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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Guimarães - Parte I

Casualmente fiz uma pequena visita a Guimarães na companhia do Zé Ferreira que me convidou a dar um salto ao Cemitério de Nespereira para recordar o Faria, ex-nosso camarada e que conheci em Catió.

Já não ia a Guimarães há uns anos. Lembro-me que a primeira vez, era ainda uma criança, foi para assistir a um jogo de futebol entre o Vitória e o meu Salgueiros, no velho campo da Amorosa, marcado negativamente pela lesão grave do Reguense António Saraiva que jogava no Salgueiros, mais tarde transferido para o Caldas e depois para o Benfica, num lance com o Benje do Vitória que viria a envergar as cores vermelhas do Salgueiros pouco tempo depois. Se não estou em erro o resultado foi de 3 a 1 a favor do Vitória.

Muitas outra vezes fui a Guimarães, quer em passeio ou confraternizações mas principalmente por motivos profissionais. Era e ainda é quase obrigatório ir dar ao centro onde a primeira imagem belíssima que nos surge mostra em fundo o Monte da Penha e uma igreja a que sempre chamei de São Gualter em primeiro plano. Soube agora a quem é dedicada.

Um dia, depois de um almoço que não recordo onde aconteceu, o senhor Pimenta Machado (tio do que foi o Presidente do Vitória com os mesmos apelidos, gente rica da terra) levou-me e ao saudoso José Neves da Poligráfica a olhar a igreja do alto e dizer mais ou menos isto: S. Gualter pergunta porque é que os cartazes da Prevenção Rodoviária mostram vinho tinto e não wiskie ou as outras merdas que embebedam. Tudo feito para destruir a vinicultura portuguesa. (estava no poder governativo de Portugal o sr. Cavaco Silva e todos os portugueses sabem o que estava a acontecer). Adiante.

Mais de 50 anos separam as duas imagens.
Localizada no que julgo chamar-se Jardim do Largo da República do Brasil, a Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos foi concluída em 1785 mas só um século depois se construíram as duas torres, a escada e a balaustrada.
No entanto as suas origens remontam a uma pequena ermida dedicada à mesma Senhora, construída em 1576.
Tem na realidade ligação a São Gualter, padroeiro da Cidade. Mas isso são outras histórias e esperemos que as relíquias encontradas em São Francisco correspondam ao Santo.

Caminhando ao longo do actual Jardim Público vamos encontrar o Largo do Toural.

Entre os dois espaços, no que presumo ser uma parte da antiga muralha, a referência ao nascimento de Portugal.
O Largo do Toural é espectacular. Um olhar em redor vemos os edifícios muitíssimo bem conservados e muita História.
No século XVII era um largo extramuros onde se realizava a feira do gado bovino (daí o nome Toural), Em 1791 a Câmara aforou o terreno junto à muralha para a edificação de edifícios.
O Chafariz renascentista de 1583 primitivamente colocado no Largo, foi deslocalizado mas regressou em 2011.
Na segunda metade do século XIX é construído o Jardim Público...
que é transferido de local após a implantação da República em 1910.
Igreja de S. Pedro, mandada construir em 1737 e benzida em 1750 acolhendo a imagem do Padroeiro. Em 1881 reiniciaram-se obras com a demolição das casas em frente e só no início do século XX terminaram com a construção de uma torre e não as duas previstas.
Hotel Toural, sem história referenciada na página do Hotel nem em qualquer outra (pelo menos que eu encontrasse) ocupa todo o lado direito do Largo para quem está voltado para Norte, digamos assim.

Parece-nos estranho ver um gradeamento em ferro dourado com umas dezenas de metros. Lendo a história do Largo sabemos que aquando da construção do Jardim Público este era rodeado por um gradeamento em ferro. Talvez este pedaço seja um simbolismo recreando o primitivo.

Vou guardar para outra ocasião mais História de Guimarães. Uma cidade a descobrir. E tenho mais algumas estórias nela passada. Até lá.