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terça-feira, 1 de julho de 2014

188 - Ainda a Estátua do Porto

Já me referi anteriormente à Estátua do Porto e às suas andanças. Volto a ela, porque mudou de lugar. Mais uma vez. E ainda bem.
A história desta estátua começa por casualidade, creio que em 1818.
A Câmara Municipal adquiriu um palacete na então chamada Praça de D. Pedro (anteriormente já havia tido outros nomes) para instalar os seus serviços. Foi decidido que no cimo do frontão fosse instalada uma jarra de pedra. Por qualquer motivo desconhecido, acabou por se optar por uma estátua de grandes dimensões (Prof. Germano Silva). Há quem visse nesta opção, o propósito de reabilitar a figura do Porto, que Almeida Garrett refere no seu O Arco de Santana.
Esse Porto era uma pequena escultura em pedra, um achado arqueológico provàvelmente anterior à época romana, representando um guerreiro. Andou por uma casa nas Eiras - mais ou menos onde se encontra a actual Rua Chã - passou depois para os Açougues, próximo da Sé até que desapareceu sem deixar rasto.
Não nos interessa por agora o que aconteceu à Praça de D. Pedro-actualmente é a Praça da Liberdade -, mas quando se iniciaram as obras para a abertura da Avenida dos Aliados o edifício da Câmara foi demolido em 1915 e a estátua passou para o Largo da Sé.
Embora não seja muito referido, (li apenas e num espaço do qual não me lembro) mas lembro-me do meu Pai me mostrar o Porto no Largo do Actor Dias. Antigo Largo da Polícia. 
Posteriormente passou para os Jardins do Palácio de Cristal.
Escreve o Prof. Germano Silva que primeiramente para o início da Avenida das Tílias e depois próximo do Roseiral. Francamente tenho a ideia de a ter visto na Mata, próximo do Castelo. Para o caso não é grave.
Junto às ruínas preservadas da Casa dos 24 ou da Câmara, o arquitecto Fernando Távora, reconstituiu-a com uma Torre (a que chamamos o Mamarracho) colocando por trás a Estátua de castigo. Para que o Povo visse o Porto estátua e o Porto cidade. Ninguém via nada, porque raramente alguém entra na torre a não ser um ou outro turista. E eu para chatear as funcionárias cheias de sono.
Neste Posto de Turismo não podemos fotografar. Aquelas pedras devem ser verdadeiras relíquias cheiinhas de valor em euros que podem ser roubadas. É este o argumento em qualquer local público. Só A TV pode entrar.
Mas um verdadeiro artista sempre consegue algo, quando mais não seja registar os vidros imundos da fachada psicadélica
Diga-se de passagem, que sendo uma delegação de Turismo da Cidade, pouco ou nada temos lá a fazer. Oferecem uns mapas da Cidade e deixam pegar em toda a publicidade em folhetos de particulares que estão lá aos milhares. Se perguntarmos onde é o Beco dos Redemoinhos ali a dois passos, olham umas para as outras e encolhem os ombros.
Consegui uma única vez passar os cordões que fecham as escadas, para ver uma exposição fotográfica e a maqueta da cidade meia a desfazer-se.
Estas fotos é que são verdadeiras relíquias pois já tem mais de meia dúzia de anos. E feitas com a velha Olympus made in china em cima da barriga. Ninguém deu fé das fotos porque a máquina não fazia clique.
Mas como o arquitecto Fernando Távora disse que se viam os Portos (Estátua e Cidade) é sempre bom recordar as vistas que se avistavam de dentro da vistosa torre.
Foto recente após a transladação do velho Porto Estátua
Encontra-se agora bem perto do local onde primitivamente foi instalado(a) há quási 200 anos. É certo que estava ao centro da Praça, bem no alto. Agora está junto ao chão e a um canto. Não sei se um arquitecto (só poderá ser um profissional deste ramo) lhe arranjaria um lugar mais digno, por exemplo no enfiamento com  a Estátua do D. Pedro. E condizente com as outras estátuas da Avenida. Mas isso são leigos portuenses a pensar de que...
Pelo menos, o ex-Presidente Camarário D. Rui Rio fez algo de importante antes de deixar o poleiro. Tirou a Estátua do nobre guerreiro do castigo a que esteve votada cerca de 20 anitos.