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terça-feira, 1 de novembro de 2016

256 - O Mosteiro da Serra do Pilar.

Iniciada a reforma da Ordem dos Agostinhos por ordem de Dom João III, sob a direcção de Frei Brás de Barros, os monges de São Salvador de Grijó foram transferidos para a Serra do Pilar em Gaia. 
Foi então iniciada em 1537 a construção de um novo mosteiro, segundo projecto da autoria de Diogo de Castilho e João de Ruão. Em 1542 trabalhava-se na edificação dos alicerces da igreja e do claustro, bem como das salas do capítulo e do refeitório. A primeira fase da obra estaria terminada em 1567 e em 1576 iniciava-se a construção do claustro circular, terminado nos primeiros anos da década de 80 já no período Filipino. Filipe I de Portugal, segundo de Espanha, grande devoto de Nossa Senhora do Pilar e que terá impulsionado a finalização das obras.
O Mosteiro encontra-se actualmente ao cuidado da unidade militar. A Igreja não é visitável tanto quanto eu saiba.
Não tenho a certeza mas gostava de saber se os arcos são arqueologia de um aqueduto que transportava água para o Mosteiro. E seria o mesmo aqueduto do qual existem uns arcos no Sardão, Oliveira do Douro ?
O blogue amigo http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/2016/01/aqueduto-do-mosteiro-da-serra-do-pilar.html dá-nos muito boas achegas.
A foto é a partir do Jardim do Morro.

No panorama da arquitectura contra-reformada, no qual se apresenta como um projecto sem paralelo, o mosteiro de Santo Agostinho da Serra do Pilar é considerado "um dos mais notáveis edifícios da arquitectura clássica europeia de todos os tempos devido à sua igreja e ao seu claustro, ambos circulares e da mesma dimensão em planta" (GOMES, Paulo Varela,2001,p.79). 
Durante o século XX, o mosteiro foi objecto de diversas campanhas de obras de conservação e restauro e está abrangido pelo Centro Histórico do Porto, inscrito pela Unesco na Lista do Património Mundial. Aqui funciona actualmente o espaço de divulgação "Património a Norte" e é um dos melhores miradouros para o rio Douro e zonas históricas do Porto e Vila Nova de Gaia.
 Claustro
 Sepulturas ao longo do passeio do Claustro, umas apenas numeradas outras referenciadas.
A exposição




D. Afonso Henriques, padroeiro do Exército.

Alguma História em fotos.

Esta estátua não tem nada a ver com a das fotos anteriores. Estupidamente não tomei nota da legenda.
Está no Salão Nobre da Unidade Militar.

Antes da Igreja circular actual, foi construída uma Capela que foi abandonada por não ser do gosto de alguém. Não sei se é esta a Capela primitiva e a torre sineira, que foram abandonadas
É a entrada para a exposição.
Mas em 1140, foi fundado um mosteiro neste local em que as freiras seguiam a norma de reclusas emparedadas. Durou até ao séc. XIV quando deixou de haver freiras com esta vocação. Também viver entre quatro paredes, mais tecto e chão, só com um buraco para se lhes ser servida a refeição... durante o resto das suas vidas...
A Igreja do Mosteiro


A Unidade Militar
Para os meus camaradas a caminho do Ultramar que por aqui passaram nos velhos tempos do chamado RAP2, criado em 1939, um abraço apertado.
É sempre com emoção quando visitamos a Unidade.
Mas esta unidade foi primitivamente o Regimento de Artilharia do Porto, passando a Regimento de Artilharia nº 4 em 1806 e extinto em 1829. Teve muitos outras nomes desde que foi criado por Decreto da Rainha D. Maria II em 1835, por ter o Mosteiro da Serra do Pilar grande destaque como fortificação do Porto durante a Guerra Civil. Entre Penafiel e Gaia, várias unidades foram transferidas de lá para cá e vice-versa. Em 1975 passou a RASP, em 1993 a RA5 e agora é apenas o Quartel da Serra do Pilar, com várias valências.
Voltarei à História da Unidade
São muitas as homenagens que as Companhias que prestaram serviço no antigo Ultramar Português durante as guerras de África - 1961-1974 - fazem nas instalações da unidade.
Recordando os nossos mortos.

Salão Nobre e exposição de Guiões de quase todas as unidades que prestaram serviço no Ultramar. juntamente com algumas peças militares de outros tempos.
 Casernas de Pessoal e Serviços. Creio que terão sido aproveitadas das instalações do Mosteiro.
 Uma imagem sobre o Porto
Em 1809 o espaço do mosteiro foi ocupado pelas tropas de Wellington, quando foi planeado o ataque do exército português à cidade do Porto, então ocupada pelas tropas de Napoleão.
Posteriormente, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), aquando do Cerco do Porto (Julho de 1832 - Agosto de 1833), as tropas liberais instalaram-se nas dependências do mosteiro, proporcionando suporte às forças liberais sitiadas do outro lado do rio Douro.
No dia 8 de Setembro de 1832 os realistas começaram os seus ataques em força, assaltando a Serra do Pilar, valorosamente defendida pelos voluntários cognominados "os polacos" (guerrilheiros famosos) , iniciando-se no dia seguinte o bombardeamento do Porto, baptismo de fogo da cidade, que muitos outros iria suportar durante o cerco.
A designação de “Polacos da Serra” foi atribuída em 1832, em reconhecimento do mérito em combate, ao 3º Batalhão do Exército que ficou famoso pelas lutas heróicas no alto da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, durante a Guerra Civil da sucessão ao trono entre D. Pedro e D. Miguel.
O Porto encontrava-se então sob o domínio das forças Miguelistas e era o reduto da Serra do Pilar que defendia o acesso à cidade. Muito embora nas fileiras do Batalhão não houvesse polacos a combater, toda a Europa já ouvira falar da valentia dos insurrectos polacos de Novembro de 1830.
A atribuição da denominação de “Polacos da Serra” ao batalhão português elevava os seus militares à categoria de heróis e constituía uma nobilitação especial. Até hoje não se sabe se a denominação foi atribuída ao batalhão pelo próprio D. Pedro ou se pelos habitantes da cidade, orgulhosos com os feitos dos seus conterrâneos, que aliás eram simples voluntários. Nos arquivos militares conservou-se o decreto de 18 de Julho de 1832, que descreve a farda dos “Polacos da Serra”: «calças azul-escuras e casaco com gola e punhos azuis-claros, galão dourado do lado esquerdo e boina sem pala com debrum azul-claro».
Copiado este texto da página http://www.lizbona.msz.gov.pl/resource/c7749e43-d52e-4fa6-bb11-690bf9a6559c:JCR

Quase no final da descida da Serra do Pilar, pode-se captar esta imagem do Mosteiro, agora com as instalações aos serviço da unidade.
Pormenor noturno feito em 23 de Junho de 2007.