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quinta-feira, 11 de abril de 2013

155 - A cidade num dia de Invernia

Dia alternando entre o bom e o mau, este (ontem) 10 de Abril de Águas Mil. Aliás, começou pelo muito bom, pois o meu amigo Fernando Súcio pediu-me um passeio para mostrar alguma coisa da Invicta à sua filha Susana e genro Allan, ambos a trabalharem no Luxemburgo.
A amigos destes não se nega absolutamente nada, ainda para mais tratando-se de promover a Cidade do Porto, pois então.
Claro que as Águas Mil estavam previstas desde há uns dias, mas não seriam elas que iriam causar transtornos.

Por questões logísticas começamos o passeio pelas Areias e Azevedo de Campanhã. O Porto a Oriente. Ligeiras explicações sobre Furamontes e o Horto Municipal (a talhe de foice vem a propósito lembrar que ainda não recebi resposta sobre o meu pedido de autorização para visitá-lo. E já lá vai um ano...), o Parque Oriental, o Monte do Forte e a Guerra Civil, e o Estádio do Dragão visto cá de longe, os Rios Torto e Tinto.
Sinais de trânsito mal colocados obrigaram o meu amigo Fernando a andar às voltas, mas lá chegamos à Circunvalação no Freixo, e uma ligeira explicação sobre a Quinta da Revolta e o Horto Moreira da Silva.
     
A primeira paragem para recordar em imagens logo a seguir à Mota-Engil. Ver o rio Douro turvo, revolto e de grande caudal e a magnífica Ponte do Freixo. Ao fundo o Palácio do Freixo, hoje Hotel, o Museu da Imprensa - a não perder uma visita - a antiga Fábrica de Moagem em tons de rosa escuro, também fazendo parte do complexo hoteleiro e cujo edifício estava prometido para o Museu da Indústria. Coisas da Vida. A Marina sem movimento. 

Seguimos circunvalação fora e lá estavam os destroços provenientes da derrocada de há dias, junto à Calçada da Corticeira. Nada que não se esperasse, dado a imensa infiltração de águas naquela zona e as ruínas de edifícios que ali se encontravam. Já eu o dizia há dois anos. (Postagem nº 59).

Logicamente é preciso ir ao Terreiro da Sé. Não só ver a Cidade cá de cima, como também visitar o que fosse possível. Por causa do estacionamento, começamos a visita à Igreja dos Grilos e ao Museu de Arqueologia. 
Mais uma vez recomendo esta visita, bem como à Sala Irene Vilar. Aproveitei para fazer mais umas fotos de algumas das peças em exposição e colher a imagem deste Cristo, para mim um trabalho extraordinário. Pena estar localizado junto a uma janela bastante luminosa o que não permite olhar bem toda a escultura.  

Normalmente a Cidade encontra-se bastante limpa. E nos bairros velhos nota-se perfeitamente. Infelizmente nas escadas de acesso aos Grilos, isso não acontece. O latão encontrava-se cheio e ao longo das escadas imenso lixo. Sei que são lixos turísticos, mas a Câmara ou a Junta de Freguesia deveria ter mais cuidado e esvaziar estes contentores. Lamentável. 

Rumamos à Sé e fiquei feliz por encontrar a imagem de Nossa Senhora da Batalha que esteve num nicho na Porta de Cimo de Vila das Muralhas Fernandinas, junto à Capela da mesma Padroeira. É uma imagem do séc. XIV. 
Essa Capela - a segunda, construída provavelmente no local de uma primitiva - estava na Praça da Batalha, mais ou menos próximo onde hoje temos o Teatro S. João. A confraria de Nossa Senhora da Batalha já vem desde o séc. XVII. Não sei datas sobre a edificação das Capelas, mas sei que esta foi destruída em 1924.
Lá fora a chuva caía impiedosa. Os muitos turistas que por ali encontramos estavam recolhidos. Hora de aproveitar para fazer uns bonecos de dentro da Sé.

Sábado passado, se não estou em erro, o amigo e ex-camarada Zé Carvalho, acordou-me de madrugada para informar que O Porto já não estava de castigo voltado para o mamarracho actual recordando a velha Casa da Câmara. Lá, no Terreiro da Sé.
Pois bem, ontem foi o dia para confirmar esse feliz acontecimento e só tenho de dar os parabéns ao Presidente Camarário Rui Rio pelo seu acto. Tardio, mas assunto resolvido. 
A estátua do nosso Porto estará feliz por se encontrar próximo do seu primitivo poiso, a antiga Câmara Municipal, entre as actuais Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados. Não está tão alto como outrora, mas o lugar é digno.
Imagens na Sé e na Praça da Liberdade. Antes e agora. Só lhe falta uma luz bem como às outras estátuas que se encontram na nossa Sala de Visitas.
 
Para facilitar o nosso movimento, guardou o Fernando o seu carro no Parque das Fontaínhas. Uma vista sobre o Rio e a Serra do Pilar deste belo local e tão maltratado. É um morro em vias de desmoronar.

A Capela do Senhor d'Além daqui não mostra sinais de estar a ser recuperada. 

O itinerário a seguir era até à Ribeira para almoço. Uma espreitadela à Rua do Miradouro, que continua entaipada. Um buraco que não se resolve.

O caminho escolhido foi o dos Guindais. Limpo, bem arrumado, embora se veja pequena degradação em alguns prédios.
 O amigo Fernando em grande pose, guarda uma recordação.
A meio encosta a majestade da Ponto Luís I.

Olhamos o Rio Douro na Ribeira. Continua forte e alto. Momento para lembrar a Ponte Pênsil, a Ponte das Barcas, as Alminhas da Ponte, as Invasões Francesas e os saques. O Rio da Vila, a Praça da Ribeira, as Fontes e o mamarracho do S. João do Cutileiro, o granito, o ferro e os azulejos do casario. Os Cais, os Muros e o Postigo do Carvão.

Caminhando à procura de Sável para o amigo Fernando, entramos pelas traseiras de S. Nicolau e amesentamos - e bem - na Adega S. Nicolau, hoje um bonito restaurante. 
Portanto, Sável de Escabeche para o Fernando, Linguado e Salmonete para a Susana e Allan e para mim, claro, umas belas Tripas. Em dose individual, um exagero. Para mim, claro. O Allan provou delas (nunca vi um enorme homem comer tão pouco) e o Fernando também lhes acertou. Vinho da Casa duriense, pois claro, bem razoável.

E a chuva não parava. Mas era preciso ir ao Hotel descarregar malas pois os jovens ficaram no Porto para na sexta-feira regressarem ao Luxemburgo. Escolheram o Vitória Village. Na Vitória. (Ver minha Postagem 152). 

Este conjunto edificado é o Palacete dos Maias que vai dar à Rua das Flores. Está em restauro como já disse. Foi-me permitido olhar o pequeno jardim.
Por entre os entaipamentos avista-se a Sé no outro morro.
É uma pena a dificuldade em fazer chegar o carro até ao Hotel, pelo menos a quem só sabe andar a pé e assim as informações não são precisas. Aquele sinal de proibição na esquina da Rua de S. Miguel, ao fundo da Rua de S. Bento da Vitória é uma preciosidade...Claro que vimos carros que não lhe obedeceram, mas realmente são talvez uns 50 metros sem sentido nenhum. 

A Velha Senhora Torre dos Clérigos espreita lá do alto, com o seu garbo habitual

Outra boa notícia, o Miradoiro da Vitória já abriu e limpo. Escusado referir as belas imagens sobre outros locais da Cidade. 
No largo, estudantes de Capa e Batina deveriam estar a praxar novos universitários. Vestidos vulgarmente. Uns e outros desandaram quando entramos. Não sei se por casualidade. Uns e outros com uma cara, que, como explicar, tipo tristeza, de caso, enfim, espero que compreendam. Eu não compreendo, quando é Festa - ou deveria sê-lo - mostrar aqueles rostos.

Era Dia de Bando e ficou acordado irmos ter com os Bandalhos ao Café Progresso, casa-sede dos ditos. Uma cervejinha que a sede já era muita e acordamos o local do jantar. A Churrasqueira das Antas.
Esperava-nos uma surpresa desagradável.

O carro ficou estacionado no Parque em Carlos Alberto. Registado às 17h46m. Registamos o Pagamento às 18h54m que foi de €.2,85. Pois bem, a saída foi-nos recusada pois teríamos de pagar mais €.0,90. Voltamos atrás para pagar o que aconteceu às 19h05m. Quer dizer, os 11 minutos que demoramos a sair (incluindo o regresso à máquina para pagar esse excedente, talvez 2-3 minutos ) valeu um roubo de €.0,90 cêntimos.Ora toma. Os autores são a SABA PORTUGAL. Para que conste. Num País de Ladrões, mais um menos um não se nota. Mas fica o aviso.
  
Ao jantar, para lá do trivial queijo branco no azeite e azeitonas ao alho e azeite, não nos desviamos do habitual frango pestisqueiro, seguindo-se o Bacalhau na Braza. Como de hábito. 
Para a posteridade aqui ficam os comensais.

Um Porto noturno desde o Cais de Gaia, um café e bagaço no Bar do Grupo dos Mareantes do Rio Douro - não esqueci de contar a história de S. Gonçalo - foi para terminar em beleza este dia. Onde a chuva parou ao final da tarde.  


Uma vantagem da chuva: limpa o tempo e a poluição e deixa-nos olhar a Cidade. Com outro olhar.

Pai, Genro e Filha escondida. Final de dia.
Para que conste, o Fernando chegou perfeitamente a Casa. Para mim foi um grande prazer poder ser útil.
Não sei se Allan se escreve assim ou assim Allen. Para o caso, espero apenas que não me leve a mal se errei.