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domingo, 23 de março de 2014

184 - Massarelos e a Velha Fonte

Meus queridos leitores e leitoras, conterrâneos e fregueses Massarelenses, cá estou de novo, divulgando a minha (nossa) freguesia de Massarelos.
Se bem se lembram, na postagem anterior estava na beira rio, no meio do nosso tradicional nevoeiro.
Não se iludam só porque algumas fotos estão cheias de luz. Aproveitei-as de um passeio de há mais de 3 anos. E achei-as dignas de figurar neste escrito, porque mostram uma parte da minha-nossa Freguesia recuperada.
Vou para caminhos que nunca percorri. Lá chegarei.
Dos meus arquivos, esta foto da entrada da Rua da Fonte de Massarelos. Acreditem, meus amigos, que a Câmara Municipal não faz qualquer referência a esta Rua e a sua toponímia. Mas que é antiquíssima, não restam dúvidas.
Mas quero relembrar-vos que a minha busca era a Fonte.
Mas como alguém disse ou escreveu, o caminho faz-se caminhando. E caminhando, encontrei uma memória em homenagem ao Senhor dos Navegantes. Massarelos desde tempos imemoriais ligada ao rio e ao mar, as suas gentes criaram esta memória provavelmente em 1732. Reconstruída em 1907 com obras que incidiram sobre a cobertura, os azulejos e as grades em ferro. A manutenção é feita pelos moradores. Bem, os azulejos não os vi.  
 Vamos prosseguindo pela estreita Rua da Fonte de Massarelos e olhar os seus edifícios.
Estes belos dálmatas - será que são ? - vieram olhar-me e o seu rosnar foi entre o cumprimento e o não te atrevas. Se bem entendo a linguagem canídea.
 Logo à frente deparou-se-me a velha Fonte que procurava.
Mas deixem-me contar uma coisa antes de a descrever. No início da Rua da Fonte de Massarelos, perguntei a um habitante que vinha de comprar o seu pão, onde ficava a Fonte. Acreditem, caros leitores, o senhor disse-me que só havia uma fonte, antiga, e estava logo ali. Não conhecia outra, que andou alguém ligado à Junta de Freguesia há pouco tempo por ali a bisbilhotar, não sabia nada. Foram estas as suas palavras, mais ou menos.
Ora o que o amigo de ocasião me descreveu era um fontanário em ferro, como há ainda alguns espalhados pela cidade, fabricados pela fundição de Massarelos, a partir da primeira década do século passado. Quero com isto dizer que mesmo ao pé da porta não conhecemos o nosso património colectivo.

Ora a nossa Fonte da Rua de Massarelos é uma construção edificada provavelmente em 1637, pois a sua obra foi adjudicada em Janeiro desse ano ao pedreiro Jorge Mendes por 18$000 réis, tendo a cidade fornecido a cal. Naquela altura, a rua deveria chamar-se de Rua da Fonte das Bicas de Massarelos.
Tem incorporados lavadouros públicos de construção recente, mas mantendo a tradição primitiva. Alguém escreveu (parece que um Noronha em 1885) é um manancial abundante, fornece uma fonte com duas caieiras na Rua das Bicas em Massarelos, a mina é aberta em uma propriedade adjacente (do Barão de Massarelos, outro Van Zeller que não terá nada a ver com o Conde de Vilar já antes referido) onde corre a água para tanques próprios para lavagem. 
Para a frente o desconhecido. 
É a Rua do Casal do Pedro, bifurcando à frente com a Rua dos Moínhos. Talvez um dia faça um passeio com muita subida. O que não me agrada.
Na esquina fica uma das "sociedades" tão comuns na cidade do Porto, fundada nos anos 50 do séc. XX. Descobri isso por mera casualidade num blogue cujo autor desconheço mas é de pessoa ligada à música (conjunto musical Tomaoks) e amiga do saudoso Pedro Osório. Lembraste deles, camarada Vilaça ?
A Rua tomou o nome de Casal do Pedro em 1745 a partir de um lugar com o mesmo nome referido já em 1694, mas cuja origem toponímica se desconhece.
Regressamos pelo mesmo caminho, isto é pela Rua da Fonte de Massarelos.  
 E uma nova descoberta. Alminhas de tradição antiquíssima, também ligada aos navegantes. É o Senhor dos Aflitos. Ou será do Senhor Corpo Santo de Massarelos ?  No JN, o Professor Germano Silva/JN/vídeos  e a fotógrafa Joana Bougard/JN em http://www.jn.pt/live/Programas/default.aspx?content_id=3262424&seccao=Passeios, têm de se entenderem para não nos confundirem. 
Escadas e labirintos que nos levam para caminhos também antigos: Por exemplo ao Campo de Rou, que talvez queira dizer descanso. Lembretes do séc. XVII.
A Rua do Outeiro. Que é como se não existisse, a não ser para os seus moradores.
Mas está marcada uma visita por estes trilhos com o meu amigo Manuel Cibrão, um velho habitante da zona. Vai-me mostrá-los e contar histórias. 
A foto acima é da tal passeata de há uns anos. O Sol é de Agosto e marcou o términos de uma viagem-passeio por um dos Caminhos do Romântico. A descer, pois claro, por Entre Quintas. Mas isso são outras histórias.
Estou de novo na Alameda Basílio Teles, aberta no século XIX com o nome de Alameda de Massarelos. Mas muito antes foi a Rua dos Banhos ou Banhos de Massarelos.
Um apontamento de passagem, sobre este lugar. No séc. XIII existiam aqui salinas, as quais motivaram uma intervenção do Rei D. Dinis que por alvará régio de 1280 confirma ao Prior de Cedofeita o privilégio do seu couto tirar o sal das marinhas de Massarelos. 
No princípio do séc. XX já os eléctricos - americanos -  passavam na Alameda. Outra história para breve. Prometo.

Caminho um pouco no sentido do Largo de Massarelos, é obrigatório olhar a Rua da Restauração e lá no alto, escondidos pela neblina, estão os Jardins do Palácio de Cristal. 
No largo de Massarelos encontramos o velho Chafariz com o seu nome, mandado edificar pela Câmara em 1805 e restaurado em 1944. Servia não só a população como para dar de beber aos animais. Muitas Fontes e Chafarizes da Cidade tinham esta dupla função. Velhos são também os álamos que marcam este largo.
Porque já se fazia tarde e era preciso meter umas coisitas para dentro do organismo, apanhei o autocarro 500 que me deixou bem perto da Adega do Olho e matar as saudades das suas famosas Tripas da Quinta-Feira. Passando o autocarro pelo novo, relativamente, viaduto deu para mostrar o chamado Cais das Pedras. Ou uma parte dele.

Massarelos é ou foi uma freguesia que actualmente faz parte da associação (acho que é assim que se chama) das freguesias de Lordelo-Massarelos.
A sua história é bem antiga vinda pelo menos desde o tempo da nacionalidade. Vamos continuar a conhecê-la. Até breve. 

terça-feira, 18 de março de 2014

183 - Massarelos. Do Bom Sucesso ao Rio




terça-feira, 18 de Março de 2014


183 - Massarelos. Do Bom Sucesso ao Rio

No episódio referente à primeira etapa, escrevi que trazia na cabeça um plano mais ou menos definido para um passeio por Massarelos. Esta parte foi cumprida e vamos à segunda, mas devo dizer-vos, caros leitores e leitoras, por desconhecimento, houve alterações de última da hora. Mas nada inultrapassável.
Vamos deixar o lugar do Bom Sucesso tal como o conhecemos actualmente e descer a Rua com o mesmo nome.
Não esqueçamos que toda esta zona era um arrabalde da Cidade e foi transformada em quintas de recreio, principalmente a partir do séc. XVIII e cujos proprietários foram maioritariamente os ingleses do Vinho do Porto. Era conhecida como a Cidade dos Ingleses, segundo o nosso historiador, Prof. Germano Silva.
Chegamos ao cruzamento com a Rua do Campo Alegre e à direita encontramos a antiga Casa de Vilar ou dos Kopke Van Zeller, grande quinta da família do primeiro Conde de Vilar, Cristiano Nicolau Kopke (1763-1840)
Uma obra prima do trabalho em ferro.
O terreno foi sendo reduzido em sucessivas vendas de lotes e o restante, bem como a casa, vendidos em 1984 à Congregação das Religiosas do Amor de Deus, a quem já estavam arrendados desde 1939.
 Um balcão do lado da Rua do Bom Sucesso.
Actualmente a propriedade vem até à Rua da Raínha D. Estefânia e os edifícios estão dentro da mesma. Não sei se são instalações do Colégio. Nas minhas costas, está a Rua da Piedade.
Para a esquerda é a Rua de Vilar, o Seminário e a Quinta de Vilar de Cima ou do Castanheiro. Já documentada no séc. XVII, emprazada à família Pacheco Pereira por 300 anos. Serão outros caminhos para novo passeio.
No meu programa estavam incluídas tentativas de descobertas de umas "coisitas" que têm a ver com água. Lá chegarei. E começou com uma descoberta que como tal, não conhecia: Uma fonte à entrada, digamos assim, da Rua de Vilar.
A Fonte de Vilar. Não consegui referências dela e curiosamente o nosso Historiador, o Professor Germano Silva, não a refere no seu escrito O Rio e as Azenhas de Vilar publicado no JN em Novembro de 2009.
Passamos por detrás da Fonte e descobri uma rua pequena sem saída. 

Recuei e entre dois edifícios, descobri um miradouro onde mesmo com o dia enevoado podemos ver o Vale de Massarelos com a Rua de D. Pedro V à direita. Ao fundo estão umas ruínas industriais, que presumo terem sido de antigas fundições.
Uma das razões do meu passeio era descobrir a Rua dos Moinhos e a Fonte do Caco. 
A Rua dos Moínhos é um topónimo antigo e o seu nome é derivado aos moínhos que existiam ao longo do Rio de Vilar (um encontro de águas no local mais ou menos onde se situa a Escola Infante D. Henrique, agora um fio de água que ainda corre a céu aberto) e conhecidas como Azenhas de Vilar. 
Nada nos informa se a Rua é ao lado esquerdo da foto, um caminho pelo meio dos terrenos ou aquele pequeno caminho do lado direito. 
Sensivelmente a meio da foto vê-se uma casa que até poderá ser a reconstrução de um desses moinhos antigos. Em 1758 havia nove a funcionar e mais antiga referência que se conhece é de 1559 à Azenha do Moreira do Casal. (Prof. Germano Silva)
Como não há saídas é preciso voltar à Rua de D. Pedro V que começa a descer para o Rio Douro.
Presumo que foi aberta em 1883 e o seu nome anterior foi de Lugar das Azenhas de Vilar. Mas também Rua do Bispo em 1933. Coisas que a Câmara Municipal informa, ou talvez desinforme nos seus vários roteiros da Cidade.
Muros altos graníticos em quási todo o lado direito. Do lado esquerdo o que resta do Vale de Vilar ou de Massarelos.
Vamos então descê-la e entre os dois lados da Rua da Pena, à direita, duas belas casas.
Não posso saber tudo, mas sei que aqui existiu a Quinta da Pena. Se estou certo, a casa - qual delas ? - é de 1885 mandada construir pelo Dr. Augusto Ferreira Novais em terrenos de família. Juntamente com a Quinta de Pacheco Pereira, na encosta em frente, dividiam entre si o Vale.
As informações camarárias no Roteiro de Massarelos não são precisas. Há a Rua da Pena, a dividir as duas casas e terrenos.

Para trás ficam as edificações características desta zona.
Descendo a Rua, espreitamos o local onde se encontra a Fonte do Caco, assim chamada porque primitivamente tinha um caco a fazer de bica para a água cair nos tanques. Esse caco poderia ser uma telha redonda, ou algo parecido.
A sua construção é do século XVIII e foi restaurada em 1899. 
Um grande zoom, permite-nos ver muito mal a Fonte do lado esquerdo, os tanques e o Rio. Estão colocados sob o muro de sustentação da Rua de Vilar cujo vão foi aberto em 1909 para albergar os lavadouros públicos. 
Não desci o caminho para ver a Fonte de perto, porque encostados ao paredão um grupo de estudantes de capa e batina encontrava-se lá e não quis interromper os seus rituais. Até porque um pau com uma careta espetada "marcava" o limite.

 Um olhar para as hortas ao longo do vale.

Do outro lado, os muros graníticos do Monte da Pena. Pela Viela do Picoto, vamos dar à Rua da Pena onde há alguns anos os instruendos da condução automóvel iam treinar. Ao alto as traseiras da Faculdade de Letras. Adoçada ao muro vamos encontrar outra Fonte.
É a Fonte da Rua de D. Pedro V construída em 1884 para aproveitar a abundância das águas da zona.
Numa grande parte da Rua de D. Pedro V, onde não há edifícios e muros, existiram durante anos vedações em chapa que nos escondiam o vale. Escrevi há cerca de 2 anos e meio que achava um perigo, pois com um encosto mais forte sofreríamos uma queda de muitos metros. Reparei agora que em vez da chapa estão arames e há aberturas de "portões" sinal que vão haver obras. Por entre os arames podemos ver as hortas e o alto de Vilar. 
Entre os telhados do primeiro plano e a casa alta, presumo que seja a Rua dos Moinhos.
A D. Pedro V olhada de baixo para cima. À esquerda são residências estudantis. Bem próximo, há as Faculdades de Letras e de Arquitectura, esta um pouco mais longe.
A dois terços da descida, encontramos uma rua industrial cujo nome homenageia um dos mais honestos militares da Revolução de 25 de Abril: Capitão Salgueiro Maia.
Muito ao longe temos Gólgota e as ruínas da Capela que deve ter pertencido à Quinta. Nos seus terrenos está implantada desde 1983 a Faculdade de Arquitectura. Cá está um tema para novos passeios.
Finalmente chegamos ao Rio e verifica-se que o antigo edifício do Frigorífico do Peixe e Lota do Pescado está a ser restaurado. No futuro será mais um hotel. Foi após o 25 de Abril centro de dia da terceira idade e creche, dirigidos pela Associação de Moradores de Massarelos.
Estava já muitíssimo degradado. Não sei se esta Associação tem novas instalações.
Construído entre 1930 e 34, possuía os métodos mais inovadores da conservação e refrigeração do pescado. As instalações frigoríficas eram ligadas ao cais, julgo que era o do Bicalho ou uma sua extensão, por um túnel.

No exterior, baixos-relevos com motivos alusivos à vida piscatória. Espero que sejam recuperadas.

Do outro lado está o actual Museu do Carro Eléctrico, aberto em 1992, instalado na antiga central termo-eléctrica de Massarelos.
Tema para outra viagem. 
Junto ao Rio Douro a neblina mantinha-se o que nem nos permitia ver a Ponte da Arrábida. 
E aqui termina mais uma etapa, que não o passeio da manhã e novas descobertas por Massarelos me aconteceram.
Vamos deixar o lugar do Bom Sucesso tal como o conhecemos actualmente e descer a Rua com o mesmo nome.
Não esqueçamos que toda esta zona era um arrabalde da Cidade e foi transformada em quintas de recreio, principalmente a partir do séc. XVIII e cujos proprietários foram maioritariamente os ingleses do Vinho do Porto. Era conhecida como a Cidade dos Ingleses, segundo o nosso historiador, Prof. Germano Silva.
Chegamos ao cruzamento com a Rua do Campo Alegre e à direita encontramos a antiga Casa de Vilar ou dos Kopke Van Zeller, grande quinta da família do primeiro Conde de Vilar, Cristiano Nicolau Kopke (1763-1840)
Uma obra prima do trabalho em ferro.
O terreno foi sendo reduzido em sucessivas vendas de lotes e o restante, bem como a casa, vendidos em 1984 à Congregação das Religiosas do Amor de Deus, a quem já estavam arrendados desde 1939.
 Um balcão do lado da Rua do Bom Sucesso.
Actualmente a propriedade vem até à Rua da Raínha D. Estefânia e os edifícios estão dentro da mesma. Não sei se são instalações do Colégio. Nas minhas costas, está a Rua da Piedade.
Para a esquerda é a Rua de Vilar, o Seminário e a Quinta de Vilar de Cima ou do Castanheiro. Já documentada no séc. XVII, emprazada à família Pacheco Pereira por 300 anos. Serão outros caminhos para novo passeio.
No meu programa estavam incluídas tentativas de descobertas de umas "coisitas" que têm a ver com água. Lá chegarei. E começou com uma descoberta que como tal, não conhecia: Uma fonte à entrada, digamos assim, da Rua de Vilar.
A Fonte de Vilar. Não consegui referências dela e curiosamente o nosso Historiador, o Professor Germano Silva, não a refere no seu escrito O Rio e as Azenhas de Vilar publicado no JN em Novembro de 2009.
Passamos por detrás da Fonte e descobri uma rua pequena sem saída. 

Recuei e entre dois edifícios, descobri um miradouro onde mesmo com o dia enevoado podemos ver o Vale de Massarelos com a Rua de D. Pedro V à direita. Ao fundo estão umas ruínas industriais, que presumo terem sido de antigas fundições.
Uma das razões do meu passeio era descobrir a Rua dos Moinhos e a Fonte do Caco. 
A Rua dos Moínhos é um topónimo antigo e o seu nome é derivado aos moínhos que existiam ao longo do Rio de Vilar (um encontro de águas no local mais ou menos onde se situa a Escola Infante D. Henrique, agora um fio de água que ainda corre a céu aberto) e conhecidas como Azenhas de Vilar. 
Nada nos informa se a Rua é ao lado esquerdo da foto, um caminho pelo meio dos terrenos ou aquele pequeno caminho do lado direito. 
Sensivelmente a meio da foto vê-se uma casa que até poderá ser a reconstrução de um desses moinhos antigos. Em 1758 havia nove a funcionar e mais antiga referência que se conhece é de 1559 à Azenha do Moreira do Casal. (Prof. Germano Silva)
Como não há saídas é preciso voltar à Rua de D. Pedro V que começa a descer para o Rio Douro.
Presumo que foi aberta em 1883 e o seu nome anterior foi de Lugar das Azenhas de Vilar. Mas também Rua do Bispo em 1933. Coisas que a Câmara Municipal informa, ou talvez desinforme nos seus vários roteiros da Cidade.
Muros altos graníticos em quási todo o lado direito. Do lado esquerdo o que resta do Vale de Vilar ou de Massarelos.
Vamos então descê-la e entre os dois lados da Rua da Pena, à direita, duas belas casas.
Não posso saber tudo, mas sei que aqui existiu a Quinta da Pena. Se estou certo, a casa - qual delas ? - é de 1885 mandada construir pelo Dr. Augusto Ferreira Novais em terrenos de família. Juntamente com a Quinta de Pacheco Pereira, na encosta em frente, dividiam entre si o Vale.
As informações camarárias no Roteiro de Massarelos não são precisas. Há a Rua da Pena, a dividir as duas casas e terrenos.

Para trás ficam as edificações características desta zona.
Descendo a Rua, espreitamos o local onde se encontra a Fonte do Caco, assim chamada porque primitivamente tinha um caco a fazer de bica para a água cair nos tanques. Esse caco poderia ser uma telha redonda, ou algo parecido.
A sua construção é do século XVIII e foi restaurada em 1899. 
Um grande zoom, permite-nos ver muito mal a Fonte do lado esquerdo, os tanques e o Rio. Estão colocados sob o muro de sustentação da Rua de Vilar cujo vão foi aberto em 1909 para albergar os lavadouros públicos. 
Não desci o caminho para ver a Fonte de perto, porque encostados ao paredão um grupo de estudantes de capa e batina encontrava-se lá e não quis interromper os seus rituais. Até porque um pau com uma careta espetada "marcava" o limite.

 Um olhar para as hortas ao longo do vale.

Do outro lado, os muros graníticos do Monte da Pena. Pela Viela do Picoto, vamos dar à Rua da Pena onde há alguns anos os instruendos da condução automóvel iam treinar. Ao alto as traseiras da Faculdade de Letras. Adoçada ao muro vamos encontrar outra Fonte.
É a Fonte da Rua de D. Pedro V construída em 1884 para aproveitar a abundância das águas da zona.
Numa grande parte da Rua de D. Pedro V, onde não há edifícios e muros, existiram durante anos vedações em chapa que nos escondiam o vale. Escrevi há cerca de 2 anos e meio que achava um perigo, pois com um encosto mais forte sofreríamos uma queda de muitos metros. Reparei agora que em vez da chapa estão arames e há aberturas de "portões" sinal que vão haver obras. Por entre os arames podemos ver as hortas e o alto de Vilar. 
Entre os telhados do primeiro plano e a casa alta, presumo que seja a Rua dos Moinhos.
A D. Pedro V olhada de baixo para cima. À esquerda são residências estudantis. Bem próximo, há as Faculdades de Letras e de Arquitectura, esta um pouco mais longe.
A dois terços da descida, encontramos uma rua industrial cujo nome homenageia um dos mais honestos militares da Revolução de 25 de Abril: Capitão Salgueiro Maia.
Muito ao longe temos Gólgota e as ruínas da Capela que deve ter pertencido à Quinta. Nos seus terrenos está implantada desde 1983 a Faculdade de Arquitectura. Cá está um tema para novos passeios.
Finalmente chegamos ao Rio e verifica-se que o antigo edifício do Frigorífico do Peixe e Lota do Pescado está a ser restaurado. No futuro será mais um hotel. Foi após o 25 de Abril centro de dia da terceira idade e creche, dirigidos pela Associação de Moradores de Massarelos.
Estava já muitíssimo degradado. Não sei se esta Associação tem novas instalações.
Construído entre 1930 e 34, possuía os métodos mais inovadores da conservação e refrigeração do pescado. As instalações frigoríficas eram ligadas ao cais, julgo que era o do Bicalho ou uma sua extensão, por um túnel.

No exterior, baixos-relevos com motivos alusivos à vida piscatória. Espero que sejam recuperadas.

Do outro lado está o actual Museu do Carro Eléctrico, aberto em 1992, instalado na antiga central termo-eléctrica de Massarelos.
Tema para outra viagem. 
Junto ao Rio Douro a neblina mantinha-se o que nem nos permitia ver a Ponte da Arrábida. 
E aqui termina mais uma etapa, que não o passeio da manhã e novas descobertas por Massarelos me aconteceram.