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sexta-feira, 25 de março de 2016

241 - Quinta-feira Santa - Parte I

Há mais de dois meses que por várias razões não ia à Baixa. Pensei que seria óptimo aproveitar a Quinta-feira até porque o tempo prometia estar bom.
Levantei-me de madrugada, espreitei o céu para confirmar e dei os bons dias à lua.
Tudo se conjugava para tornar agradável o passeio que projectei. Prontinho, saí de casa às 11,15 horas, apanhei quase logo o autocarro par o Bolhão e meia hora depois entrava na Farmácia Sá da Bandeira para arrumar um problema.
A partir daí era só testar as minhas novas capacidades após a recauchutagem.

Essencialmente, este passeio destinava-se a fotografar umas quantas Igrejas nesta época Pascal. Congregados, Clérigos, Carmo e Carmelitas, Vitória (não foi possível por estar fechada e só abria às 16 horas), S. João Novo, S. Nicolau e S. Francisco, a do Convento. Em futura deambulação por este espaço, referir-me-ei em pormenor.

Fui tirar umas medidas no passeio intermédio em frente à Estação de S. Bento voltado para os Congregados, quando toda a gente ficou embasbacada com o espectáculo que o condutor (?) do veículo mostrado na foto resolveu fazer.
Vindo da esquerda do lado da Praça da Liberdade e pela faixa que dá para Sá da Bandeira, atravessou-se em frente do eléctrico que estava a preparar a subida para 31 de Janeiro em frente aos Congregados. Não contente criou uma confusão entre os outros veículos, apanhou o lado esquerdo guinando a seguir para o passeio onde me encontrava com os outros pedestres à espera do verde para atravessar, saltou-o e enfiou para o outro lado atravessando-se na rua e acabando por parar à entrada da Rua da Madeira.
 
Mas a vida continua e na esplanada do Hotel Intercontinental nas Cardosas apanhei esta bela camélia. Uma foto com carinho.

Quem está no coração da Cidade tem de olhar o que o rodeia para a sentir. E motivos não faltam.
Há muitos anos que é tradição nesta época pascal sermos invadidos -  pacificamente claro - por milhares de turistas, naturalmente são mais os espanhóis e especialmente os galegos. Notam-se pelo seu vozear e comportamentos alegres que contagiam.
O lado sul da nossa Sala de Visitas, sem dúvida um ponto obrigatório de passagem e acolhimento, estava bem preenchida de gente conversando, máquina fotográfica pendurada ao pescoço e mapa na mão.
As esplanadas estavam já quase cheias mas a hora matinal convidada a apreciar umas loirinhas, um Vinho do Porto, um copo de verde branco fresquinho ou um tinto de qualquer boa região portuguesa. Para turista, meia-hora da tarde é o ideal também para apanhar sol e absorver o nosso calor para além do solar que deveria rondar os 16 a 18 graus.
16 marcava o termómetro da Sá da Bandeira quando meia hora antes passei lá. Muito bom.

Tinha visto nas nossas TV's - pelo menos em dois canais - uma reportagem que deve ter começado por um convite sobre o fabrico das Amêndoas de Páscoa da Arcádia. Fui lá espreitar mas desisti da ideia das fotos para a minha reportagem derivado à quantidade de pessoas que se aglomeravam em espaço tão pequeno..
Mas como tinha de comprar amêndoas para que se não diga que a tradicção já não é o que era, fiquei por ali a observar e a esperar. Deixei que abusassem de mim duas vezes, mas à terceira saiu recado geral com descompostura destinada às senhoras queques armadas em tias de cascais e para quem não há os outros.
O meu pedido foi atendido com desculpas da empregada, que não teve culpa nenhuma, e saí carregado com 100 gramas de licor e 100 de chocolate. De amêndoas, claro, que se juntaram na sacola ao remédio adquirido na Farmácia.

Acabei de descer a Rua do Almada e ao chegar aos Clérigos quase apanhava um susto. Tanta gente a circular fazia lembrar o S. João e um trânsito congestionado mas mais ou menos sossegado.

Do Adro da Igreja dos Clérigos, chamemos-lhe assim, ficamos com uma imagem de como estava a confusão.
A fotógrafa fotografando os namoradinhos, para mais tarde recordar. Só juventude, que maravilha olhá-la.

Não era minha intenção entrar nas Igrejas do Carmo e dos Carmelitas, mas apenas fazer as fachadas. As que tenho são todas escuras e vou precisar de coisa mais decente.
Pois na realidade é uma dificuldade fotografar estas fachadas. As esplanadas do Universidade e do Piolho e os toldes da Gelataria, que por sinal estavam recolhidos, complicam o tentar-se conseguir uma boa imagem.
A quantidade de fios e cabos aéreos, postes, sinais de trânsito e outros estragam igualmente o meio envolvente e a Ordem do Carmo, a quem as duas Igrejas pertencem até terá razão ao reclamar.
Turistas de calções e mangas arregaçadas também não faltam nos Leões.

Afinal acabei por fazer mais umas fotos das Igrejas e preparei-me para comer alguma coisa. Era uma hora e picos da tarde. Já tinha feito também a dos Clérigos. 

Depois da refeição simples composta de umas fatias de lombo de porco assado que sempre faço no Café da Porta do Olival quando passo por aqui, acompanhadas por uma loirinha, regressei ao caminho.
Várias coisas interessantes encontrei, mas também ficarão para nova postagem.

A seguir mesmo é o caminho que foi pela Rua de S. Bento da Vitória, rezando para que a Igreja estivesse aberta. Não adiantou porque o horário é para cumprir mesmo na Quinta-feira Santa. 

Um olhar pelo Tribunal da Polícia Judiciária, fechado. Será que já não funciona ?
Aproveitando estar ali, vale a pena um saltinho até ao largo do Miradouro da Vitória.

Mas não sem antes olhar o edifício que está em ruínas mesmo junto ao palacete da Judiciária.

 Valer a pena é como quem diz. Francamente, senti-me mal.

O edifício onde funcionou a esmaltagem (soube-o há dias) e a Tipografia está a desfazer-se. Já não se ouve o barulho das máquinas.
 O chão é uma grande lixeira especialmente em alguns pontos.
O miradouro já não é o que era principalmente se nos chegarmos para o lado esquerdo.
Este local seria privilegiado se se conjugassem vários factores: Eliminação dos cabos aéreos e das torres que encimam alguns telhados que parecem caixas de som; dos grafitos sem qualquer gosto artístico; do restauro e limpeza de alguns edifícios na encosta. Da implosão dos edifícios que circundam o espaço. E claro, de um local limpo bem ajardinado e um negócio de restauração.
Mas também a zona circundante do Morro da Vitória parece ter sofrido atentados bombistas. Vários antigos palacetes e outros edifícios estão em ruínas há dezenas de anos: Em S. Bento da Vitória, em S. Miguel, nas Taipas, em Belmonte.
A antiga e última Judiaria oficial da Cidade do Porto está arruinada.
Enquanto andei por aqui e mesmo depois descendo S. Miguel a caminho das Taipas, vi gente com cara de turistas. Creio que estariam enganados e até perdidos. A péssima sinalização presta-se a confusões. Claro como água que o importante é sinalizar CLÉRIGOS, não interessa como. E é vergonhoso que se sinalize entre outros o Convento de S. Bento da Vitória quando nem sequer é visitável. Melhor, ser, parece que é, através do Teatro S. João para um mínimo de 30 pessoas por um valor per capita exorbitante e podendo mesmo ser anulado se o S. João assim resolver. Vergonhosa esta situação. Não sei sequer se há alguma coisa que valha a pena visitar. Mas também nunca o saberei.

O mesmo acontece com a Igreja do Convento. Nunca a encontrei aberta. Disse-me em tempos um habitante da rua que ao domingo havia uma missa.
Por acaso conheço-a de fotos, pois um amigo conseguiu autorização para a visitar e fotografar enviando-me o seu trabalho. Que divulguei também.
Presumo que o conseguimento foi através de uma boa cunha - desculpe-me a ousadia senhor Professor Elias Moreira - mas o senhor mereceu essa cunha e por causa dela muitos ficamos a conhecer o interior dessa bela igreja.
Esclareça-se para que não restem dúvidas, que a Igreja e o Convento são Monumentos Nacionais desde 29 de Setembro de 1977, conforme publicado no Dec. Lei nº 129 o que não quer dizer que os nacionais habitantes - e os estrangeiros que nos visitam - usufruam qualquer regalia.

O número 4 da Rua de S. Miguel, Imóvel de Interesse Público estará a restaurar ? Numa janela aberta no último andar existe um letreiro sobre obras, mas não se vê qualquer actividade.
Todas as vezes que por aqui passo e faço uma foto, é sempre pior que a anterior. Nunca se cumprirá o dito do meu querido e saudoso camarada Victor Condeço. E os azulejos que são o grande património não só do dono do edifício como da própria Cidade ainda se irão perder.

Já nas Taipas, continua sem solução o palacete do séc. XVII da família Leite. Abandonado talvez por altura das Lutas Liberais e do Cerco do Porto (1832/32), foi sede do Clube Inglês antes de se mudarem para os lados das Virtudes; e depois foi uma drogaria.

Vamos descer às Taipas olhando o seu casario antigo e pensando na toponímia que já vem desde o séc. XIV.
Acertamos em Belmonte entre contrastes de casarios para descer até S. João Novo onde a Igreja esperava. Já a tinha fotografado duas vezes, a última na companhia do amigo e camarada Jorge Peixoto há cerca de quatro anos.

Obrigatóriamente temos de encarar outra das vergonhas ruinosas desta zona - e continuarei sempre a referi-la até que as mãos me doiam -. São os restos do Palacete de Pedro da Costa Lima, mandado edificar em 1727 e que desde 1945 albergou o Museu de Etnografia e História abrangendo não só a Cidade do Porto, considerado o mais rico do País.
Fechado desde 1992 devido à degradação e condições de segurança, dizem-me não se saber do património que albergou. Se existe algum guardado - oficialmente - onde se encontra ? Que projectos existem,se há que existe alguma coisa para o edifício e para o Museu ? Há anos que pergunto e ninguém me responde.

Depois da visita à Igreja de S. João desci a Rua até à Comércio do Porto, inflecti à esquerda pela Rua da Bolsa entre os núcleos Hospitalares e Ordem de S. Francisco, contornei por cima o Palácio da Bolsa para apreciar o Infante.

Visitantes atropelando-se no Palácio da Bolsa. Levei com um carrinho de bebé, uma máquina fotográfica, atropelado por um casal - por acaso com características orientais que não souberam pedir desculpa - incluindo as mochilas. Por mim, só queria ficar ali um pouco a olhar para a Praça e imaginar se o Infante levava com a grua na cabeça ou não.

Além disso seguir com olhar o que se avista do Morro da Sé no alto e do casario cá em baixo.

Umas peripécias engraçadas junto a S. Francisco já tinham passado. Outra também em S. Nicolau. Contarei brevemente. Agora, naquele momento, precisava de matar o bicho e nada como uma loirinha.
No passeio da Rua do Infante do lado das casas há muitos e diversos comércios. Entre eles, vale a pena meter o nariz nas entradas e tentar descobrir algo interessante. E imaginar a Rua antiga que se chamava dos Ingleses e deixá-la fluir levada pela pena de Júlio Dinis.
Mas isso já os meus queridos e queridas visitantes leram no: http://portojofotos.blogspot.pt/2013/05/158-o-infante.html

Num dos muitos bares que por aquele passeio existem, gosto do D. Antónia desde que me amesentei com a família do Júlio de S. Paulo. Tomei a minha loirinha que aliás foram duas de 20 cl. cada acompanhando um pastel de carne, tipo de Chaves.
Mais passeio, nesta (que foi ontem) quinta feira santa para mais tarde recordar a sair em breve.


Tempo ainda para deixar lembranças para o Menino e para a Menina. Agora já não lembro se são do Bazar Paris se do Londres. E as pedrinhas do paseio da Calçada à Portuguesa a refletirem no vidro.
Mas para o caso não interessa nada.
Boa Páscoa