto estava em S. Sebastião, no Bairro da Sé. Mas na realidade alguns foram Aljubes civis, mesmo esse eclesiástico da Sé. Cujo edifício ainda existe. No tempo da velha senhora (leia-se Salazarismo) também houve um no Largo 1º de Dezembro, onde está instalado (presumo que ainda esteja) o Comando da PSP. 
Por outro lado, raramente na Cidade se falava em Cadeia, mas sempre ou quási, em Aljube.
Posto isto, se perguntarem a um Portuense onde é a Cadeia ou o Aljube todos lhe saberão dizer onde  fica. Na Cordoaria.
Então prossiguemos.
 
Cheguei ao Largo ou Campo Mártires da Pátria, mas só para chatear o meu amigo J.Teixeira, o Presidente Bandalho, agora chama-se Largo Amor de Perdição. Claro que a rapaziada do Porto e não só nunca lhe vai chamar assim. Mas para o caso não interessa nada.
Ainda não tinha reparado neste Quiosque, cuja missão principal, deve ser o de ocupar um espaço para que os automóveis não encham totalmente o pequeno largo, coisa aliás que não interessa a ninguém, exceptuando os visitantes dos Monumentos que lhe estão próximos ou quem corre para as paragens dos autocarros. O Parque de Estacionamento ali a duas dúzias de metros não serve para grande coisa. Penso eu de que...

Os edifícios entre as Ruas de Trás e Caldeireiros estão muito limpos e restaurados. Onde esteve o Xavier cangalheiro é a Farmácia Pombeiro enquanto o edifício onde esta esteve anteriormente continua entaipado.

Talvez por causa da inauguração do "novo" Largo e da Estátua do Camilo - vai já a seguir - a Fonte de Neptuno ou mais concretamente da Porta do Olival, encostada à parede da Cadeia, foi limpa e a deitar água, coisa que nunca tinha visto. Mas de tal maneira foi o serviço feito que a água transborda. Não sei se foi sempre este o local da Fonte, cuja água "vinha por uns canos de Paranhos".
A parte superior da pequena coluna do lado direito já falta há muitos anos.
A mancha vermelha na foto não faço ideia porque aconteceu.

A repetição desta imagem (embora a foto tenha acabado de sair do revelador), tem uma razão. Em escritos anteriores, referi que a nova Praça de Lisboa - não sei se mantém o nome - tem plantadas no jardim superior, Oliveiras. Ora exactamente neste imenso espaço que incluía o actual Jardim da Cordoaria e ia até à Praça de Carlos Alberto de hoje era o Campo do Olival. Antiquíssimo, pois foi incluído na doação da Rainha D. Teresa (mãe de D. Afonso Henriques, o nosso primeiro) ao Bispo D. Hugo em 1120.
Embora começasse a ser urbanizado no séc. XIV, creio que foi um dos Filipes que o mandou destruir, por as oliveiras já estarem velhinhas. Já contei uma parte desta história. No local onde está este Jardim modernaço foi o Mercado do Anjo.
Portanto, as Oliveiras de agora são uma bela homenagem na minha opinião. Mas só quem subir à Torre dos Clérigos pode ver bem o Jardim, pois continua fechado. Talvez haja uma razão para isso.
 
Claro que quem passa junto à Torre dos Clérigos, tem de parar obrigatòriamente para admirar a Velha Senhora.
Seja de que ângulo for. Aquele edifício à entrada da Rua de Trás é que está a estragar tudo. Não há uma mão caridosa que resolva esse contraste tão feio ?

Uma paragem é obrigatória no Café do Olival. Desta vez não foi para petiscar, mas só para matar a sêde. Já referi que a parede que dá para o largo tem pedras da antiga Muralha Fernandina. Mas nos lavabos masculinos também se podem ver mais pedras, religiosamente conservadas.
No interior existem duas enormes reproduções fotográficas. Uma delas retrata o local provàvelmente no  princípio do séc. XX. Pelo menos um automóvel já circulava por estas bandas, sabendo-se que o primeiro foi importado em 1895 para Lisboa pelo 4º Conde de Avilez que logo na sua primeira viagem até Santiago do Cacém atropelou um burro.

Uma visita obrigatória à nova estátua de Camilo, inaugurada em meados do último Dezembro, comemorando os 150 anos da publicação do Amor de Perdição. Está em frente à Cadeia colocada sobre a direita. O escultor foi o Almadense Francisco Simões, um artista que reproduz figura femininas cheias de formas. Quem sabe se não foi a Catarina Furtado, na série Ferreirinha de há uma dezena de anos que o inspirou.
Sobre o Camilo todos sabemos quem foi e na realidade só podia estar bem acompanhado.

Mais uma visita à Cadeia, que como tenho escrito alberga o Centro Português de Fotografia. Neste momento está uma exposição temporária sobre a Catalunha. Um dica para quem não saiba onde fica esta extraordinária região, é no Nordeste de Espanha. A capital é Barcelona. Lògicamente que esta informação é para outros Mundos. Um dia hei-de começar a traduzir estas letrinhas para Inglês e Francês. 
Para além das exposições, esta nas antigas enxovias, é sempre de admirar o extraordinário edifício. Pelo menos, nunca me canso de por ele andar.
Não encontro referências sobre esta bela fonte. Do lado direito não terá existido uma imagem ?

As colunas da Sala do Parlatório.

Repito sempre esta imagem, só porque me comovo olhando-a.

A Porta de entrada da Sala do Tribunal, agora dedicada a Aurélio dos Reis, o primeiro cineasta português.

Uma outra repetição. Não sei a razão e ninguém me sabe explicar, porque tem de estar esta foto invertida.

Pormenores do interior. Impressionantes estas pedras.
Fico por aqui e na expectativa que os meus amigos visitem esta parte da Cidade. E estes monumentos, as exposições no Centro de Fotografia, o Jardim do outro lado, as Igrejas, a Universidade, os Museus, a Lello. Tudo junto, é para um dia bem medido. Mas lá iremos.