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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

251 - Sugestões para visitantes - Roteiro 1

De vez em quando amigos escrevem-me a pedir sugestões para visitar o Porto, a minha/nossa Cidade.
Há uns anos fiz umas publicações aqui no blogue com sugestões de roteiros e também em formato pps mas entretanto a cidade foi mudando. Claro que os seus monumentos não mudaram nem a sua história.
Nem sempre é fácil dar sugestões porque tudo é relativo dependendo do gosto e do tempo dos nossos visitantes mas vou deixar algumas ideias que depois de misturadas podem ser aproveitadas.

MORRO DE PENAVENTOSA - Marcas pré-históricas estão espalhadas pela Região, mas a História da Cidade do Porto começa neste morro e num Castro Celta, o primeiro povo que o habitou. Lêem-se outras histórias mas não é importante para o nosso caso. Umas muralhas defendiam o castro.
Pormenor do Morro de Penaventosa visto do miradouro da Vitória. Casario, Sé Catedral, Paço Episcopal e Igreja de S. Lourenço, mais conhecida como Igreja dos Grilos.

A Romanização: A partir do séc. II a. C. (há quem escreva que é a partir do séc. IV a.C.) a progressiva influência cultural e a ocupação romana do território originam inúmeras transformações.
Hoje já não há dúvidas que o antigo Castro foi rodeado por uma muralha romana, há quem escreva construída sobre os muros duma muralha velha. Existe um pequeno pano e um cubelo recuperados há uma vintena de anos, junto à Casa de D. Hugo. No entanto, está perfeitamente identificada a cerca conforme podemos ler e ver na planta da página  http://www.portopatrimoniomundial.com/a-muralha-romana.html.

A referida Casa de D. Hugo, a segunda casa mais antiga da Cidade, era de traçado gótico e foi destruída mas aproveitaram uma das suas paredes para a construção de um novo edifício. Durante as escavações detectaram-se vinte camadas arqueológicas integrando ruínas arquitectónicas  e objectos desde o séc. IV-III a. C. Foram identificados vestígios do castro pro-histórico que esteve na origem do centro urbano bem como das ocupações romanas e alti-medieval que lhe sucederam: Visigodos, Vândalos, Árabes...
Visita com marcação no Museu Guerra Junqueiro, na mesma Rua, que iremos visitar.
As fotos já têm uns anos, mas podemos confirmar que há novas escavações e achados na página:
http://www.visitporto.travel/visitar/paginas/viagem/DetalhesPOI.aspx?POI=1333

Casa Museu Guerra Junqueiro e Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro - Luís Pinto Mesquita de Carvalho Guerra.
A Rua estreitinha de D. Hugo separa dois edifícios-museus dedicados ao Poeta Guerra Junqueiro. 
Casa Museu instalada num edifício construído no segundo quartel do séc. XVIII recria o ambiente privado da sua residência.
Apresenta das mais notáveis colecções de artes decorativas da Cidade, tanto nacionais como estrangeiras.
Exposição de mobiliário, têxteis, ourivesaria, cerâmicas, etc entre os séc. XV e XIX podem ser apreciadas em toda a sua beleza.
 A Fundação completa a exposição das colecções do Poeta.
Ambas devem ser visitadas porque se completam mas os horários de funcionamento são diferentes.

Seguindo a Rua de D. Hugo até ao fim, encontrámo-nos no Terreiro da Sé.
Todo este enorme espaço era composto de ruelas com casas em avançado estado de degradação e de feição medieval que foram demolidas. A Casa Torre Medieval, na imagem, foi descoberta, reinterpretada e reconstruida uns metros para sul do local de origem, incluindo uma varanda gótica na fachada Norte que segundo escrevem foi criada pelo arquitecto Rogério de Azevedo.
Mantiveram-se mais ou menos, os traçados de algumas das ruas medievais. A elas voltaremos.
Sé Catedral: Igreja, Altar-mor e Altar do S.S. em Prata, Capelas, Arqueologia, Claustros, Azulejaria, Casa do Cabido, Tesouro e a fantástica colecção de escultura religiosa, com imagens desde o séc. XII-XIII. Vale a pena ir à descoberta.
A construção da Sé começou no séc. XII e prolongou-se até ao início do sé. XIII. Sofreu imensas alterações ao longo dos tempos, mantendo o carácter geral da época românica na fachada e no corpo da Igreja de três naves. O gótico e o barroco estão bem representados.
É um dos Monumentos mais antigos de Portugal
 Salas do Cabido
Sacristia
Logo abaixo do Terreiro, encostado ao paredão do miradouro, encontramos o Chafariz da Rua Escura. Foi transferido para este local em 1940.
Também conhecido como Fonte de S. Sebastião é uma obra do séc. XVII.
Colégio, S. Lourenço ou d'Os Grilos:
Caminhando um pouco pelo Largo, encontramos as Escadas do Colégio já existentes no séc. XVI, que nos leva ao Largo do Colégio e ao antigo Convento e Igreja de S. Lourenço, mais conhecida como a Igreja dos Grilos. 
Com início da construção pelos jesuítas em 1577, em estilo maneirista barroco, o conjunto de edifícios pertence actualmente ao Seminário Maior que os ocupa desde 1834.
 Capela-Mor
Por qualquer razão, esta Igreja tão próximo da Sé, é pouco visitada. Uma pena, pois a sua história, a arquitectura e as artes de pedreiro, de entalhador, de pintura deveriam ser mais apreciadas. Falta uma verdadeira divulgação. 
Fabuloso Retábulo na Capela de Nossa Senhora da Purificação em talha dourada que entre outros elementos cénicos nos apresenta nichos relicários. Informaram-me pessoalmente que cada nicho tem a imagem do Santo devoto de cada uma das confrarias que estiveram sediadas na Igreja.
Numa ala seiscentista do antigo Colégio está instalado o magnífico Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição.
No domínio da Escultura, destaque para a Sala Irene Vilar 
(Matosinhos, 11.12.1930 - Porto, 12.5.2008)
No nosso imaginário todo este conjunto de edifícios estava dentro das Muralhas Primitivas, as de origem Romana. Que para além do pano visível estão no sub-solo muitas marcas devidamente identificadas.
O Porto urbano foi-se expandindo para além destas Muralhas e que rodeavam o Morro de Penaventosa. No séc. XIV o Rei D. Afonso IV mandou construir uma nova cerca que só ficou concluída cerca de 1370 e no reinado de D. Fernando I, seu neto. Por isso estas muralhas medievais são mais conhecidas por Fernandinas e limitavam uma área de 44,5 hectares.
Nas proximidades do Morro de Penaventosa desde as Muralhas, podemos apreciar belas paisagens sobre o Rio Douro e o casario dos bairros que se encontram à volta. 
Encostado às Muralhas do lado interior, foram construídos o Convento e a Igreja de Santa Clara concluídos em 1457, substituindo um pequeno e velho convento do séc. XIII.
Com a morte da última freira no séc. XIX o convento foi extinto mas recuperado pelo Estado Português e adaptado para instituições de cariz social.
 Portal da entrada da Igreja
Uma visita é obrigatória. Juntamente com a Igreja do Convento de S. Francisco são denominadas as Igrejas forradas a ouro do barroco joanino. Impressionante o trabalho da talha dourada executado entre 1730 e 1744.
Actualmente está em restauros mas não sei se é permitida a entrada. Vale a pena tentar depois de um passeio pelas Muralhas.

Partindo do Morro de Penaventosa, temos várias alternativas para seguir em direcção ao Rio caminhando por ruas, escadas, estreitas com traçados medievais. E pequenos largos que marcam encruzilhadas. Os vários miradoiros permitem-nos olhar os casarios, muitos deles recuperados a partir da traça primitiva.




Vista desde o Morro de Gaia, da Ribeira até Penaventosa.

Os Arcos de S. Sebastião, encostados à Torre Medieval, pertenceram à Porta de Vandoma. Quem o escreve é Prof. Germano Silva e que podemos ler na íntegra no blogue amigo http://cadernosdalibania.blogspot.pt/2016/07/os-arcos-de-vandoma.html

Casa Torre na Rua de Baixo, no Barredo. Considerado o edifício mais antigo da Cidade, construído provavelmente no séc. XIII.
Para descansar e comer uma verdadeira Isca da Ribeira, recomendo a casa da D. Ermelinda e da sua filha. Mas costuma ter outros petiscos: Polvo cozido, moelas, fígado de cebolada, etc. e tal.
Foi-me apresentada pelo meu querido amigo Álvaro há cerca de 9 anos. 

Caros amigos e amigas, ilustres visitantes. Este é o primeiro roteiro que vos proponho. Não me alonguei em pormenores, pois serão vocês que os terão de descobrir. E Penaventosa ou Pena Ventosa merece.
Até ao próximo