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sexta-feira, 3 de abril de 2015

215 - Passeando pela baixa-alta

A Semana dita Santa traz à minha-nossa Cidade do Porto patoás dos mais diversos. Não quero que confundam as imagens linguísticas do patuá macaense ou os ligados a orixá, nem pouco mais ou menos à destruição que os franceses fizeram da língua patoá negreira africana que consideravam civilizada.
Mas o Patoá que ouvimos nestes dias na Cidade até tem a ver um pouco com isso. Os franceses desqualificaram línguas como o catalão, basco, bretão, corso, alsaciano (alemão falado na zona francesa da Alsácia-Lorena), neerlandês, por causa do patoá (Patoi em francês).
O meu Patoá quer referir-se exactamente à diversidade de idiomas que costumamos ouvir durante a semana santa, misturados especialmente com o de muitos espanhóis de várias regiões, que têm a tradição de nos visitar. É muita boa música para os nossos ouvidos.

É bom passar pelo Mercado do Bolhão mesmo a desfazer-se e ouvir o som cantado da peixeira a apregoar o tão caro como saboroso Sável do nosso Rio.

Os sabores vínicos do Douro e Porto partilhados em amenas cavaqueiras na tasquinha já nossa conhecida.

Os sons das várias línguas intensificam-se junto ao Café Majestic. Avida é difícil para o "mordomo" , atento às entradas e saídas e à gerência de todos os lugares que vão vagando.

Num dos Hoteis da Praça da Batalha trabalhadores alpinistas esmeram-se na limpeza dos vidros.

O lago-lata do lixo já está recuperado e com repuxo. Os Portuenses olham os turistas.

Lavaram a cara ao Cinema Batalha, mas só isso. A Praça da Batalha merecia este espaço aberto. E como seria bom se voltassem a colocar as várias obras de arte que foram desaparecendo. D. Pedro V continua impávido no seu pedestal.

Lá vai sereno o 22 até ao Carmo, conduzido por uma gentil "guarda-freio" .

Os camones aproveitam para fazer recordações da nossa Cidade.

Infelizmente a decoração do 22, embora berrante, não condiz nada com a Cidade.

O novo Hotel do Grupo D. Inês parece que já funciona. Pelo menos a porta está aberta. Mas as cores, balha-me meu deus balha, será para dar colorido à Praça da Batalha ? E são já dois hotéis pintados nestes tons. Como seria a sua cor ao tempo que o José Anastácio Fonseca o mandou construir no séc. XVIII ?
Não sou cinzento, longe disso, mas a cidade a tomar estas cores parece quase o anúncio de uma empresa de telecomunicações que anda a ser divulgado. Será porque já não é do Belmiro ?

Nova passagem por Santa Catarina e o Majestic. Os sons das linguagens e da música misturam-se e estão num patamar elevado. O "mordomo" já está a controlar desde a Rua. Na nova Alvão também com esplanada saboreia-se um Porto.

Santa Catarina, final de tarde, cheia como um ovo.

Chegava a casa mas ainda deu para ver o sol a partir depois de nos deixar um bom calor de 20 graus e uns pósinhos. Foi bom ouvir vibrar a Cidade no seu centro-alto e partilhar juntamente com o meu camarada Jorge Teixeira, o Presidente Bandalho. Claro que houve loirinhas pelo meio mas dessas já rezou a história.

Perguntaram-me vários amigos o que quer dizer "camone", palavra que uso frequentemente.
É uma palavra do calão portuense, presumo já antigo e que seria expressamente referido aos ingleses. E se haviam muitos por cá... Está no Dicionário da Porta Editora. Actualmente, como brincadeira, referimo-nos a quaisquer turistas. Mas também entre nós, quando há algo que não entendemos. Por exemplo, fála-me língua de gente que não entendo camone.
A origem virá do come on inglês que serve para exprimir imensas coisas.