Pesquisar

domingo, 18 de outubro de 2015

228 - Eu, cicerone na minha Cidade - Parte II

Depois de umas chuvadas, o ambiente fica mais limpo e daí o que nos rodeia mostra-se com outras cores mesmo estando o céu encoberto.
Prosseguindo o meu ciceronear por algumas lugares do meu-nosso Porto retorno às Fontaínhas do S. João, o santo da nossa alegria pelo menos uma vez por ano. Lugar onde se encontravam ribeiros vindos de várias nascentes da Cidade .
A velha Fonte que no S. João é transformada em Cascata onde o Baptista baptisma Cristo. Imagem por demais conhecida dos Tripeiros e não só.
A água de um desses ribeiros seguia pelo aqueduto - do qual ainda podemos ver uma parte no Arco das Verdades - para o Convento de Santa Clara e depois para o Colégio de S. Lourenço (mais tarde convento dos Frades Agostinhos, mais conhecido como dos Grilos). Hoje é o Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, anexo à Igreja.

As árvores da Alameda ainda não mostram vestígios do Outono.

A longo do Percurso da Alameda e do Passeio das Fontaínhas, a paisagem sobre o Douro e Gaia é fascinante.
Voltando a imaginar as Carqueijeiras subindo a Calçada com aqueles fardos enormes com que se acendiam os fornos da Cidade.
Zona muito habitada ao longo da escarpa, com sérios riscos de desabamento e de deslocamento de pedras.
Vale a pena percorrer o Passeio até aos Guindais superiores.

 Cenas do cotidiano. Figuras, câmaras ao ombro e mapas na mão, estão por todo o lado na Cidade.

A histórica Rua de Cimo de Vila foi percorrida desde a Praça da Batalha até à não menos histórica Rua Chã. Na postagem nº 28 descrevo o que aprendi sobre todo este espaço que vem desde Vandôma e existia no interior das Muralhas Fernandinas.
A foto é só para relembrar o que julgo ter sido a entrada do Paço da Marquesa, casa com recordações desde o séc. XIV.
 No Largo da Rua Chã, entre as Ruas de Cimo de Vila e do Cativo a velha fonte que terá substituído uma primitiva que não se encontrava neste local, mas a poucos metros de distância.
Do lado direito vê-se o Teatro Nacional de São João. E à esquerda a Igreja da Ordem de Nossa Senhora do Terço.
Entre a referida postagem nº 28 e esta, estão cinco anos pelo meio. Se os meus queridos amigos Portuenses e não só se derem ao trabalho de comparar as diferenças dos textos e das duas fotos notarão que algo já não existe: o urinol.

Atravessada a Avenida da Ponte - monstro para uns, inútil para outros, que não ata nem desata com o que quer que seja, mesmo depois de uma quantidade de projectos -  entramos no Morro de Penaventosa pela Vandoma.
Os turistas apreciam a paisagem do casario, provàvelmente desconhecendo o que foi este lugar primitivo, com presença humana desde há 2.500 anos. Depois vão até à Catedral, descerão à Ribeira pelas ruelas que ligam ao bairro da Sé, ou, ou, ou. Não interessa para o caso.
Os Guias humanos não têm a preocupação de lhes mostrar a belíssima galilé de Nasoni que está à frente dos olhos, nem os folhetos turísticos lhe dão grande relevo.
Ora, e muito menos lhes mostram o que resta visível da primitiva muralha, definitivamente reconhecida como romana, não querendo dizer com isto que outras muralhas não existam no sub-solo do Morro e que os arqueólogos tratam de desvendar.
E o que está por trás dela, a Casa de D. Hugo, primeiro bispo do Porto a quem D. Teresa entregou o Burgo e o Couto em 1120 do ainda então Condado Portucalense.
Nesta casa está à mostra a sequência da vida humana que nos leva ao séc. IV antes de Cristo.
Tudo isto já referi nestas páginas (que vaidoso sou, até parece que estudei ) anteriormente e por isso é só uma lembrança.

Sempre que há uma oportunidade temos de a aproveitar. Em S. Sebastião, enquanto falava de outras coisas e por contágio da Casa da Mariquinhas, apanhei uma abertura da porta para pedir autorização e entrar, tentando matar saudades de tempos idos. Era a hora da limpeza mas mesmo assim fiquei com a imagem. Conversa vai e vem e com o jovem senhor que nos autorizou a entrar troquei palavras sobre velhos amigos e do espectáculo que tinha acontecido dias antes no Coliseu, recordando a Amália, ao qual tive o prazer de assistir convidado.
 
Do Miradouro de S. Sebastião não se vê se a porta da Igreja dos Grilos (S. Lourenço verdadeiro nome) está aberta. Um grito a perguntar para um senhor que passava no Largo do Colégio, foi-nos confirmado que sim. Não sei como fiz chegar lá a baixo a minha pergunta, mas sei que foi respondida.
É sempre impressionante olhar a fachada da Igreja seja de onde for. Descemos as velhas Escadas do Colégio e entramos.
Andavam por lá dois casais de turistas talvez ainda não tenham chegado à melhor idade; mas só se riam. Entendi que falavam francês mas não sei o motivo do riso neste templo extraordinário.
Continuam a não ser bem identificadas as várias secções - chamemos-lhe assim -  nem o belo Museu de Arte Sacra. O senhor que por lá se encontra, provàvelmente um extraordinário conhecedor ligado à Igreja, também não está muito interessado em dar uma ajuda ficando sentado na sua secretária de canto.
Gosto de visitar esta Igreja e o Museu e as secções. Esteve em tempos provàvelmente um seminarista, com uma mesinha na entrada, que nos recebia simpaticamente e tratava logo de nos dar informações e encaminhar.

Por casualidade, uma luz extraordinária deixava-nos ver e perceber toda a beleza do retábulo em talha dourada da Capela de Nossa Senhora da Purificação, irmandade criada em 1886.
Passamos à  Sacristia Nova
 Pormenor num dos painéis
 Pormenores em paramentos expostos em vitrinas

 Pormenor do relógio cuja origem continuo a desconhecer.
Escrevi vários textos (ai de mim...) sobre esta Igreja dos Grilos ou S. Lourenço, aqui neste espaço. A primeira vez que a visitei foi com o meu falecido irmão há cerca de oito anos. Fiz alguns trabalhos sobre ela, porque realmente é uma igreja que me fascina bem como o Museu de Arte Sacra.

Depois é só descer um pouco até ao miradouro e apreciar o que a vista alcança.

 Descanso para tomar uma loirinha no Fado Menor e olhar Vila Nova de Gaia ao final da tarde.

Impressiona sempre olhar o casario desde cá de baixo, apoiado ma pedreira, que não parece mas é enorme.

Foi mais um passeio, que embora com algumas repetições nos trás coisas novas.