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domingo, 25 de dezembro de 2016

263 - Natal, a pior época do ano

Democraticamente, permitam-me que titule esta publicação tão negativamente. Mas seria como uma espécie de espírito faccioso se escrevesse o contrário. Claro que esta minha impressão já não é de agora. Tantos anos a ver e a ouvir todos os dias injustiças, misérias, guerras, atrocidades, crianças desprezadas, mortas e violadas, corrupção; políticos que pedem votos (e há os que nem sequer pedem) ao Povo que é uma coisa que existe e por causa deles há 191 países no mundo. E então nesta época distribuem-se votos de bom natal a torto e a direito, esquecendo o que fizeram (fizemos) ao longo dos anos.
O Natal já não me diz nada, mas conservo recordações.

Leio o que Frei Bento Domingues O.P. escreveu no jornal Público de ontem: o dia 25 de Dezembro não celebra o aniversário histórico do nascimento de Jesus de Nazaré. Foi a Igreja de Roma que fixou esta data como réplica pastoral à festa solar pagã do Natalis Invicti, festa de inverno no Hemisfério Norte. 
Foi uma bela astúcia. Procurava destronar a heliolatria, o culto do sol, pela celebração do nascimento de Jesus Cristo, o verdadeiro Sol Invencível, a luz da justiça e da graça.
Se o Natal é decisão romana, a Epifania, a 6 de Janeiro, é de origem oriental: celebram ambas a mesma realidade, a manifestação do Deus humanado.
Deus Sol Invicto
Disco de prata romano do século III d.C., encontrado em Pessino, atual Turquia 
(exposto no museu britânico).
Em https://pt.wikipedia.org/wiki/Natal,  podemos ler: A palavra Natal do português já foi nātālis no latim, derivada do verbo nāscor (nāsceris, nāscī, nātus sum) que tem sentido de nascer.
Como adjectivo, significa também o local onde ocorreu o nascimento de alguém ou de alguma coisa. 
Como festa religiosa, o Natal, comemorado no dia 25 de Dezembro desde o Século IV pela Igreja ocidental e desde o século V pela Igreja oriental, celebra o nascimento de Jesus Cristo e assim é o seu significado nas línguas neolatinas. Muitos historiadores localizam a primeira celebração em Roma, no ano 336 d.C, no entanto parece que os primeiros registos da celebração do Natal têm origem anterior, 
na Turquia, a 25 de Dezembro, já em meados do séc II.

Respeito o simbolismo para com a imagem cénica do Presépio e das Figuras que o compõem. Oxalá toda a humanidade o respeitasse. Essa humanidade criou e alimenta a figura gorda e de vermelho e chama-lhe Pai Natal ou outro conforme o País sendo o principal chamariz para o comércio. É verdade que é preciso venderem-se produtos para que hajam empregos e impostos para os Estados. E claro, lucros para os patrões, principalmente os grandes que tudo fazem para atrair as multidões ao consumo.

Trabalhei numa Empresa desde 3 Novembro de 1959, (ainda com 13 anos e durante 19 anos) que gratificava nesta época os seus colaboradores com uma semana de ordenado limpo, sem descontos,  e no final do ano distribuía um "envelope mistério" pelos chefes. Lembro-me que recebi 50 escudos nesse meu primeiro Natal e mais 50 escudos no fim do ano juntamente com os 200 escudos do meu ordenado. Era eu um rapazinho, profissionalmente catalogado paquete de escritório, um faz tudo, que estava a iniciar a sua carreira de trabalhador. Uma Empresa que não precisou do 25 de Abril para pagar o 13º mês. Era o espírito de Natal ?

Fui ensinado desde menino a gostar do Natal. A vida de criança do meu Pai foi tão má que provavelmente terá sido em adulto que ele se vingou do que nunca teve. Desde o princípio de Dezembro, deleitava-se a fazer a árvore e o presépio com tantos pormenores e decoração (o estábulo feito em madeira e ramos de arbustos, durou anos, com um ou outro ligeiro conserto). As luzes eléctricas, as bolinhas e outros figuras, os adereços - fios de cores, como se fossem raios das estrelas, e algodão em rama para fingir de neve - deixavam-me extasiado. Mas era na noite da consoada, que chegava o Pai Natal no meio de muito barulho com um brinquedo, logo guardado à chave num armário para ser usado só quando a mãe deixasse, o que era raro.
Recordo-me de três: Uma moto com side-car; um carocha amarelo e uma rodinha de feira com aviões. Tudo mecânico que para funcionar era preciso dar-lhes corda. Nunca soube onde e como acabaram esses brinquedos.

Das refeições natalícias lembro-me perfeitamente: Bacalhau com batatas e várias espécies de couves tudo cozido; os doces consistiam nas rabanadas, leite creme, aletria com ovos. Muito mais tarde incluía-se em minha honra creme de chocolate. Havia o Bolo Rei, com os respectivos "brinde" e "fava".
O Bolo Rei tem a sua história em https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolo-rei
A sua origem parece que remonta ao tempo dos romanos

Brindes e Favas. Todos os Bolos-Rei tinham um e uma. E a quem saísse em sorte a fava tinha duas alternativas: Ou engolia-a, o que deveria ser difícil, ou pagava o Bolo-Rei do Ano Novo.

No dia 25 não lembro o que a mãe cozinhava. No ano de 1961 já não tivemos a minha avó à mesa. Foi a enterrar nesse mês, na véspera do meu aniversário. Depois a idade foi aumentando, chegou o tempo do serviço militar e a guerra do ultramar. Depois...
A vida deu muitas voltas a época foi perdendo a tradição e a minha revolta aumentou.

Recordando o dia 24 de Dezembro de 1968. 
Após um levantamento de rancho em finais de Outubro desse ano (os soldados negaram-se a comer por causa da má qualidade da comida) na unidade militar em África onde estava adido, vieram mais ou menos à luz do dia boatos - que já não o eram na realidade - de actos de corrupção, conluio e proveito próprio. Visados principalmente dois oficiais e um primeiro sargento que nada sofreram após um inquérito.
Fui nomeado vago-mestre, (do alemão Wagenmeister, responsável pelas refeições dos soldados), apenas ligado ao novo capitão da Companhia. Ainda hoje me gabo da boa gerência que fiz e do dinheiro que sobrou entregue à companhia, que parece ter distribuido em prendas pelos soldados.
Mas voltemos ao dia 24. Tinha dezenas de kilos de bacalhau em armazém, de que ninguém gostava, ou fosse porque não sabíamos confeccioná-lo ou por outra razão qualquer. Mesmo assim, resolvi fazer uma consoada simples, com frescos vindos de Bissau por via aérea.
Acontece que a messe de sargentos, na altura gerida pelo Dias, o fotógrafo, resolveu dar arroz com salsichas como refeição da noite. Nunca ouvi tantas pragas atiradas ao Dias.
Eu à direita e o Quim Mendes 
O Quim Mendes, artilheiro de grande prestígio, chorava como um menino a quem tiraram uma prenda. Era a tradição que não tinha sido.
Eu tinha mandado cozer umas postas de bacalhau a mais para a eventualidade de oficiais e sargentos quererem manter a tradição da consoada.

Mas voltemos ao presente, esqueçamos a época natalícia, e deixem-me relembrar muito fugazmente o ano prestes a acabar que não tendo sido muito bom para mim, deixou alguns bons momentos.

Em Abril tive o prazer de conhecer pessoalmente muitos camaradas com quem me correspondia .
Muitos outros já nos conhecíamos. 
Mas há um momento emocionante quando encontro o Manuel Ribeiro, camarada com quem estive em Catió há 48 anos. O Zé Ferreira e o Teixeira Presidente apadrinharam o acto.
Manuel Ribeiro é o primeiro sentado, a olhar para o Zé Ferreira, já com um grão na asa. Por trás dele encontra-se o Valente de que falarei mais à frente. Os dois da direita, em pé, já faleceram. O último da esquerda, o Pina, encontrou-se há dias com camaradas em Lisboa.
O Ribeiro à esquerda, agora juntos com o Eduardo Campos. 

Em Junho reencontrei passados também 48 anos, o Valente e o Silva ambos da Companhia 1689 do grande amigo José Ferreira, também presente na foto entre eles.

Em Setembro reencontrei o José Abreu - à esquerda, e o Engelha, nome de guerra de outro camarada que conheci em Catió. Já havia estado com ele uma vez em 2007, mas mal falamos. É o segundo à direita.

Finalmente, um reencontro porque lutei e que o camarada Diniz Faro realizou. Os comandantes de Curso e Bateria - ou Bataria - do 2º turno de 1967. Na foto durante o almoço que aconteceu há dias em Lisboa. Agora generais, ladeados pelo Quim Mendes e o Faro.
O Pina esteve neste encontro.

Por último, tive o prazer de ver o meu grande amigo e camarada José Ferreira a realizar o seu sonho:
A publicação do primeiro volume do seu livro de Memórias Boas da Minha Guerra. Parabéns Zé Ferreira.

Mas quero conservar um pouco o espírito do Natal antigo. Os meus amigos e camaradas merecem que eu não seja tão pessimista. Mas tenho de lhes pedir que me desculpem se dedico um abraço muito especial ao Manuel Cibrão Guimarães, ao Manuel Fernando Súcio, ao Ricardo Figueiredo e ao José Ferreira.
Um também especial para o Teixeira Presidente, pois se não fora ele talvez não conhecesse parte dos camaradas que também são amigos. E sem amigos é que não há mesmo Natal.
  

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

262 - O Dia 8 de Dezembro


A Imaculada Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha (em latim, macula ) do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus, da falta de graça santificante que aflige a humanidade, porque ela estava cheia de graça divina. Também professa que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.

A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de Dezembro, foi definida como uma festa universal em 28 de Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV e solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX na sua bula Ineffabilis Deus em 8 de Dezembro de 1854.



A História de Portugal regista dois momentos altos na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.

Na Revolução de 1383-1385 salienta-se o cerco de Lisboa que durou por volta de cinco meses e terminou em princípios de Setembro de 1384, acentuando-se durante o assédio, o significado da vitória alcançada por D. Nuno Alvares Pereira em Atoleiros a 6 de abril de 1384 e a eleição do Mestre de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de Abril de 1385. Em 15 de Agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de D. Nuno Alvares Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de 1383-1385.

No movimento da restauração destaca-se a coroação de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de Dezembro de 1640, no Terreiro do Paço em Lisboa.

Aclamação de João IV de Portugal, por Veloso Salgado, no Museu Militar de Lisboa.

A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois (ou serão três ?) acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias. 

Segundo secular tradição foi o Condestável D. Nuno Alvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Contestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.

Já aquando da conquista de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de acção de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.

A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de 1646. A partir de então não mais os monarcas portuguesas da Dinastia de Bragança voltaram a colocar a coroa real na cabeça.
Interior do Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. A notável imagem, em pedra de ançã, encontra-se no altar-mor da igreja, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas muitas delas oferecidas pelas Rainhas e demais damas da Casa Real.

Esta espiritualidade imaculista foi igualmente assumida por todos os intelectuais, que na prestigiada Universidade de Coimbra defenderam o dogma da Imaculada Conceição sob a forma de um juramento solene.

De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de Dezembro foi celebrado como "Dia da Mãe" e João Paulo II incluiu no seu inesquecível roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal:  Sameiro no Minho e Vila Viçosa no Alentejo.
Santuário do Sameiro, Braga
O dia 8 de Dezembro transcende o "Dia Santo" dos Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que o dia 1 de Dezembro retomou. É feriado religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.

Nossa Senhora da Conceição é a rainha e padroeira de Portugal e de todos os povos de língua portuguesa desde o primeiro reinado da Dinastia de Bragança, iniciada por D. João IV.
São várias as cidades brasileiras que declaram feriado no dia da Imaculada Conceição.

Mas o dia 8 de Dezembro tem muito significado para mim. Foi neste dia que nasci há 71 anos. Era o Dia da Mãe  como o foi ainda durante muitos anos. Para mim continua a sê-lo.
Não sei se foi uma homenagem à minha mãe pelo corpo médico da Maternidade Júlio Dinis, ou porque foi mesmo verdade, o certo é que sempre me disseram que nasci a faltar três minutos para a meia noite.  
Também me contaram que nasci a ferros, os quais me deixaram marcas na testa durante muito tempo. Já quase andava e as marcas não saravam. Até que uma senhora desconhecida deu a receita de uma mézinha transformado em remédio santo.
Leio numa página da internet que é verdade os bebés saírem bastante machucados, as laterais da cabeça chegavam a ficar com marcas profundas e levavam muito tempo para curar. Isto referente aos anos 60 e 70. Eu sou de meados de 40.
Diz um estudo chinês, não sei se é verdade, que os bebés que passam por um nascimento difícil num parto com fórceps, estão mais propensos a enfrentar problemas. E são agressivos. Talvez seja o meu caso.
Recordo pois com muito amor e carinho a minha Mãe. Não sei o que sofreu durante a gravidez e parto para eu estar aqui. Mas sei que sofreu muito durante a vida não só com as suas doenças mas também com a minha saída para África. O Salazar e companhia destruiu muitas vidas.
Saudades, Mãe, estejas onde estiveres.

Textos copiados em vários sites da internet. Assim como as fotos que o compõe, com excepção da do Santuário do Sameiro.





terça-feira, 6 de dezembro de 2016

261 - Parque Nacional Peneda-Gerês

Depois de deixarmos a Aldeia de Campos - ver postagem anterior - regressamos à estrada que serpenteia a meia encosta a Serra do Gerês, numa altitude talvez entre os 500 e 600 metros. A máxima fica na fronteira com a Galiza - Espanha - no Pico da Nevosa com 1545 metros. É a segunda mais alta montanha de Portugal Continental.
Estamos no Parque Nacional da Peneda-Gerês situado no extremo nordeste do Minho estendendo-se até Trás-os-Montes, desde as terras da Serra da Peneda até a Serra do Gerês, sendo recortado por dois grandes rios, o Rio Lima e Cávado.
É considerado pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera.

Com paisagens de retirar o fôlego, acompanhamos desde cá de cima alguns trechos do Rio Cávado que nasce na Fonte da Pipa na Serra do Larouco a uma altitude de cerca de 1520 metros.
O passado do Parque traduz-se nos castelos de Castro Laboreiro e do Lindoso, nos monumentos megalíticos e testemunhos da ocupação romana. A geira, o antigo caminho que conduzia os legionários de Bracara Augusta a Astorga, sobrevive num trecho da antiga calçada e nos curiosos marcos miliários. Curiosos povoados, a arquitectura dos socalcos, paradas de espigueiros, a frescura dos prados de lima, animam um quadro em que a ruralidade está presente. Lugares a descobrir e que são preciosidades.
Estima-se que a bacia hidrográfica do rio Cávado apresente uma capacidade total de armazenamento de recursos hídricos na ordem dos 1180 hm3, em regime regularizado, valor que corresponde a quase 30% do total existente em Portugal.
Visível só em pequenos espaços entre a floresta, a Barragem de Salamonde situa-se no distrito de Braga, no concelho de Vieira do Minho. Entrou em funcionamento em 1953 e é alimentada pelo curso de água do rio Cávado.
O tempo de chuva e enevoado não permitiu tirar o melhor proveito de algumas imagens que o mereciam.
Um pouco de terreno, uma horta.
Aproximámo-nos da Barragem da Caniçada. 
Uma casa num local privilegiado

A Barragem da Caniçada está localizada nos concelhos de Terras de Bouro e de Vieira do Minho, na bacia hidrográfica do rio Cávado.
 A sua construção foi concluída em 1955.

Casa de Turismo e próximo um miradouro onde desfrutamos belas paisagens.
Aldeia de Ermida, situada no coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Parece-me ser uma pequena aldeia construída em pedra.
 Relativamente próximo, encontramos o Rio Arado.
A Cascata do Arado é uma das mais famosas quedas de água do parque, localizada a cerca de 900 metros de altitude. Impossível lá chegar neste dia.
Fontes e fios de água encontram-se por todo o lado.
 Vamos até às Caldas do Gerês.
Há mais de dois mil anos que os Romanos descobriram os benefícios da Água das Termas do Gerês!
Com referências históricas que remontam a essa época, só no início do séc. XVIII é construído o primeiro estabelecimento termal situado na vila do Gerês, freguesia de Vilar da Veiga, Concelho de Terras de Bouro.
O actual Estabelecimento Termal, recentemente remodelado e reequipado, encontra-se dotado das mais modernas técnicas termais. É o que se lê na página das Termas.
 Alguns pormenores do lugar vistos do centro.
Os casarios na outra encosta.
E vamos dar um saltinho até S. Bento da Porta Aberta.
São Bento da Porta Aberta é um santuário cristão português localizado na freguesia de Rio Caldo, em Terras de Bouro. O mosteiro tem como padroeiro São Bento de Núrsia.
O culto a São Bento deve a sua origem à influência dos monges de Santa Maria de Bouro.
Teve a sua origem em 1615, com a construção de uma pequena ermida. O actual santuário é do final do século XIX Iniciando-se a sua reconstrução em 1880 e concluída em 1895.
Segundo a tradição, essa ermida tinha um alpendre, como em quase todas as capelas do alto dos montes e as portas estavam sempre abertas, servindo de abrigo a quem por ali passava. Foi daí que veio a designação de São Bento da Porta Aberta, nome pelo qual é ainda hoje conhecida.
Recebe anualmente 2,5 milhões de peregrinos.
O santuário foi elevado a basílica pelo Papa Francisco a 21 de março de 2015 em comemoração dos seus 400 anos de existência.
De regresso a casa do Fernando Súcio, deparámo-nos com uma Luz Solar que nos extasiou e comoveu.
Sobre o Rio Cávado e pelas serranias uma luz fantástica.
Só assistindo porque é difícil descrever a luz e o nevoeiro que nos envolveu durante 2 ou 3 minutos.
Estas fotos não são minhas. Pedi-as emprestadas à amiga Elci. As minhas desapareceram após ter publicado um pps sobre esta viagem.
E é mais um roteiro que deixo aos meus queridos visitantes. Vale a pena percorrer este parque.

domingo, 4 de dezembro de 2016

260 - Vieira do Minho - Aldeia de Campos

Após um belo almoço junto à barragem do Alto Rabagão ou Pizões, é indiferente, composto de umas entradas, posta barrosã e sobremesa, acompanhado de um tinto muito razoável,  terminando em cafés e bagaço (velhos tempos em que me sabia bem tomá-los), combinamos ir dar um passeio até ao Gerês.
O Prato principal

A paisagem começou a ser de sonho. Mas não fomos à descoberta de Campos pois nem sequer sabia que existia. Seguíamos na estrada em direcção à Caniçada, quando um palpite nos fez seguir uma tabuleta. Viramos à esquerda para o interior e encontramos Campos, Uma Aldeia de Portugal.
A primeira descoberta foi de uma Pracinha sem referências, uma capela, torre sineira e coreto. 
Pensava eu que era uma Aldeia pequena, simples e bem arejada.
 O interior da Capela
Em lugar de destaque, um Espigueiro que deve servir como símbolo da Aldeia pois estava muito "limpinho" e ainda com pedras desarrumadas. Vamos reparando nas caleiras que passam ao lado das ruas cheias de água.
Campos foi uma freguesia portuguesa do concelho de Vieira do Minho, extinta (agregada) pela reorganização administrativa de 2012/2013, sendo o seu território integrado na União das Freguesias de Ruivães e Campos.
No início da Nacionalidade, Campos estava incluída no Julgado de Borba de Barroso, foi vigararia da apresentação do reitor de Viade até à extinção dos coutos, passando depois para a Coroa e por doação, à Casa de Bragança.
Abraçada pela Serra da Cabreira, esta aldeia bem preservada, pelo menos até onde a percorremos num dia de chuva.
Belos enquadramentos verdejantes, lameiros para boa agricultura de cereais. E olhando em redor, paisagens de sonho.
 Não sei a raça nem a utilidade destes cavalos. Mas são belos.
 São 49 os Canastros ou Espigueiros espalhados pela freguesia.
As mós têm forma de mesa granítica e assentam nos pés. As padieiras, colunas e cápeas são também de granito. Os balaústres laterais são quase todos em madeira.
Alminhas de Nossa Senhora da Piedade.
Foram construídas no ano de 1848. Conforme conserva a memória da população de Campos, foram construídas pela família Lopes, como promessa feita a Nossa Senhora da Piedade pela existência de água para rega dos campos de lavoura.
A figura da esquerda está no altar e a inferior é uma das da fachada.
Encantámo-nos pelas pequenas e rústicas ruas empedradas, pelos seus edifícios em granito 
As casas da aldeia de Campos são bons exemplares da tradição rural minhota. Mostram-se na sua faceta mais prática, com o andar de cima como habitação e o de baixo reservado aos animais e lida agrícola
 O granito sempre a imperar

Rebentam nascentes de água pura que se junta numa série de poças.
Parte depois para os campos de milho e lameiros, por regos e levadas.
Existe o que resta de 24 moinhos de água fixados nas suas margens, mas quase na totalidade em ruínas.

São construídos em granito. A água é conduzida em caleiras e rampas estruturadas fazendo rodar a mó para moagem de milho, trigo e centeio.

Sei agora que muita coisa ficou por descobrir. Compenso com fotos e textos que copiei nas páginas da ex-freguesia e das Aldeias de Portugal. Destaque para o cruzeiro, a igreja, a ponte romana, o forno comunitário.

Outrora funcionava na freguesia o forno do povo, onde a população cozia o pão, levando consigo lenha para o abastecer. Foi recuperado e é para demonstração turística ou para os residentes que neles queiram avivar a tradição.
O forno situa-se perto da Igreja Matriz, é composto por dois arcos, bem defumados (?), que servem para assentar o telhado feito de grandes padieiras de pedra. Para além de servir para cozer pão, servia também para abrigar mendigos ou pessoas que estavam de passagem e não tinham onde pernoitar. Devido às temperaturas quentes do forno, este espaço acabava por ser acolhedor para passar a noite.
 Pelourinho - sem referências
Igreja Matriz de São Vicente do princípio do séc. XVIII. 
É construída em cantaria granítica de aparelho pseudo – isódomo.
Eiras, eirados e celeiros são elementos que se encontram pelo lugar, reveladores do passado ligado à terra e à agricultura. Malhar o Milho depois de seco
A Freguesia é banhada por um curso de água, a que chamam de Rio Lage e sobre ele existe uma ponte de um arco, estilo românica, muito antiga, que outrora serviu assiduamente as populações.

Uma agradável surpresa se nos deparou em pleno coração da Aldeia.
 Um rústico mas bonito estabelecimento de Padaria-Confeitaria.
Na sua página na Internet pode ler-se: O seu serviço de padaria e pastelaria inclui uma variedade de deliciosos produtos de fabrico próprio, entre os quais se destaca o pastel de nata.


E assim foi a descoberta de mais um pequeno lugar neste nosso Portugal. Textos e fotos copiados de:
http://www.freg-campos.pt/?id=38
http://www.aldeiasportugal.pt/sobre/22/#.WERT4NSLSXY

E lá seguimos para novos rumos.