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segunda-feira, 8 de julho de 2013

164 - Memórias de Trás-os-Montes e Alto Douro. 5

De S. João da Pesqueira à Régua

Tinha uma curiosidade grande em conhecer S. João da Pesqueira. Um nome que é como um mito na história do Vinho do Porto. Para mim. O amigo Fernando Súcio fez-me a vontade.
Vindos de Linhares de Ansiães, é só atravessar o Rio Douro na Barragem da Valeira e já estamos na área do Concelho. 
Sobre a Barragem e a história envolvente do Cachão da Valeira, podem os meus leitores ver a postagem número 161. E já agora recomendo as últimas quatro.
As três fotos que se seguem podem já ter sido publicadas, ou pelo menos umas parecidas, mas é para melhor nos concentrarmos no tema.

 Vindos de Linhares, em frente é já pertença do Concelho de S. João da Pesqueira.
Registados os caminhos das propriedades e as estradas. 

A Barragem está lá no fundão mas por ocasião desta foto já a ultrapassamos e fomos subindo. Tem de se aproveitar cada curva da estrada, pois não sabemos se mais acima lamentaremos a falta do boneco.

Pois, aqui já não se vê a barragem. E é sempre a subir, curvas e contra-curvas, num rolar constante e que nunca mais acaba.

A região é muito antiga e gaba-se de ter o foral mais antigo de Portugal que ainda o não era, doado antes da nacionalidade. Linhares e Ansiães também puxam para si este título. Para o caso não interessa nada e só temos de olhar o que nos rodeia. E já não é pouco.

Olhando muito ao longe, um zoom para ver o que dá. Embora uma placa lá no meio de umas subidas nos tivesse deixado com a pulga atrás da orelha. Vim a descobrir que é S. Salvador do Mundo, um Santuário composto de nove capelas que começaram a ser construídas desde a base do Monte até ao cimo a partir do séc. XVI. A primeira capela fundada em 1594 estava ligada à devoção dos marinheiros. 
Muitas lendas associadas ao Santuário que os caros leitores interessados podem ler pormenorizadamente em:
http://www.sjpesqueira.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=30467

Segundo a Câmara Municipal, há muitas casas brasonadas. Devem haver bastantes no interior das propriedades que aqui lhes chamam Quintas. Não esqueçam os meus leitores que apenas fiz um pequeno percurso por Pesqueira e as Casitas não aparecem à vista. Creio mesmo que a maior parte estão ao serviço do Turismo Rural e são pertença das grandes empresas de Vinhos do Douro e do Porto. Coisa só para camones.
   
Chegados ao centro do Concelho e mesmo a correr, memorizei este palacete porque o seu desenho não me era estranho. Uma corridinha para fazer a foto e mais tarde verificar do que se trata. Chama-se Casa do Cabo, nome que lhe advém por estar no extremo Este da antiga localidade. Símbolo do desenvolvimento económico e do poder nobiliário que se desenvolveu no Douro no séc. XVIII, de tipologia arquitectónica de Nasoni. Lá está, tinha razão a minha memória.  Parece que se pode visitar e é onde funciona o Tribunal de S. João da Pesqueira. Tem jardins e 365 portas diferentes.
Fiz uma foto do totalidade da fachada, mas a minha máquina...

O Concelho foi berço de gente ilustre da qual destaco: José Paradela de Oliveira, professor, advogado e cantor de fados de Coimbra; o escultor Eduardo Augusto Tavares (tem Casa Museu); Sequeira Costa, músico e compositor; José Augusto Seabra, professor, embaixador, político; e em homenagem ao meu primo Seixas, aqui vai recordado um seu antigo parente José Maria da Cunha Seixas, jornalista e advogado. Presumo que o seja, pois nasceu em Trevões, tal qual o Alfredo.
  
Mas S. João da Pesqueira também foi terra de Távoras, família cuja origem se perde nos tempos.O primeiro Távora existiu antes da Nacionalidade Portuguesa. É o que está escrito. Depois foram donos de grande parte de Portugal. 
Chegados aqui, dei comigo a magicar se não foi nesta terra que começou a pensar-se no desaparecimento da família. Já lá chego.
José Sebastião de Carvalho e Melo, mais tarde Conde de Oeiras e mais tarde ainda Marquês de Pombal estudou no Convento Franciscano da Vila e amandou-se a uma bela filha Távora. Estes não gostaram do assunto e mandaram passear o José, um jovem plebeu. 
Sabemos o resto da história, mas para quem não saiba aqui vai contada à minha maneira. O José  chegou a primeiro ministro no reinado de D. José I e aproveitando uma cena muito mal contada, ou seja um atentado ao Rei, pegou nos Távoras como culpados e mandou os homens para a fogueira e as mulheres e crianças para conventos. Mas deveria haver também uns ciumes, pois o Rei D. José andava de amores com uma Távora. Não sei se a mesma que foi negada ao juvenil José. Prontos.

Passamos por alguns lugares a correr, a caminho do Rio Douro e da Régua.

É só beleza, muito pelo arrojo dos homens, que subindo os montes construiram os célebres socalcos do Douro.

 Já avistamos Pinhão, o antigo coração da Região.

Por aqui já conhecia a região, embora percorrida em sentido contrário e em outro horário. E há menos de um ano.
Mas nunca cansa olhar. 


Régua, final desta viagem maravilhosa oferecida pelo amigo Fernando. Que me levou às terras altas do Marão por Vila Real e Santa Marta de Penaguião, passando por algum Nordeste Transmontano e me trouxe até aqui.

Sobra um tempo para ler esta placa cheia de sentido. Quer dizer, sentido já não tem muito porque os comboios estão a desaparecer. E não só na região. Portanto, é uma revolução ao contrário.
Uma informação para quem precisar de usar os quartos de banho. Já não funcionam no edifício da Estação, mas sim em contentores. Também não posso dizer que seja para sempre ou não.

Obrigado pela vossa paciência amigas e amigos leitores. Desfrutem mais as fotos do que os textos. E venham a Trás-os-Montes e ao Alto Douro.

Não liguem a alguns defeitos especialmente do lado direito das imagens. A minha máquina estava quási pronta para entrar em greve. Que ainda dura. Mas fizemos um acordo e brevemente regressará ao trabalho.